sábado, 17 de setembro de 2016

ENDEMONIZAÇÃO E O CRISTÃO




    A Palavra de Deus afirma que todo cristão está em uma frequente batalha, as afirmações do apóstolo Paulo em Efésios deixam claro para nós que esta batalha não é contra seres humanos, mas sim contra principados e potestades, contra os dominadores deste sistema mundial em trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Efésios 6:12). As afirmações de Paulo nos levam a uma certeza: o crente está numa batalha espiritual. Entretanto, o grande questionamento é: em que proporções essa batalha ocorrequal é de fato a relação do cristão nela em função de sua vida no mundo

Este assunto é bastante extenso, há um número corriqueiro de literaturas que tentam explicar, algumas de forma até fantasiosa, esses mistérios envolvendo o mundo invisível, há também, por outro lado, um vasto número de experiências empíricas que produzem as mais diversas conclusões a respeito do assunto. Entretanto, propomos no presente artigo uma análise a respeito da atuação de Satanás na vida do cristão. Teria ele poder de possuir um crente salvo em Jesus? Teria ele o poder de ocasionar doenças em um crente salvo em Jesus, levando-o até mesmo à morte?

Quais as implicações da graça de Deus e do sacrifício na cruz de Jesus na vida daqueles que são lavados no sangue de Cristo? Há um movimento, chamado movimento de batalha espiritual, que acredita que a resposta para essas questões é sim. Acreditam que um crente, mesmo sendo fiel a Jesus, pode sim sofrer ataques e até mesmo possessão demoníaca. Infelizmente, boa parte dessa literatura se baseia no empirismo, ou seja, baseia-se em experiências vividas, em relatos de pessoas endemoninhadas e coisas do gênero. Mas, biblicamente temos razões para acreditar que a resposta para tal possessão (de um crente fiel a Cristo, lavado pelo seu sangue na cruz) seja não

A morte de Cristo na cruz inaugurou uma nova etapa para a vida, a etapa da cruz. Na cruz Jesus conquistou uma nova vida para o crente e promoveu um resgate das trevas, porque “sabemos que os filhos de Deus não continuam pecando, porque o filho de Deus os guarda, e o Maligno não pode tocar neles” (I João 5:18). De igual modo, os reformadores possuíam uma convicção firme a respeito disso. Martinho Lutero, em sua poesia Castelo Forte cantada no Brados de Júbilo, afirma: “Se nos quisessem devorar demônios não contados, não nos podiam assustar, nem somos derrotados. O grande acusador dos servos do Senhor já condenado está; vencido cairá por uma só palavra”.

            Os cuidados que precisamos ter nessa questão são dois: o primeiro é o de não superestimar as atitudes de Satanás, dando ênfase demasiada às suas atitudes; o outro é não subestimar, pensar que Satanás não existe. A existência de Satanás é algo concreto. No livro do Gênesis, no capítulo 3, é-nos contado que esse ser já atuava desde o início da criação. No entanto, nas páginas do Antigo Testamento, sua ação parece não ganhar muito destaque. Esse assunto não parece despertar grande interesse nos autores do Antigo Testamento. Devido a isso, são poucas as passagens relevantes.  Uma das únicas passagens que parece apresentar a ideia de possessão no Antigo Testamento é o caso de Saul, no capítulo 16 do primeiro livro de Samuel (não estamos afirmando aqui que o caso de Saul fosse de possessão, mas apenas uma referência que pode apresentar uma ação de Satanás; ao que tudo indica, o caso de Saul era de opressão, e não de possessão). A situação, no entanto, parece mudar nas narrativas dos evangelhos, onde os demônios aparecem atuando mais claramente.

A manifestação explícita da ação de Satanás e de seus demônios se dá com a chegada de Cristo e com a inauguração do Reino de Deus. Na chegada do Reino de Deus através de Jesus, a ação de Satanás e de seus demônios não só é revelada como desafiada. Toda estrutura demoníaca é exposta e combatida por Jesus. Os evangelhos utilizam normalmente a palavra grega daimonion ou daimon, que se referem a seres espirituais hostis a Deus e aos homens. São espíritos maus, que atuam sob o comando de Satanás. São espíritos destituídos de corpo físico, tendo a capacidade de entrar numa pessoa. 

Costumeiramente tem-se a tendência de dizer que a ideia de possessão era a maneira do povo do primeiro século referir-se a condições que hoje seriam chamadas de enfermidades mentais ou loucura. No entanto, os relatos dos evangelhos parecem fazer uma distinção clara entre doença e possessão. Por exemplo, Mateus 4:24 diz-nos que eram trazidos “todos os que estavam padecendo de vários males e tormentos: endemoninhados, epiléticos e paralíticos”. A ideia de possessão na Bíblia tem a ver com o fato de uma pessoa ser tomada, ser habitada por um demônio. O termo utilizado para expressar essa ideia de possessão vem do grego Daimonizomai, ser possuído por demônio, ser endemoninhado, agir sob o controle de um demônio. Segundo o dicionário VINE, aqueles que são afligidos dessa maneira expressam a mente e a consciência do demônio ou demônios que neles habita (Lucas 8:28). O termo aparece 7 vezes em Mateus, 4 em Marcos, uma vez em Lucas e João. 

A Bíblia não informa sobre as condições que possibilitam uma pessoa ficar possessa, Cristo nos fala em Mateus 1:44,45 que uma “casa vazia” pode ser ocupada. Podemos entender, através dos termos utilizados, que a ideia de possessão tem a ver com a habitação. O cristão é templo, habitação, morada do Deus Trino (João 14:16,17); (22,23); (I Coríntios 6:19), sendo assim, podemos deduzir logicamente que quem não tem a santa Trindade vivendo nele, está sujeito a ter como hóspede a Satanás (Mateus 12:43-45); (Lucas 11:24-26). Não queremos dizer com isso que todo não crente está possesso, mas que a possessão ocorre na casa vazia, onde a santa Trindade não habita.

Os demônios agem também através da influência demoníaca. A influência ocorre fora do corpo. A ideia de influência é muito clara na Bíblia. Satanás influencia Eva, sopra-lhe ideias que a levam a ir contra a ordem de Deus (Gênesis 3:1-5). Ele também influencia Davi, levando-o a fazer um recenseamento do povo (I Coríntios 21:1). Na tentação de Jesus, todo o esforço de Satanás é de influenciá-lo a tal ponto de fazer com que ele caísse em suas propostas.

Satanás e seus demônios não podem possuir ou tomar o corpo dos crentes em Jesus, pois estes são moradas da Trindade. No entanto, ele pode influenciá-los, levando-os a pecar no intuito de afastá-los de Deus. A Bíblia nos orienta a resistir ao Diabo (Tiago 4:7); (I Pedro 5:8,9). Cada vez que um crente defende ou toma para si ideias malignas, seja em sistemas políticos, religiosos, artísticos, culturais, ele está sendo influenciado por Satanás, mas não possuído.

Que um verdadeiro cristão, um nascido de novo, não pode ficar possesso isso é inquestionável. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus, Deus o protege, e o Maligno não o atinge”, (I João 5.18). Porém, a garantia de proteção é condicional: não estar no pecado, também conforme (I João 1:7): “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.

