sábado, 17 de setembro de 2016

ENDEMONIZAÇÃO E O CRISTÃO




    A Palavra de Deus afirma que todo cristão está em uma frequente batalha, as afirmações do apóstolo Paulo em Efésios deixam claro para nós que esta batalha não é contra seres humanos, mas sim contra principados e potestades, contra os dominadores deste sistema mundial em trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Efésios 6:12). As afirmações de Paulo nos levam a uma certeza: o crente está numa batalha espiritual. Entretanto, o grande questionamento é: em que proporções essa batalha ocorrequal é de fato a relação do cristão nela em função de sua vida no mundo

Este assunto é bastante extenso, há um número corriqueiro de literaturas que tentam explicar, algumas de forma até fantasiosa, esses mistérios envolvendo o mundo invisível, há também, por outro lado, um vasto número de experiências empíricas que produzem as mais diversas conclusões a respeito do assunto. Entretanto, propomos no presente artigo uma análise a respeito da atuação de Satanás na vida do cristão. Teria ele poder de possuir um crente salvo em Jesus? Teria ele o poder de ocasionar doenças em um crente salvo em Jesus, levando-o até mesmo à morte?

Quais as implicações da graça de Deus e do sacrifício na cruz de Jesus na vida daqueles que são lavados no sangue de Cristo? Há um movimento, chamado movimento de batalha espiritual, que acredita que a resposta para essas questões é sim. Acreditam que um crente, mesmo sendo fiel a Jesus, pode sim sofrer ataques e até mesmo possessão demoníaca. Infelizmente, boa parte dessa literatura se baseia no empirismo, ou seja, baseia-se em experiências vividas, em relatos de pessoas endemoninhadas e coisas do gênero. Mas, biblicamente temos razões para acreditar que a resposta para tal possessão (de um crente fiel a Cristo, lavado pelo seu sangue na cruz) seja não

A morte de Cristo na cruz inaugurou uma nova etapa para a vida, a etapa da cruz. Na cruz Jesus conquistou uma nova vida para o crente e promoveu um resgate das trevas, porque “sabemos que os filhos de Deus não continuam pecando, porque o filho de Deus os guarda, e o Maligno não pode tocar neles” (I João 5:18). De igual modo, os reformadores possuíam uma convicção firme a respeito disso. Martinho Lutero, em sua poesia Castelo Forte cantada no Brados de Júbilo, afirma: “Se nos quisessem devorar demônios não contados, não nos podiam assustar, nem somos derrotados. O grande acusador dos servos do Senhor já condenado está; vencido cairá por uma só palavra”.

            Os cuidados que precisamos ter nessa questão são dois: o primeiro é o de não superestimar as atitudes de Satanás, dando ênfase demasiada às suas atitudes; o outro é não subestimar, pensar que Satanás não existe. A existência de Satanás é algo concreto. No livro do Gênesis, no capítulo 3, é-nos contado que esse ser já atuava desde o início da criação. No entanto, nas páginas do Antigo Testamento, sua ação parece não ganhar muito destaque. Esse assunto não parece despertar grande interesse nos autores do Antigo Testamento. Devido a isso, são poucas as passagens relevantes.  Uma das únicas passagens que parece apresentar a ideia de possessão no Antigo Testamento é o caso de Saul, no capítulo 16 do primeiro livro de Samuel (não estamos afirmando aqui que o caso de Saul fosse de possessão, mas apenas uma referência que pode apresentar uma ação de Satanás; ao que tudo indica, o caso de Saul era de opressão, e não de possessão). A situação, no entanto, parece mudar nas narrativas dos evangelhos, onde os demônios aparecem atuando mais claramente.

A manifestação explícita da ação de Satanás e de seus demônios se dá com a chegada de Cristo e com a inauguração do Reino de Deus. Na chegada do Reino de Deus através de Jesus, a ação de Satanás e de seus demônios não só é revelada como desafiada. Toda estrutura demoníaca é exposta e combatida por Jesus. Os evangelhos utilizam normalmente a palavra grega daimonion ou daimon, que se referem a seres espirituais hostis a Deus e aos homens. São espíritos maus, que atuam sob o comando de Satanás. São espíritos destituídos de corpo físico, tendo a capacidade de entrar numa pessoa. 