Quando não andamos na Luz, nós nos afastamos da comunhão e da proteção, mesmo frequentando a igreja. Com isso não estamos dizendo que qualquer crente em Jesus que pecar pode ficar possesso, o fato de o crente cair em pecado não dá o direito de o inimigo possuí-lo. O que queremos dizer com o “deixar de andar na Luz” é o mesmo que apostasia, quando o crente peca de forma deliberada e não busca o arrependimento. Para entendermos melhor, gostaria de traçar aqui um paralelo entre o herege e o apóstata. O herege é alguém que caiu em algum tipo de erro doutrinário, por consequência comete erro em sua conduta moral. Mais de modo geral continua sendo discípulo de Cristo, podendo ser restaurado. Em (Tito 3:10), o apóstolo Paulo indica que há possibilidade de recuperação no início. 

Segundo Champlin, na igreja pós-apostólica alguém era considerado apóstata mediante a renúncia da fé ou mediante o lapso moral, por haver cometido grandes pecados conscientemente e deliberadamente como o adultério e homicídio, sem se arrepender dos mesmos. Portanto, o apóstata é aquele que se afasta de Cristo, deixando de andar na luz, praticando pecado deliberadamente, mesmo estando na igreja. Pois há dois tipos de apóstata: o revelado, que assume seu estado, e o velado, que se afastou de Cristo, mas não da igreja por ter amigos e alguns privilégios. 

Algo importante para se trazer à baila nesta discussão é saber diferenciar as doenças circunstanciais de uma possessão demoníaca. As mazelas do mundo ocorrem também de forma circunstancial, ou seja, como uma consequência da queda no Éden. A queda causou uma verdadeira catástrofe em todo o universo, é nesse sentido que Paulo afirma aos romanos: “sabemos que até hoje toda a criação geme e padece, como em dores de parto. E não somente ela, mas igualmente nós, que temos os primeiros frutos do Espírito, também gememos em nosso íntimo, esperando, com ansiosa expectativa, por nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo”. A teologia chamará de mal moral e mal circunstancial. O mal moral é o pecado em todas as suas formas. Já o mal circunstancial é o mal que decorre do mal moral, que resulta em sofrimento, miséria, dores e doenças. 

Já é certo que os cristãos estão sujeitos às mesmas mazelas no mundo, ou seja, também passam por privações, também são sujeitos a dores e sofrimento, assim como a doenças. O que não podemos fazer é confundir fatores clínicos com possessão demoníaca. É notadamente comum estabelecermos tais relações, principalmente quando estamos lidando com partes pouco conhecidas da mente humana. Doenças relacionadas ao cérebro são comumente confundidas com demônios. Uma breve consulta aos manuais de psiquiatria nos dá uma vasta lista de doenças relacionadas ao cérebro, do ponto de vista psiquiátrico temos: esquizofrenia, todos os variados tipos de neurose, depressão, psicose. As doenças neurológicas são diversas também: autismo, dislexia, encefalite, Alzheimer, Parkinson, entre outras.

Temos ouvido a esse respeito e visto, ao longo da história, diversos crentes fiéis a Jesus Cristo passarem por essas doenças, assim como acompanhamos o sofrimento de suas famílias, casos como estes não podem ser confundidos ou mesmo relacionados com qualquer relação diabólica. Não estamos querendo dizer com isso que Satanás e seus demônios não estejam ativos no mundo; sim, estão, e provocam males sem fim à sociedade, entretanto, tais atos malignos não podem ser confundidos quando o que se deve tratar na verdade são doenças que atacam os seres humanos. Ainda há um grande mistério quando o assunto é a mente, uma histeria pode ser resultante de um grande stress emocional levando a pessoa ao choro teatral, ou mesmo à paralisia de membros do corpo.

Diante do exposto, conclusivamente podemos afirmar que a resposta para essa questão - se um crente salvo em Jesus pode ficar endemoninhado - é não. Embora o espaço não seja suficientemente grande para exaurirmos o assunto, é possível concluir, partindo de uma premissa simples: a vitória de Cristo na cruz. A vida do cristão parte da cruz de Cristo, e a Bíblia afirma em toda a extensão do Novo Testamento que na cruz Cristo derrotou todas as forças do mal. Cristo padece, morre e ressuscita; e como resultado dessa ação sobrenatural, ele declara vitória sobre as forças do mal para toda a eternidade.

Este cenário é muito claro nas Escrituras: “despojando os principados e potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”, (Colossenses 2:14 e 15). A cruz de Cristo é o lugar onde ele triunfa sobre todas as potestades e principados do mal. Essa linguagem usada por Paulo é uma linguagem militar, retrata um soldado vencedor que despoja o derrotado de suas vestes e de suas armas, deixando-o completamente desarmado.

Esse estado de Satanás nos permite ficarmos tranquilos em Cristo. São diversas as citações bíblicas que garantem ao crente em Cristo tranquilidade diante de Satanás, e todas elas expõem de forma direta um inimigo já derrotado por Cristo (Gênesis 3:15); (Marcos 3:26-27); (João 12:31,33); (14:30); (16:8-11); (Hebreus 2:14-15); (Apocalipse 20:1-3). Outros textos poderiam ser citados, mas entendemos que estes são suficientes para determinar com clareza que Satanás já está derrotado por Cristo na cruz.

Ao tratar deste assunto, o qual deve ser ponto de dúvida de muitos outros, o tratarei levando em conta, não crentes nominais, denominacionais ou meramente religiosos, mas sim, levando em conta, os verdadeiros crentes, os quais entenderam a mensagem do Evangelho (que Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e por essa razão foi crucificado e, posteriormente, ressuscitou) e, recebendo tão maravilhosa revelação, se converteram a Jesus Cristo, arrependidas de seus pecados.

O verdadeiro crente é propriedade exclusiva de Deus (Pedro 2:9). Se é exclusiva, só Deus tem direito de usufruto desta propriedade. Só Deus tem o direito sobre a vida do verdadeiro crente. Deus tem lavrada uma Escritura, onde está escrito, com o sangue de Jesus, que TODO VERDADEIRO CRENTE É PROPRIEDADE EXCLUSIVA DE DEUS. O verdadeiro crente é selado com o Santo Espírito da promessa (Efésios 1:13). Se um selo real, de um mero mortal, não podia ser violado; o que se dirá do selo de Deus? Quando nossos inimigos espirituais tentam investir contra o verdadeiro crente, eles logo veem o Selo de Deus, e tremem.

O Selo Real está impresso na alma do verdadeiro crente e de forma alguma pode ser violado. O verdadeiro crente é marcado com o próprio Espírito de Deus. O verdadeiro crente é Santuário de Deus; local onde Deus habita (I Coríntios 3:16-17; 6.19). Se Deus está habitando a “Casa”, então não há lugar para o Diabo e/ou demônios. (II Coríntios 6:14-16) também traz luz sobre esta questão para nós: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”.

Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”. O texto garante que: “Não há comunhão da luz com as trevas”; ”Não há harmonia, entre Cristo e o Maligno”. Mas, também assevera que: ”Não pode haver sociedade entre a justiça de Deus e a iniquidade do mundo”; “Não pode haver união entre crente e incrédulo”; “Não pode haver ligação entre o santuário de Deus e os ídolos falsos”. O verdadeiro crente observa estas coisas como uma ordenança do Senhor e não como um ponto de vista de Deus, o qual pode ser contrariado.

E, temos que lembrar o que a Escritura diz, em I Samuel 15.22-23: “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitais a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti”. A desobediência à Palavra de Deus tem o mesmo peso de se praticar feitiçaria. E nós sabemos com quem a feitiçaria tem parte neste mundo – Satanás.

O verdadeiro crente busca obedecer a Deus em tudo e não apenas no que lhe convier. Quem procede desta forma, será guardado de toda investida do Diabo e/ou de seus demônios. Contra este, todas as investidas malignas, serão frustradas. O verdadeiro crente, portanto, tem dentro de si, aquele que é maior do que o diabo (I João 4:4). Como um mais fraco poderá render ao mais forte, sendo o mais forte Deus? Jesus conta que para um valente venha a tomar uma casa, ele tem que ser mais valente que o que já está na casa (Lucas 11:21-22).

Maior é o que está dentro do verdadeiro crente do que o que está fora dele. Como o Diabo e/ou seus demônios poderão saquear a “casa” onde Deus está? Satanás que está fora de mim, não pode em nada contra Deus que está dentro de mim. O verdadeiro crente não pode ser possesso porque o Espírito de Deus habita dentro dele. O Diabo e/ou os demônios não podem entrar nele porque Deus está dentro dele. O verdadeiro crente tem autoridade e poder sobre o diabo e sobre os demônios (Lucas 10.17-19). E, para quem tenha alguma dúvida se este poder é para todos os que creem (Marcos 16:17-18). Como pode alguém ficar possesso por alguém sobre quem tem autoridade e poder, no Nome de Jesus, para submeter?

Ao verdadeiro crente foi-lhe concedido poder e autoridade sobre o Diabo e os demônios. Os agentes do mal não só, não podem tomar a vida do verdadeiro crente, como, por ele (o verdadeiro crente) eles (os agentes do mal) ainda são repreendidos e expulsos das pessoas que estão sob sua possessão. Em meu nome (disse Jesus) expulsarão demônios.

O verdadeiro crente exclama com a mesma alegria dos 70 ao retornarem da missão para a qual foram enviados: “Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome” (Lucas 10:17). Quanto ao verdadeiro crente, o Maligno não o toca (I João 5:18). Se Deus guarda o verdadeiro crente, como o Maligno poderia penetrar-lhe o corpo? Quanto ao verdadeiro crente, o Diabo e/ou seus demônios não podem tocá-lo de forma espontânea; Sim, os agentes do mal não têm liberdade para tocar um verdadeiro filho de Deus. Pois Deus é quem o guarda. Não podemos dizer que o Diabo tocou a Jó como bem quis e quando bem quis. O Diabo não pôde tocar em nada de Jó nem em Jó senão sob a permissão de Deus, pois Deus havia cercado Jó, a casa de Jó e tudo que Jó possuía, com uma “cerca” de poder espiritual (Jó 1:10).

Não vamos tratar aqui sobre o porquê De Deus ter permitido a Satanás tocar em Jó; no entanto, uma coisa é certa, Satanás entendia que quem está “cercado” por Deus, ele não tem livre acesso. Deus guarda o verdadeiro crente e o Maligno não o toca. Qual é a advertência bíblica quanto aos cuidados que devemos ter com o Diabo e os demônios? Nunca deixe a “Casa” vazia, abandonada (Mateus. 12.43-45). O que isto tem a ver com o assunto. Tudo, pois fala sobre possessão demoníaca. Qual é a advertência então? Certamente, esta passagem pode ser dirigida à pessoa que experimentou uma mudança de vida quando creu em Jesus Cristo através do Evangelho.

Aqui se aplica a verdade que “aquele que está em Cristo é uma nova pessoa; as coisas antigas passaram e tudo se fez novo” (II Coríntios 5:17). Pois fala de “casa varrida/limpa” = Purificação de pecados; também, purificação do coração, da mente, em relação à sujeira que se alojou em nós, provenientes dos valores e princípios do mundo que jaz na maldade; Fala de “casa ornamentada” = Fala de uma nova “decoração”; Novos valores e princípios, agora, relativos ao Reino dos Céus.

Então, qual é o problema desta “casa”? O problema é que ela está vazia, abandonada. E o que isto quer dizer? O que significa? Significa que não podemos nos afastar da presença de Deus. Sim, fomos salvos pela graça de Deus para andarmos no Caminho da Graça sem jamais retrocedermos dele. Deixar a “casa” vazia é negligenciar tão grande salvação. (Hebreus 2:1-3): “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? ”

Significa que não devemos abandonar a “Casa do Pai”. (Hebreus 10.25): “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”. O crente que negligência as “coisas” de Deus e não desenvolve a sua salvação (Filipenses 2:12-16), corre o risco de retroceder até que se perca novamente.

Aí o segundo estado dele será pior do que o primeiro (II Pedro 2:20-22) lembremo-nos que quando o Espírito Santo se apartou de Saul (o oposto é verdadeiramente o causador – Saul foi se apartando do Espírito Santo), o demônio se apossou dele (I Samuel 16:14). Antes que alguém venha sugerir que tanto o Espírito de Deus quanto o espírito maligno são enviados por Deus, afirmo, com certeza, de que, na questão de Saul, ao deixá-lo o Espírito do Senhor, Deus o deixou à mercê dos demônios.

Creio que Paulo entendeu isto e tratou do mesmo jeito ao jovem que tinha relações ilícitas com a mulher de seu próprio pai: “Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus” (I Coríntios 5:1-5). Se a pessoa resiste a Deus em relação à Palavra de Deus e à ação do próprio Espírito de Deus, então que ela seja exposta ao Diabo e seus demônios para ver se dessa forma ela cai em si e retorne ao Salvador.

A conivência e a tolerância jactanciosa para com o pecado na “Casa de Deus” se torna pedra de tropeço e espaço para o Diabo fazer maior estrago. E, como o juízo começa pela “casa” de Deus (I Pedro 4:17). A verdade é, que onde Deus não está, a “casa” fica exposta aos espíritos malignos. O que fazer, então, para estarmos sempre seguros em Cristo e vencermos o maligno? O verdadeiro crente deve manter a “casa” sempre cheia do Espírito: Todo verdadeiro crente deve sempre ser cheio do Espírito Santo (Efésios 5:18); deve, todos os dias, andar no Espírito Santo (Gálatas 5:16); Deve viver, constantemente, no Espírito Santo (Gálatas 5:25); Deve frutificar o fruto do Espírito Santo (Gálatas 5.22-23); Deve orar, em todo o tempo, no Espírito Santo (Efésios 6:18).

Não menospreze Satanás, mas também não o superestime; apenas tenha o devido cuidado (I Pedro 5:8). Se o Diabo e/ou qualquer demônio não podem possuir um verdadeiro crente, eles, então, vão buscar persuadi-lo a abrir a guarda. Guarda aberta, o que mais poderá acontecer dependerá de até onde tal crente se afasta do centro da vontade de Deus.

O grande pregador Charles Haddon Spurgeon disse certa vez: “O Diabo está por perto e não são poucos os que estão com ele”. No entanto, não devemos temê-los. Pois maior é o que está em nós e conosco, e mais poderosos são os que estão a nosso favor, do que os que estão contra nós. Prestemos atenção à posição “geográfica” espiritual de que Pedro está falando: “O Diabo, vosso adversário, anda em derredor”. O verdadeiro crente se posiciona no centro da vontade de Deus e, este fato, se dá, pelo testemunho de obediência, à Palavra de Deus, dado por ele. Ao redor do verdadeiro crente tem um outro “pelotão”: (Salmo 34.7): “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem (os que verdadeiramente temem a Deus; ou seja, os verdadeiros crentes) e os livra”.