Costumeiramente tem-se a tendência de dizer que a ideia de possessão era a maneira do povo do primeiro século referir-se a condições que hoje seriam chamadas de enfermidades mentais ou loucura. No entanto, os relatos dos evangelhos parecem fazer uma distinção clara entre doença e possessão. Por exemplo, Mateus 4:24 diz-nos que eram trazidos “todos os que estavam padecendo de vários males e tormentos: endemoninhados, epiléticos e paralíticos”. A ideia de possessão na Bíblia tem a ver com o fato de uma pessoa ser tomada, ser habitada por um demônio. O termo utilizado para expressar essa ideia de possessão vem do grego Daimonizomai, ser possuído por demônio, ser endemoninhado, agir sob o controle de um demônio. Segundo o dicionário VINE, aqueles que são afligidos dessa maneira expressam a mente e a consciência do demônio ou demônios que neles habita (Lucas 8:28). O termo aparece 7 vezes em Mateus, 4 em Marcos, uma vez em Lucas e João. 

A Bíblia não informa sobre as condições que possibilitam uma pessoa ficar possessa, Cristo nos fala em Mateus 1:44,45 que uma “casa vazia” pode ser ocupada. Podemos entender, através dos termos utilizados, que a ideia de possessão tem a ver com a habitação. O cristão é templo, habitação, morada do Deus Trino (João 14:16,17); (22,23); (I Coríntios 6:19), sendo assim, podemos deduzir logicamente que quem não tem a santa Trindade vivendo nele, está sujeito a ter como hóspede a Satanás (Mateus 12:43-45); (Lucas 11:24-26). Não queremos dizer com isso que todo não crente está possesso, mas que a possessão ocorre na casa vazia, onde a santa Trindade não habita.

Os demônios agem também através da influência demoníaca. A influência ocorre fora do corpo. A ideia de influência é muito clara na Bíblia. Satanás influencia Eva, sopra-lhe ideias que a levam a ir contra a ordem de Deus (Gênesis 3:1-5). Ele também influencia Davi, levando-o a fazer um recenseamento do povo (I Coríntios 21:1). Na tentação de Jesus, todo o esforço de Satanás é de influenciá-lo a tal ponto de fazer com que ele caísse em suas propostas.

Satanás e seus demônios não podem possuir ou tomar o corpo dos crentes em Jesus, pois estes são moradas da Trindade. No entanto, ele pode influenciá-los, levando-os a pecar no intuito de afastá-los de Deus. A Bíblia nos orienta a resistir ao Diabo (Tiago 4:7); (I Pedro 5:8,9). Cada vez que um crente defende ou toma para si ideias malignas, seja em sistemas políticos, religiosos, artísticos, culturais, ele está sendo influenciado por Satanás, mas não possuído.

Que um verdadeiro cristão, um nascido de novo, não pode ficar possesso isso é inquestionável. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus, Deus o protege, e o Maligno não o atinge”, (I João 5.18). Porém, a garantia de proteção é condicional: não estar no pecado, também conforme (I João 1:7): “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.

Quando não andamos na Luz, nós nos afastamos da comunhão e da proteção, mesmo frequentando a igreja. Com isso não estamos dizendo que qualquer crente em Jesus que pecar pode ficar possesso, o fato de o crente cair em pecado não dá o direito de o inimigo possuí-lo. O que queremos dizer com o “deixar de andar na Luz” é o mesmo que apostasia, quando o crente peca de forma deliberada e não busca o arrependimento. Para entendermos melhor, gostaria de traçar aqui um paralelo entre o herege e o apóstata. O herege é alguém que caiu em algum tipo de erro doutrinário, por consequência comete erro em sua conduta moral. Mais de modo geral continua sendo discípulo de Cristo, podendo ser restaurado. Em (Tito 3:10), o apóstolo Paulo indica que há possibilidade de recuperação no início. 

Segundo Champlin, na igreja pós-apostólica alguém era considerado apóstata mediante a renúncia da fé ou mediante o lapso moral, por haver cometido grandes pecados conscientemente e deliberadamente como o adultério e homicídio, sem se arrepender dos mesmos. Portanto, o apóstata é aquele que se afasta de Cristo, deixando de andar na luz, praticando pecado deliberadamente, mesmo estando na igreja. Pois há dois tipos de apóstata: o revelado, que assume seu estado, e o velado, que se afastou de Cristo, mas não da igreja por ter amigos e alguns privilégios. 