O Diabo e seus demônios têm um limite para se aproximarem dos verdadeiros crentes e, é, ao derredor, ou seja, só após a linha, a cerca, ocupada pelos anjos de Deus. Para o Diabo e/ou qualquer de seus demônios possam atingir de forma mais objetiva a vida de um verdadeiro crente, sem a permissão de Deus, como no caso de Jó, eles (o Diabo e os seus demônios) precisam seduzir e atrair o verdadeiro crente para fora da vontade de Deus e para além da linha salvaguardada pelos anjos de Deus.

Por isso, o Diabo e sua corja, vivem andando ao derredor enquanto lançam seus dardos inflamados sobre os verdadeiros crentes; dardos estes que os verdadeiros crentes podem neutralizar pela fé obediente à Palavra de Deus (Efésios 6:16). Portanto, devemos ser sóbrios e vigilantes, pois o diabo é astuto e ardiloso. Devemos resistir ao Diabo e, então, ele fugirá de nós (Tiago 4:7); Devemos, também, nos revestir de toda a Armadura de Deus para podermos ficar firmes contra as ciladas do Diabo (Efésios 6:11); mas, acima de tudo, temos que estarmos fortalecidos no Senhor e na força do seu poder (Efésios 6:10).

O verdadeiro crente não pode ser possesso por demônio enquanto anda na luz onde o Senhor na luz está. Baixando a guarda e se afastando das coisas de Deus, o Diabo vai conseguir produzir alguma ingerência sobre tal crente descuidado e conformado com o mundo caído, buscando fazer dele um tropeço enquanto continua buscando afastá-lo completamente do “arraial” de Deus, quando poderá devorá-lo. Fora do “arraial” de Deus, a situação de tal crente poderá se tornar à semelhança da situação de Saul, quando se afastou de tal maneira de Deus que o Espírito Santo o deixou e a “casa” ficou vazia e à mercê de salteadores que buscam um covil para se esconderem. Portanto, sejamos sóbrios e vigilantes, para que, a nossa situação espiritual, no Senhor, não seja invertida.

Já vi o demônio se manifestar em uma pastora, batizada pelo Espírito Santo, mas nem por isso deixou de ser usada por Satanás. Um cristão que vive em eterna rebeldia e arrogância na Casa do Senhor, que não obedece a liderança da igreja, que espalha a discórdia e a contenda entre irmãos, que se recusa ser discipulado por se se achar autossuficiente, que não participa da comunhão verdadeira entre os irmãos, que quer gloriar-se a si mesmo, este cristão é uma porteira escancarada para o Diabo, suas potestades e principados. Como já foi dito: sejamos sóbrios e vigilantes, para que, a nossa situação espiritual, no Senhor, não seja invertida.


terça-feira, 13 de setembro de 2016

SOBRE DEUS E O VINHO


SOBRE DEUS E O VINHO (J.F.de ASSIS)





          Quando Jesus disse ter vindo para "lançar fogo sobre a terra" Lucas 12:49) e não para "trazer paz, mas espada" (Mateus 10:34), como falou verdadeiramente! Ele não se ajustava aos modos familiares do mundo ao qual veio. Mesmo o mais revolucionário pensamento de seu tempo não poderia contê-lo. Suas palavras e modos eram transcendentemente diferentes, inquietantes, ameaçadores. Não poderia haver uma síntese calada do velho e do novo, somente uma colisão descomprometida que conduziria inevitavelmente a rebelião ou rendição. Alguns viriam a gostar do novo, outros a odiá-lo. Em suas três analogias, em Mateus 9:14-17 (Marcos 2:18-22; Lucas 5:33-39), Jesus responde aos seus críticos gentilmente, mas ilustra o inevitável do conflito: como pode pano novo ser usado para remendar roupa velha? Como pode o explosivo vinho novo ser contido em velhos e inflexíveis odres? O provérbio de Jesus sobre o remendo novo na roupa velha saiu facilmente de sua própria vida.

Aquele que "não tinha lugar para repousar sua cabeça" não deveria desconhecer vestes remendadas. E todos sabiam que uma tentativa de remendar uma roupa gasta com pano novo levaria a dois desastres, um estrutural e outro estético. O pano novo encolheria com a primeira lavagem e aplicaria tal tensão sobre o pano velho que faria um rasgo maior do que antes (Marcos 2:21); e, por sua própria novidade, o remendo novo faria com que a roupa velha parecesse ainda mais desbotada e velha (Lucas 9:36).

Às vezes, o velho é irreparável e tem simplesmente que ceder lugar ao novo. O judaísmo rabínico, com suas corrupções farisaicas, estava além da recuperação. Sua atitude estava totalmente tão afastada do espírito da lei e dos profetas que o único meio de ir além dela era saindo dela. E ainda que a mensagem de arrependimento e de abatida contrição de João fosse de Deus e vital para o seu tempo, ela era preparatória, e não permanente (Atos 18:25-26; 19:1-5). O novo caminho de Jesus era um pano inteiro e não uma colcha de retalhos. Ele não tinha vindo para enxertar suas novas verdades no esfarrapado tecido religioso das tradições humanas e ímpias atitudes, ou para sentar-se imóvel a uma das paradas da estrada do propósito eterno de Deus. Tivesse feito isso e teria destruído tudo. Em Cristo, todas as coisas teriam que ser novas (2 Coríntios 5:17).

A incredulidade judaica vigente recusou-se a renunciar aos seus caminhos tradicionais para receber a palavra de Deus, e crucificou Jesus. Os judaizantes da igreja primitiva relutavam em deixar a lei pelo evangelho e, em seu esforço para acomodar o evangelho à lei, manobraram para rasgar e destruir tudo (Gálatas 1:6-9; 5:3-4). A mesma disposição mental vive hoje. Velhos e ímpios caminhos, recusando a entregar a alma, nos desafiarão a acomodar o evangelho a eles ou a sair.

Nesses momentos precisamos correr, e não andar, para a saída mais próxima. O terceiro destes provérbios que Jesus usa para responder a seus críticos simplesmente reforça a mensagem dos dois primeiros: certas coisas não se ajustam. Os homens, ele disse, não colocam vinho novo, ainda fermentando e expandindo, em velhos e ressecados odres porque eles se rasgariam e seriam destruídos e o vinho novo escorreria e se perderia (Mateus 9:17). O Senhor está advertindo que mentalidades rígidas custarão aos homens a incomparável qualidade especial do evangelho.

Porque ela é imprevisivelmente nova e inimaginável (1 Coríntios 2:9) e não se ajusta confortavelmente nos trilhos familiares, estamos demasiado dispostos a tentar forçá-la, através de nossas categorias congeladas, até que ela saia parecendo mais com o que esperávamos e desejávamos que fosse. Não há meio melhor do que este para simplesmente derramar no chão o precioso vinho novo do reino eterno de Deus.

Precisamos estar atentos a um conservadorismo tão insensato que pensemos que o melhor modo de permanecer firmes na fé seja manter as coisas como estão. Que tudo está bem e bom se o modo como as coisas estão é como o Senhor quer que estejam; mas se não, precisamos juntar armas a bagagem e ficar prontos para uma longa jornada naqueles novos lugares onde o Senhor pretende que estejamos. O vinho novo do evangelho não é destinado a nos deixar confortáveis, mas a nos fazer novos.

Alguns fizeram um uso infeliz da afirmação de Jesus a propósito do vinho novo e dos odres velhos. Para eles, os odres velhos frequentemente representam aqueles modos pelos quais, no Novo Testamento, os discípulos então fizeram as coisas, e o vinho novo simboliza ideias modernas que são mais atraentes para os homens e as mulheres da geração corrente.

Eles precisam ser lembrados que todos os modos dos cristãos primitivos que não foram simplesmente um reflexo das condições do seu tempo (a lavagem dos pés como um ato de hospitalidade, um beijo para saudação, etc.) eram o produto da vontade radical de Cristo e os imutáveis princípios eternos do seu reino. Todos nós faríamos bem em seguir o exemplo deles (Atos 2:42). Pois se o fizermos, certamente não estaremos sentados imóveis, mas estaremos empenhados na experiência mais radicalmente transformadora da história humana. Beber o vinho do reino de Deus não é um passo de moderação. Obedecer à voz do Filho de Deus não é um ato conservador!

Citado muitas vezes na Bíblia, o vinho já existia quando o Antigo Testamento foi escrito: O livro de Gênesis descreve o plantio de uma vinha como a primeira atividade de Noé depois do dilúvio. O cultivo da videira floresceu na Grécia e em Roma. Os romanos difundiram a videira por seu império, em especial na Gália, onde pela primeira vez se utilizou o tonel para armazenar e conservar o vinho. Na Grécia antiga, o vinho era escuro e geralmente bebido com água; bebê-lo sem mistura era considerado procedimento devasso. Guardado em barricas, odres de pele de cabra ou ânforas de barro tampadas com óleo ou um trapo engordurado, o vinho estava o tempo todo em contato com o ar. A maturação plena só foi possível a partir da generalização do uso da garrafa e da rolha. Devido à necessidade de vinho para o serviço religioso, o cuidado da vinha era uma preocupação particularmente eclesiástica. O posterior reaparecimento de vinhos e vinhedos de reconhecida qualidade esteve sempre associado à iniciativa de monges ou de monarcas especialmente devotados à igreja do final do século XVII e resultou em grande parte do trabalho de Dom Pierre Pérignon, da abadia de Hautvillers, que é tido por criado do champanha.

Outra mudança importante foi a descoberta acidental, em 1775, de que as uvas apodrecidas nas videiras produziam doçura e buquê inimitáveis. Na década de 1750, os produtores da ilha da Madeira passaram a fortalecer seus vinhos com o acréscimo de conhaque, processo essencial para a manufatura e maturação de quase todos os vinhos generosos, que se bebem fora das refeições ou a sobremesa. Os espanhóis levaram a videira para terras americanas a partir do século XVI e XVII e logo os vinhedos cobriam ampla áreas do sul do continente. Nos séculos XIX e XX, novos países somaram-se aos tradicionais produtores de vinho.

VINHO O NÉCTAR DOS DEUSES

O vinho é a bebida obtida por fermentação total ou parcial da uva fresca, ou do sumo da uva fresca (mosto). A palavra vinho também pode ser aplicada a bebidas feitas de outras frutas, vegetais, ervas e até flores, mas usada sozinha aplica-se apenas ao produto que tem a uva como matéria-prima. De acordo com a cor, o vinho pode ser tinto, rosado, clarete (ou palhete) e branco. Conforme o sabor, pode ser doce, semi-seco ou seco. Os vinhos doces contêm altas porcentagem de açúcar, enquanto os secos têm pouco ou nenhum açúcar, embora não sejam amargos. Outra classificação frequente distingue, de maneira geral, vinhos comuns e especiais. Comuns são os vinhos maduros ou verdes, resultantes da fermentação normal do mosto, entre os quais se incluem os vinhos oficialmente classificados, nos países produtores ou de consumo tradicional, como de consumo - de mesa - ou como típicos.

Os vinhos especiais compreendem os licorosos, aqueles de elevado teor alcoólico, provenientes de mostos cuja fermentação foi interrompida por adição de aguardente vínica ou de álcool vínico; os doces de mesa, de teor alcoólico igual ou inferior a l4º;os espumantes naturais, cuja efervescência resulta de uma segunda fermentação alcoólica em garrafa ou outro recipiente fechado, produzida por processo tecnológicos clássicos; e os espumantes gaseificados, cuja efervescência é produzida por adição de gás carbônico puro, com aparelhagem adequada. Pela importância que adquiriu em muitas regiões do mundo, o vinho tornou-se objeto de uma ciência específica, a enologia, dedicada ao estudo de composição, qualidade, características e processos de para a sua elaboração.

Os principais produtores de vinho são respectivamente os seguintes: Itália, França, Espanha, EUA, Argentina, Alemanha, África do Sul e Portugal. A cultura da vinha no Brasil começou no século XIX, nos planaltos do Rio Grande do Sul, com a chegada de imigrantes italianos, e espalhou-se por diversos estados, como São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais. Foi no Rio Grande do Sul, porém, que a viticultura mais prosperou e tornou-se o maior produtor nacional, com 80% do mercado interno. Os principais centros do chamado "polígono do vinho" são os municípios gaúchos de Caxias, Flores da Cunha e Bento Gonçalves. A uva denominada Isabela foi tradicionalmente a mais usada, mas a necessidade de melhorar a qualidade do produto levou à adoção gradual de uvas de castas mais nobres como cabernet, merlot e moscatel.

Lenda Presa

O vinho teria sido descoberto pela amante do rei JAMSHEED da Pérsia (atual Irã). O rei gostava tanto de uvas que costumava estocá-las em vasos, para comê-las o ano todo. Certo dia, as frutas de um desses potes fermentaram, tornando-se amargas. Achando que o líquido resultante desse processo estivesse envenenado, o rei escreveu uma advertência no vaso. O aviso atraiu a sua amante, que havia decidido se matar, bebendo o líquido. Em vez de morrer, ela começou a se sentir muito feliz e dormiu bem como não conseguia havia tempos. Quando soube do "milagre", o rei passou a ingerir com frequência o novo tônico, que logo ficou famoso por seus poderes de cura e foi chamado de "Medicina Real".

Bodas de Canaã

JESUS se manifestou pela primeira vez transformando água em vinho, leia esta linda passagem bíblica: Três dias depois, celebraram-se umas bodas em Canaã da Galiléia, e encontravam-se lá a Mãe de Jesus. Foi também convidado Jesus com seus discípulos para as bodas. E, faltando o vinho, a Mãe de Jesus disse-lhe: Não tem vinho. E Jesus disse-lhe: Mulher, o que nos importa a mim e a ti isso? Ainda não chegou a minha hora. Disse sua Mãe aos que serviam: Fazei tudo o que ele vos disser. Ora estavam ali seis talhas de pedras, preparadas para a purificação judaica, que levavam cada uma, duas ou três medidas. Disse-lhes Jesus: Enchei as talhas de água. E encheram-nas até em cima. Então disse-lhes Jesus: Tirai agora, e levai ao arquitriclino (ao mestre de cerimônias). E eles levaram. E o arquitriclino, logo que provou a água, convertida em vinho, como não sabia donde lhe viera (este vinho), ainda que o sabiam os serventes, porque tinham tirado a água, o arquitriclino chamou o esposo, e disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o bom vinho, e, quando já (os convidados) têm bebido bem, então lhes apresenta o inferior; tu, ao contrário, tiveste o bom vinho guardada até agora. Por este modo deu Jesus princípio aos (seus) milagres em Canaã da Galileia, e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram Nele. (João 2,1-11)