Algo importante para se trazer à baila nesta discussão é saber diferenciar as doenças circunstanciais de uma possessão demoníaca. As mazelas do mundo ocorrem também de forma circunstancial, ou seja, como uma consequência da queda no Éden. A queda causou uma verdadeira catástrofe em todo o universo, é nesse sentido que Paulo afirma aos romanos: “sabemos que até hoje toda a criação geme e padece, como em dores de parto. E não somente ela, mas igualmente nós, que temos os primeiros frutos do Espírito, também gememos em nosso íntimo, esperando, com ansiosa expectativa, por nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo”. A teologia chamará de mal moral e mal circunstancial. O mal moral é o pecado em todas as suas formas. Já o mal circunstancial é o mal que decorre do mal moral, que resulta em sofrimento, miséria, dores e doenças. 

Já é certo que os cristãos estão sujeitos às mesmas mazelas no mundo, ou seja, também passam por privações, também são sujeitos a dores e sofrimento, assim como a doenças. O que não podemos fazer é confundir fatores clínicos com possessão demoníaca. É notadamente comum estabelecermos tais relações, principalmente quando estamos lidando com partes pouco conhecidas da mente humana. Doenças relacionadas ao cérebro são comumente confundidas com demônios. Uma breve consulta aos manuais de psiquiatria nos dá uma vasta lista de doenças relacionadas ao cérebro, do ponto de vista psiquiátrico temos: esquizofrenia, todos os variados tipos de neurose, depressão, psicose. As doenças neurológicas são diversas também: autismo, dislexia, encefalite, Alzheimer, Parkinson, entre outras.

Temos ouvido a esse respeito e visto, ao longo da história, diversos crentes fiéis a Jesus Cristo passarem por essas doenças, assim como acompanhamos o sofrimento de suas famílias, casos como estes não podem ser confundidos ou mesmo relacionados com qualquer relação diabólica. Não estamos querendo dizer com isso que Satanás e seus demônios não estejam ativos no mundo; sim, estão, e provocam males sem fim à sociedade, entretanto, tais atos malignos não podem ser confundidos quando o que se deve tratar na verdade são doenças que atacam os seres humanos. Ainda há um grande mistério quando o assunto é a mente, uma histeria pode ser resultante de um grande stress emocional levando a pessoa ao choro teatral, ou mesmo à paralisia de membros do corpo.

Diante do exposto, conclusivamente podemos afirmar que a resposta para essa questão - se um crente salvo em Jesus pode ficar endemoninhado - é não. Embora o espaço não seja suficientemente grande para exaurirmos o assunto, é possível concluir, partindo de uma premissa simples: a vitória de Cristo na cruz. A vida do cristão parte da cruz de Cristo, e a Bíblia afirma em toda a extensão do Novo Testamento que na cruz Cristo derrotou todas as forças do mal. Cristo padece, morre e ressuscita; e como resultado dessa ação sobrenatural, ele declara vitória sobre as forças do mal para toda a eternidade.

Este cenário é muito claro nas Escrituras: “despojando os principados e potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”, (Colossenses 2:14 e 15). A cruz de Cristo é o lugar onde ele triunfa sobre todas as potestades e principados do mal. Essa linguagem usada por Paulo é uma linguagem militar, retrata um soldado vencedor que despoja o derrotado de suas vestes e de suas armas, deixando-o completamente desarmado.

Esse estado de Satanás nos permite ficarmos tranquilos em Cristo. São diversas as citações bíblicas que garantem ao crente em Cristo tranquilidade diante de Satanás, e todas elas expõem de forma direta um inimigo já derrotado por Cristo (Gênesis 3:15); (Marcos 3:26-27); (João 12:31,33); (14:30); (16:8-11); (Hebreus 2:14-15); (Apocalipse 20:1-3). Outros textos poderiam ser citados, mas entendemos que estes são suficientes para determinar com clareza que Satanás já está derrotado por Cristo na cruz.