Vinho é medicinal

Os poderes medicinais já eram conhecidos pelos sumérios por volta do século 20 a.C. Outros povos antigos, como os egípcios, gregos e romanos, também receitavam a bebida para tratar os mais diversos problemas de saúde, tanto físico quanto aos psíquicos. As propriedades terapêuticas atribuídas ao vinho ao longo dos séculos são: antisséptico; tranquilizante/sedativo; hipnótico antinauseas; estimulante de apetite; digestivo; tônico reanimador; antianêmico; diurético; Laxante; Antibacteriano; Antitérmico Cicatrizante

          Um dos principais propagadores das propriedades medicinais do vinho foi "HIPÓCRATES", considerado o pai da medicina ocidental. Ele receitava a bebida pura como complemento nutricional, febre, diurético, laxante, antisséptico e cicatrizante de feridas. A quantidade máxima de ingestão diária de álcool para um adulto saudável, de 70 kg, é de 59,2 gramas os homens (cerca de 250ml ou 2 taças de vinho), sendo recomendado a metade para as mulheres.

O vinho alimenta o corpo, prepara o espírito, acalanta a alma.
Quando o vinho foi inventado, com certeza era mal aproveitado e se bebia até se chegar a exaustão da embriagues até se dormir de bebedeira.

Com o passar dos tempos, foi se percebendo, que era necessário e merecido um cuidado maior na vinificação, envelhecimento e conservação desse precioso líquido, o vinho, e usá-lo de forma racional para melhor proveito. Saber beber vinho e desfrutar do custo-benefício que ele proporciona, não é fácil. Beber de forma contemplativa, em meditação, são dicas importantes para a degustação e seleção dos diversos vinhos, nos eleva o espírito e nos remete aos bons pensamentos, nos torna intimamente alegres, mais desprovidos, mais sinceros, mais receptivos fazendo bem para o nosso corpo e alma.

O diferencial do vinho para outras bebidas, literalmente alcoólicas, é que ele é um ritual que se torna um hábito e não um vício, que estimula o apetite e ajuda na digestão, bem como, um importante complemento alimentar pela constituição bioquímica e física do vinho. Procure colocar o vinho num copo apropriado (copo ou taça). Veja a sua cor. Sinta o seu aroma. Beba lentamente, moderadamente, com respeito e sempre pensando nas coisas boas da vida. Então terá a oportunidade de descobrir a grandeza do vinho e suas virtudes. Pode se afirmar que o terreno, a cepa, o clima e a intervenção do homem, são fatores que influenciam diretamente nas qualidades do vinho e em suas características quanto a sua composição bioquímica e química, procurando torná-lo num produto único e atraente. O vinho é uma bebida extremamente complexa, mas indispensável à vida, pois contribui para que ela seja mais agradável. Os povos da antiguidade o consideravam uma dádiva divina. O vinho hoje existe em quantidade e variedade imensamente grandes e oferece a mais ampla escolha aos gostos diversificados de seus consumidores.


          Contudo havia três tipos de vinho: VINHO NOVO: é o que Jesus chamou de “fruto da videira” (Mateus 26.29), ou seja, o suco da uva pisada no lagar (Isaías 63.2), ainda fresco e sem mistura (Apocalipse 14.10). O vinho mais usado diariamente nas famílias era novo com propósito apenas de alimentação, não tendo tempo nem para envelhecer e fermentar. VINHO VELHO: é o vinho guardado em odres durante muito tempo para fermentar. O suco da uva quando envelhecido se torna mais forte (Josué 9.4). O fermente sempre foi símbolo da influência do pecado (Marcos 8.15; I Coríntios 5.7,8). VINHO MISTURADO: é quando se acrescenta ao suco da uva uma mistura que lhe dê maior teor alcoólico (Provérbios 23.20Isaías 5.22), também chamado de “bebida forte” (Levítico 10.9Deuteronômio 29.6Provérbios 20.1) toda pessoa que se consagrasse ao Senhor deveria se abster desta bebida (Juízes 13.9, 7 e 14Número 6.3Lucas 1.15). Por isso Jesus não quis beber o vinho com fel quando estava na cruz (Mateus 27.34)

O Senhor quer nos renovar como o Vinho Novo que representa o Sangue de Jesus (I Coríntios 10.16) e o fluir do Espírito Santo para que “não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”(Efésios 5.18). Se formos lavados pelo sangue de Jesus, não podemos deixar que o vinho, ou seja, a vida de Cristo que há em nós se envelheça e seja misturado com o pecado mundo. Este Vinho Novo também significa o frescor para os desertos da vida e alegria para nossas festas.
Deus quer te dar Vinho Novo!
                              

ODRES NOVOS:  O odre era um saco de pele animal costurada que servia de recipiente para guardar líquidos como água (Gênesis 21.14,15,19), leite (Juízes 4.19) e vinho (Josué 9.4). Mas deveria ser usado especificamente para cada coisa separada para não deixar sabor de leite no vinho ou deste na água por exemplo. O odre envelhece com o tempo. O couro encolhe e enruga. O sabor do vinho velho ou de qualquer outra mistura pode estragar o vinho novo. Mas o vinho novo é mais ácido e pode corroer o odre. Além disso, o vinho novo vai liberando gases com o tempo e esticando o couro, então o se o odre já estiver velho pode estourar. Por isso Jesus disse que “vinho novo deve ser posto em odres novos [e ambos se conservam]” (Lucas 5.38).

Um dos animais mais usados para fazer odres do seu couro era a ovelha, além do cabrito. Sua pele era retirada cuidadosamente e depois de um pouco cozida exposta na fumaça (Salmos 119.23) era costurada bem apertado deixando apenas o pescoço aberto para inserir os líquidos e depois ser amarrado. O odre da pele de ovelha representa a nossa carne fraca (Marcos 14.38) que precisa ser arrancada de nós para não vivermos mais para nós mesmos e sim para Deus (Gálatas 2.20-22). O Espírito Santo quer habitar em nós e nosso corpo deve ser templo do Senhor (I Coríntios 3.16), mas nossa carne corruptível não suporta o poder de Deus (I Coríntios 15.50). Por isso precisamos ser renovados como um odre novo para receber o vinho novo.

Esta renovação do odre significa renunciar às vontades da carne (Efésios 2.3) negando-se a si mesmo para seguir a Jesus (Marcos 8.34). Deixando a cada dia as obras da carne para buscar o fruto do Espírito (Gálatas 5.19-23). Muitas vezes envelhecemos com o pecado e coisas do mundo. Somente Deus pode renovar nosso ser de tal maneira que até mesmo nossa carne seja transformada e possamos ser mais espirituais.
Deus quer renovar o seu odre!

VESTES NOVAS: Uma roupa velha remendada com parte de pano novo não é uma roupa nova nem velha. É um desperdício de tecido novo que poderia ser feita uma veste nova. As roupas caracterizam as pessoas e muitas vezes julgamos pela aparência (I Samuel 16.7). As vestes novas também representam esta nova vida, não somente no exterior porque uma pessoa pode ser bem vestida e guardar pensamentos velhos e sujos. O filho pródigo quando voltou para a casa do pai, chegou sujo e maltrapilho e seu pai lhe deu a melhor roupa (Lucas 15.22) demonstrando a renovação que seu filho passava, porque “estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (Lucas 15.24).
Quando Jesus voltar e nos receber, vai nos dar “vestiduras brancas” (Apocalipse 3.5) porque “lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Apocalipse 7.14).

O apóstolo Paulo Em Efésios 4.21-24 orienta aos crentes que “vos despojeis do velho homem”, “vos renoveis no espírito do vosso entendimento” e “vos revistais do novo homem”. Como uma mudança de roupa é a nova vida que Deus nos dá e todos percebem que “aquele que está em Cristo é nova criatura, as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo” (II Coríntios 5.17). A nudez é um símbolo de pecado na Bíblia (Gênesis 3.7Êxodo 20.26). Deus foi quem fez a primeira roupa de peles para Adão e Eva (Gênesis 3.21). Com isso, o Senhor não foi apenas o primeiro costureiro, mas ofereceu o primeiro sacrifício pelo perdão da humanidade derramando o sangue de um cordeiro para cobrir o pecado. Deus não quer remendar algo de novo em sua vida, mas te renovar completamente.
Deus quer te dar Vestes Novas!

Deixe Jesus renovar sua vida totalmente. O vinho novo é a vida interior, aquilo que está dentro de você como o sangue que corre em suas veias. Se houver em você o vinho velho do passado ou misturado do pecado, Ele te dá o vinho novo de alegria do Espírito Santo e o lavar do sangue de Jesus. O odre novo é nossa carne ou sentimentos e vontades. Se sua carne estiver envelhecida com hábitos mundanos, Deus quer renovar seu ser completamente para habitar em sua vida. As vestes novas representam o testemunho. Se você ainda tem algum remendo ou rasgado de vestes velhas, receba novas vestes para que todos vejam que você é filho de Deus. Renove tudo em sua vida! Leia a palavra de Deus e saiba mais SOBRE DEUS E O VINHO.




terça-feira, 6 de setembro de 2016





UM CONSELHO SÁBIO







UM CONSELHO SÁBIO (J.F.de ASSIS)




OS MIDIANITAS era um povo idólatra (Números 22.4-7; 25.1-6): Trata-se de um povo descendente de Abraão e sua mulher Quetura (Gênesis 25.1-6). Os midianitas tornaram-se idólatras e exerceram uma influência maléfica sobre Israel. Associaram-se aos moabitas e aos amalequitas com o propósito de destruir Israel. Foi uma raça trabalhadora, rica e dominante no comércio (Números 31; Juízes\ 8; Isaías 60.6). Afirmam os estudiosos serem os midianitas os primeiros que domesticaram e usaram camelos.

Estranho às alianças: Embora os midianitas tivessem direito às promessas feitas a Abraão, valeram-se do livre arbítrio e tomaram caminhos que desagradaram a Deus. Assim, ficaram alienados das alianças divinas. Quando uma pessoa ou um povo rejeita a bênção de Deus, suas ações tornam-se impiedosas. Foi o que aconteceu com os midianitas. Durante sete anos oprimiram a Israel com tal crueldade, que muitos hebreus se refugiaram em cavernas (Juízes 6.1,2). O jovem Gideão livrou Israel de um desses períodos de opressão (Juízes 6.7,8,35).

Alcançados pela misericórdia de Deus (Deuteronômio 7.9; II Coríntios 1.3): Embora sendo um povo desviado dos caminhos de Deus, Moisés, que durante quarenta anos esteve em Midiã como pastor de ovelhas, teria instruído aquele povo no conhecimento de Jeová. Logo, conhecendo o verdadeiro Deus, Jetro prestou culto a Jeová, oferecendo sacrifício ao Senhor, pois o Deus que ele seria era o mesmo de Moisés (Êxodo 18.10-13). Assim sendo, ao pior pecador, Deus tem providenciado um eficiente meio de salvá-lo, por Sua infinita misericórdia (Tito 2.11).

JETRO, O SACERDOTE ESTRANGEIRO

Alcançado pela misericórdia de Deus, Jetro é mencionado nas Escrituras como o sacerdote de Midiã (Êxodo 2.16; 3.1). Jetro tinha conhecimento de Deus (Êxodo 18.10-13): Nas suas palavras, nestes versículos, demonstrou júbilo por tudo que Jeová tinha feito, e, por isso ofereceu-lhe sacrifícios na presença de todos os anciãos de Israel. Foi um genuíno culto, pois até os mínimos detalhes não foram esquecidos. Era um reconhecimento por muitas bênçãos alcançadas (Salmos 116.12-14). Será que o leitor tem procedido de modo semelhante. Servia a Deus com suas limitações: Jetro não possuía os mesmos conhecimentos que o seu genro Moisés a respeito de Deus, conforme indicam os textos (Êxodo 23.20,23; 32.9-24; 33.11-17). Mesmo assim, foi responsável por um grande culto a Jeová (Êxodo 18.10-13). Graças a Deus que temos a poderosa ajuda do Espírito Santo, que nos esclarece quanto ao verdadeiro culto racional. Quanta negligência e irreverência encontramos em muitos que dizem cultuar ao Deus vivo e verdadeiro (Romanos 12.1; Salmos 100.2,3). Quantos saem de um culto, onde se oferecem louvores ao Senhor, pior do que quando entraram no santuário. Se este for o teu caso prezado leitor, corrigi-te imediatamente. Pare de murmurar, Deus não se agrada disso.

JETRO, O SOGRO DE MOISÉS

Moisés, ao fugir do Egito (Êxodo 2.11-15), foi abrigar-se em Midiã, parando à beira de um poço. Sete filhas de Jetro vieram tirar água para os rebanhos de seu pai. Vindo os pastores, expulsaram-nas. Moisés interveio a favor delas, dando de beber ao rebanho. Jetro, assombrado com o rápido regresso de suas filhas, ficou inteirado da oportuna intervenção do egípcio. Em gratidão ofereceu sua hospitalidade a Moisés. A permanência na casa de Jetro, conduziu Moisés ao matrimônio com Zípora, uma de suas filhas. Doutrinado por Moisés: Jetro descendente de Abraão (Gênesis 25.1-4), ainda não era monoteísta. Sua declaração: “Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses...” (Êxodo 18.11), significa que ele agora reconhecia Jeová como o único e verdadeiro Deus. Se Moisés não tivesse fugido do Egito, seguindo para Midiã, é bem provável que Jetro jamais viesse a ser conhecido fora daquela parte do país. Todavia orientado pelo genro tornou-se parte da História Sagrada.

Influenciado pelo testemunho de Moisés: O bom testemunho de Moisés muito contribuiu para influenciar o seu sogro. Diz a Bíblia que Moisés era conhecido como o homem mais manso da terra (Nm 12.3; At 7.22), um notável elogio a quem possuía tanta autoridade. Sua mansidão, seu caráter e zelo pelas coisas divinas, sua vida de santidade, influenciaram a seu sogro Jetro. O Espírito Santo inspirou os escritores do Novo Testamento a escreverem o nome de Moisés noventa e nove vezes. O apóstolo Paulo, em uma de suas epístolas, diz que somos cartas abertas para o mundo (2 Co 3.3).