Ao tratar deste assunto, o qual deve ser ponto de dúvida de muitos outros, o tratarei levando em conta, não crentes nominais, denominacionais ou meramente religiosos, mas sim, levando em conta, os verdadeiros crentes, os quais entenderam a mensagem do Evangelho (que Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e por essa razão foi crucificado e, posteriormente, ressuscitou) e, recebendo tão maravilhosa revelação, se converteram a Jesus Cristo, arrependidas de seus pecados.

O verdadeiro crente é propriedade exclusiva de Deus (Pedro 2:9). Se é exclusiva, só Deus tem direito de usufruto desta propriedade. Só Deus tem o direito sobre a vida do verdadeiro crente. Deus tem lavrada uma Escritura, onde está escrito, com o sangue de Jesus, que TODO VERDADEIRO CRENTE É PROPRIEDADE EXCLUSIVA DE DEUS. O verdadeiro crente é selado com o Santo Espírito da promessa (Efésios 1:13). Se um selo real, de um mero mortal, não podia ser violado; o que se dirá do selo de Deus? Quando nossos inimigos espirituais tentam investir contra o verdadeiro crente, eles logo veem o Selo de Deus, e tremem.

O Selo Real está impresso na alma do verdadeiro crente e de forma alguma pode ser violado. O verdadeiro crente é marcado com o próprio Espírito de Deus. O verdadeiro crente é Santuário de Deus; local onde Deus habita (I Coríntios 3:16-17; 6.19). Se Deus está habitando a “Casa”, então não há lugar para o Diabo e/ou demônios. (II Coríntios 6:14-16) também traz luz sobre esta questão para nós: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”.

Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”. O texto garante que: “Não há comunhão da luz com as trevas”; ”Não há harmonia, entre Cristo e o Maligno”. Mas, também assevera que: ”Não pode haver sociedade entre a justiça de Deus e a iniquidade do mundo”; “Não pode haver união entre crente e incrédulo”; “Não pode haver ligação entre o santuário de Deus e os ídolos falsos”. O verdadeiro crente observa estas coisas como uma ordenança do Senhor e não como um ponto de vista de Deus, o qual pode ser contrariado.

E, temos que lembrar o que a Escritura diz, em I Samuel 15.22-23: “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitais a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti”. A desobediência à Palavra de Deus tem o mesmo peso de se praticar feitiçaria. E nós sabemos com quem a feitiçaria tem parte neste mundo – Satanás.

O verdadeiro crente busca obedecer a Deus em tudo e não apenas no que lhe convier. Quem procede desta forma, será guardado de toda investida do Diabo e/ou de seus demônios. Contra este, todas as investidas malignas, serão frustradas. O verdadeiro crente, portanto, tem dentro de si, aquele que é maior do que o diabo (I João 4:4). Como um mais fraco poderá render ao mais forte, sendo o mais forte Deus? Jesus conta que para um valente venha a tomar uma casa, ele tem que ser mais valente que o que já está na casa (Lucas 11:21-22).

Maior é o que está dentro do verdadeiro crente do que o que está fora dele. Como o Diabo e/ou seus demônios poderão saquear a “casa” onde Deus está? Satanás que está fora de mim, não pode em nada contra Deus que está dentro de mim. O verdadeiro crente não pode ser possesso porque o Espírito de Deus habita dentro dele. O Diabo e/ou os demônios não podem entrar nele porque Deus está dentro dele. O verdadeiro crente tem autoridade e poder sobre o diabo e sobre os demônios (Lucas 10.17-19). E, para quem tenha alguma dúvida se este poder é para todos os que creem (Marcos 16:17-18). Como pode alguém ficar possesso por alguém sobre quem tem autoridade e poder, no Nome de Jesus, para submeter?

Ao verdadeiro crente foi-lhe concedido poder e autoridade sobre o Diabo e os demônios. Os agentes do mal não só, não podem tomar a vida do verdadeiro crente, como, por ele (o verdadeiro crente) eles (os agentes do mal) ainda são repreendidos e expulsos das pessoas que estão sob sua possessão. Em meu nome (disse Jesus) expulsarão demônios.

O verdadeiro crente exclama com a mesma alegria dos 70 ao retornarem da missão para a qual foram enviados: “Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome” (Lucas 10:17). Quanto ao verdadeiro crente, o Maligno não o toca (I João 5:18). Se Deus guarda o verdadeiro crente, como o Maligno poderia penetrar-lhe o corpo? Quanto ao verdadeiro crente, o Diabo e/ou seus demônios não podem tocá-lo de forma espontânea; Sim, os agentes do mal não têm liberdade para tocar um verdadeiro filho de Deus. Pois Deus é quem o guarda. Não podemos dizer que o Diabo tocou a Jó como bem quis e quando bem quis. O Diabo não pôde tocar em nada de Jó nem em Jó senão sob a permissão de Deus, pois Deus havia cercado Jó, a casa de Jó e tudo que Jó possuía, com uma “cerca” de poder espiritual (Jó 1:10).

Não vamos tratar aqui sobre o porquê De Deus ter permitido a Satanás tocar em Jó; no entanto, uma coisa é certa, Satanás entendia que quem está “cercado” por Deus, ele não tem livre acesso. Deus guarda o verdadeiro crente e o Maligno não o toca. Qual é a advertência bíblica quanto aos cuidados que devemos ter com o Diabo e os demônios? Nunca deixe a “Casa” vazia, abandonada (Mateus. 12.43-45). O que isto tem a ver com o assunto. Tudo, pois fala sobre possessão demoníaca. Qual é a advertência então? Certamente, esta passagem pode ser dirigida à pessoa que experimentou uma mudança de vida quando creu em Jesus Cristo através do Evangelho.

Aqui se aplica a verdade que “aquele que está em Cristo é uma nova pessoa; as coisas antigas passaram e tudo se fez novo” (II Coríntios 5:17). Pois fala de “casa varrida/limpa” = Purificação de pecados; também, purificação do coração, da mente, em relação à sujeira que se alojou em nós, provenientes dos valores e princípios do mundo que jaz na maldade; Fala de “casa ornamentada” = Fala de uma nova “decoração”; Novos valores e princípios, agora, relativos ao Reino dos Céus.

Então, qual é o problema desta “casa”? O problema é que ela está vazia, abandonada. E o que isto quer dizer? O que significa? Significa que não podemos nos afastar da presença de Deus. Sim, fomos salvos pela graça de Deus para andarmos no Caminho da Graça sem jamais retrocedermos dele. Deixar a “casa” vazia é negligenciar tão grande salvação. (Hebreus 2:1-3): “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? ”

Significa que não devemos abandonar a “Casa do Pai”. (Hebreus 10.25): “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”. O crente que negligência as “coisas” de Deus e não desenvolve a sua salvação (Filipenses 2:12-16), corre o risco de retroceder até que se perca novamente.

Aí o segundo estado dele será pior do que o primeiro (II Pedro 2:20-22) lembremo-nos que quando o Espírito Santo se apartou de Saul (o oposto é verdadeiramente o causador – Saul foi se apartando do Espírito Santo), o demônio se apossou dele (I Samuel 16:14). Antes que alguém venha sugerir que tanto o Espírito de Deus quanto o espírito maligno são enviados por Deus, afirmo, com certeza, de que, na questão de Saul, ao deixá-lo o Espírito do Senhor, Deus o deixou à mercê dos demônios.

Creio que Paulo entendeu isto e tratou do mesmo jeito ao jovem que tinha relações ilícitas com a mulher de seu próprio pai: “Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus” (I Coríntios 5:1-5). Se a pessoa resiste a Deus em relação à Palavra de Deus e à ação do próprio Espírito de Deus, então que ela seja exposta ao Diabo e seus demônios para ver se dessa forma ela cai em si e retorne ao Salvador.

A conivência e a tolerância jactanciosa para com o pecado na “Casa de Deus” se torna pedra de tropeço e espaço para o Diabo fazer maior estrago. E, como o juízo começa pela “casa” de Deus (I Pedro 4:17). A verdade é, que onde Deus não está, a “casa” fica exposta aos espíritos malignos. O que fazer, então, para estarmos sempre seguros em Cristo e vencermos o maligno? O verdadeiro crente deve manter a “casa” sempre cheia do Espírito: Todo verdadeiro crente deve sempre ser cheio do Espírito Santo (Efésios 5:18); deve, todos os dias, andar no Espírito Santo (Gálatas 5:16); Deve viver, constantemente, no Espírito Santo (Gálatas 5:25); Deve frutificar o fruto do Espírito Santo (Gálatas 5.22-23); Deve orar, em todo o tempo, no Espírito Santo (Efésios 6:18).

Não menospreze Satanás, mas também não o superestime; apenas tenha o devido cuidado (I Pedro 5:8). Se o Diabo e/ou qualquer demônio não podem possuir um verdadeiro crente, eles, então, vão buscar persuadi-lo a abrir a guarda. Guarda aberta, o que mais poderá acontecer dependerá de até onde tal crente se afasta do centro da vontade de Deus.

O grande pregador Charles Haddon Spurgeon disse certa vez: “O Diabo está por perto e não são poucos os que estão com ele”. No entanto, não devemos temê-los. Pois maior é o que está em nós e conosco, e mais poderosos são os que estão a nosso favor, do que os que estão contra nós. Prestemos atenção à posição “geográfica” espiritual de que Pedro está falando: “O Diabo, vosso adversário, anda em derredor”. O verdadeiro crente se posiciona no centro da vontade de Deus e, este fato, se dá, pelo testemunho de obediência, à Palavra de Deus, dado por ele. Ao redor do verdadeiro crente tem um outro “pelotão”: (Salmo 34.7): “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem (os que verdadeiramente temem a Deus; ou seja, os verdadeiros crentes) e os livra”.

O Diabo e seus demônios têm um limite para se aproximarem dos verdadeiros crentes e, é, ao derredor, ou seja, só após a linha, a cerca, ocupada pelos anjos de Deus. Para o Diabo e/ou qualquer de seus demônios possam atingir de forma mais objetiva a vida de um verdadeiro crente, sem a permissão de Deus, como no caso de Jó, eles (o Diabo e os seus demônios) precisam seduzir e atrair o verdadeiro crente para fora da vontade de Deus e para além da linha salvaguardada pelos anjos de Deus.

Por isso, o Diabo e sua corja, vivem andando ao derredor enquanto lançam seus dardos inflamados sobre os verdadeiros crentes; dardos estes que os verdadeiros crentes podem neutralizar pela fé obediente à Palavra de Deus (Efésios 6:16). Portanto, devemos ser sóbrios e vigilantes, pois o diabo é astuto e ardiloso. Devemos resistir ao Diabo e, então, ele fugirá de nós (Tiago 4:7); Devemos, também, nos revestir de toda a Armadura de Deus para podermos ficar firmes contra as ciladas do Diabo (Efésios 6:11); mas, acima de tudo, temos que estarmos fortalecidos no Senhor e na força do seu poder (Efésios 6:10).

O verdadeiro crente não pode ser possesso por demônio enquanto anda na luz onde o Senhor na luz está. Baixando a guarda e se afastando das coisas de Deus, o Diabo vai conseguir produzir alguma ingerência sobre tal crente descuidado e conformado com o mundo caído, buscando fazer dele um tropeço enquanto continua buscando afastá-lo completamente do “arraial” de Deus, quando poderá devorá-lo. Fora do “arraial” de Deus, a situação de tal crente poderá se tornar à semelhança da situação de Saul, quando se afastou de tal maneira de Deus que o Espírito Santo o deixou e a “casa” ficou vazia e à mercê de salteadores que buscam um covil para se esconderem. Portanto, sejamos sóbrios e vigilantes, para que, a nossa situação espiritual, no Senhor, não seja invertida.

Já vi o demônio se manifestar em uma pastora, batizada pelo Espírito Santo, mas nem por isso deixou de ser usada por Satanás. Um cristão que vive em eterna rebeldia e arrogância na Casa do Senhor, que não obedece a liderança da igreja, que espalha a discórdia e a contenda entre irmãos, que se recusa ser discipulado por se se achar autossuficiente, que não participa da comunhão verdadeira entre os irmãos, que quer gloriar-se a si mesmo, este cristão é uma porteira escancarada para o Diabo, suas potestades e principados. Como já foi dito: sejamos sóbrios e vigilantes, para que, a nossa situação espiritual, no Senhor, não seja invertida.


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