Que o nosso testemunho possa levar muitas vidas à Cristo e outras a se dedicarem no santo Trabalho do Senhor (Atos 10.22). Servindo a Deus com Moisés: Durante quarenta anos Moisés habitou em Midiã como pastor (Atos 7.30). Cremos que durante esses anos, repartiu com o seu sogro os seus conhecimentos sobre Deus. Ao final dos quarenta anos, Deus o chamou no meio da sarça ardente, para libertar os hebreus da escravidão dos egípcios, obtendo a aprovação de Jetro (Êxodo 4.18-20).

JETRO, O SÁBIO CONSELHEIRO: O que é um conselho: A palavra conselho é de origem latina consiliu, que significa parecer, opinião sobre o que convém fazer. A oportunidade do conselho (Êxodo 18.13-16): Jetro viu que Moisés gastava o dia todo no atendimento ao povo, que era de aproximadamente de um milhão e meio de almas. Atender a essa gente toda era trabalho maior que a resistência de um homem. Muitos obreiros nos nossos dias estão trazendo para si compromissos que se acumulam de tal modo, tornando inviável a sua execução e causando prejuízos à causa de Cristo.

A intenção pode ser a melhor possível, mas não devemos esquecer que somos humanos, sujeitos ao cansaço físico e mental. Vide o exemplo de Jesus e de Epafrodito (Marcos 6.31; Filipenses 2.25-30). Não é pecado descansar. Quantos, que por negligenciarem o descanso do seu corpo e os cuidados com sua saúde, têm tido um ministério reduzido. A exposição do conselho (Êxodo 18.19-24): Após analisar o desempenho da atividade de Moisés, disse-lhe: “Não é bom o que fazes” (Êxodo 18.17). Iniciou, então, pela sua experiência, apresentando ao seu genro um plano administrativo, onde Moisés deveria apresentar a Deus os problemas nacionais e de ordem geral, a fim de evitar o seu desgaste, pois as questões particulares, as divergências pessoais não deviam ocupar o tempo que ele devia dedicar a assuntos de maior importância (v 19). Em seguida sugeriu-lhe três medidas importantíssimas: 1) Ensinar o povo os “estatutos e as leis”.

O povo deveria aprender as leis para que pudesse observá-las. Quantas dificuldades encontramos hoje, no sentido de desenvolver um bom programa nas nossas igrejas por falta de pessoas que conheçam a Palavra de Deus (Sl 119.7,26,27,55,56,111,112). 2) O líder tem que ser o exemplo para os liderados. Tem de estar pronto a mostrar com o seu exemplo “o caminho que devem andar e a obra que devem fazer” (v 20). Vide o ensino de Paulo (I Timóteo 4.12; Tito 2.7). 3)

A liderança consiste na distribuição de responsabilidades e na designação de tarefas (v 21). Moisés, como líder, tinha a responsabilidade de descobrir homens com as seguintes qualidades com os quais dividiria as tarefas: a) ”homens capazes”; b) “homens tementes a Deus”; c) ”Homens comprometidos com a verdade”; d) Homens que aborrecem a avareza”. As exigências continuam as mesmas para escolha dos companheiros que ajudarão os nossos líderes (At 6.1-4; II Timóteo 2.2). Quantos nos dias atuais estão procurando posição e vantagens, sem possuir as qualidades acima mencionadas. A eficácia do conselho (Êxodo 18.23): Que sabedoria! Que prudência! Humildemente pede ao genro que submetesse todo o plano para apreciação e aprovação de Deus. Era um reconhecimento que muito acima de suas experiências estavam os propósitos e vontade de Deus. Não se considerou autossuficiente. Que belo exemplo para nós, que temos responsabilidade na Igreja de Deus (Provérbios 26.12; I Coríntios 1.31; II Coríntios 10.17,18).

O conselho do sacerdote Jetro ao seu genro Moisés. Êxodo 18:13-24: No dia seguinte assentou-se Moisés para julgar o povo; e o povo estava em pé junto de Moisés desde a manhã até a tarde. Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo; perguntou: Que é isto que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, permanecendo todo o povo junto de ti desde a manhã até a tarde? Respondeu Moisés a seu sogro: É porque o povo vem a mim para consultar a Deus. Quando eles têm alguma questão, vêm a mim; e eu julgo entre um e o outro e lhes declaro os estatutos de Deus e as suas leis.

O sogro de Moisés, porém, lhe replicou: Não é bom o que fazes. Certamente desfalecerás, assim como tu, como este povo que está contigo; sê tu pelo povo diante de Deus, e levas tu as causas a Deus; Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e seja Deus contigo: porque isto te é pesado demais; tu só não o podes fazer. Ensinar-lhes-ás os estatutos e as leis, e lhes mostrarás o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer. Além disto, procurarás dentro o povo homens de capacidade, tementes a Deus, homens verazes, que aborreçam a avareza, e o porás sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta, e chefes de dez; E julguem eles o povo em todo o tempo. Que a ti tragam toda a causa grave, mas toda a causa pequena eles mesmo a julguem; assim mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo. Se isto fizeres, e Deus te mandar, poderás então subsistir; assim também todo este povo irá em paz para o seu lugar. E Moisés deu ouvido à voz do seu sogro, e fez tudo quanto este lhe dissera; (Êxodo 18:13-24)

Entre várias coisas que nos fazem iguais a povos de todos os lugares da Terra e das mais variadas culturas, línguas, crenças, economias, etc. E ainda nos iguala a povos antigos e as gerações futuras... É a dependência humana do nosso próximo!   De uma pequena pergunta como: “- Que horas são?” Até importantes questões que abrangem destinos, vidas de nações e de todo o mundo. Há necessidade de falarmos e mais ainda, ouvirmos uns aos outros.

O aconselhamento é uma característica, função e necessidade do ser humano. Podemos afirmar que o aconselhamento contém três elementos básicos: O (a) aconselhado; O (a) conselheiro (a); O problema, circunstância, o motivo, o contexto que os envolve, etc.  

Todo aconselhamento eficaz depende de uma boa inter-relação destes três. Ou seja, é necessário que os dois primeiros elementos estejam compartilhando ou à par da situação. Que após a explanação ou identificação do problema o aconselhado esteja pronto para ouvir e pôr em prática o conselho, e que o conselheiro o explicará sempre se baseando de um fato real e/ou de uma verdade.  Esse tipo de aconselhamento trará sempre benefícios a todos os envolvidos.

A verdade para nós cristãos e tementes a Deus é sem dúvida as Sagradas Escrituras, e ainda que não haja aceitação não deixará de ser A Verdade e influenciar a humanidade. É pela Bíblia que diferenciamos o mal e o bom conselho. E um dos nomes do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é Conselheiro. (Isaías 9:6)  Para começarmos a analisar o conselho de Jetro a Moisés, devemos saber o suficiente a respeito dos dois e do contexto em que estavam:

 QUEM ERA JETRO E QUEM ERA MOISÉS?

Jetro em  Hebreu significa: “excelência”, era sacerdote e líder da tribo dos Midianitas conhecida como Kenitas, que viviam no deserto do Sinai. Da descendência de Midiã filho de Abrãao com sua esposa Quetura após a morte de Sara (Gênesis 25: 2). O qual foi separado de Isaque com presentes (recursos) para manter-se e criar seu rebanho na terra que recebeu o seu nome. Pai de pastoras (Êxodo 2:16) uma delas Zípora esposa de Moisés (Êxodo 18: 2), avô dos dois filhos de Moisés (Êxodo 18: 3-4).  

Moisés, que em  Hebreu significa: ”Tirado para fora”, foi o grande líder e legislador do povo Hebreu. Nascido no Egito de pai e mãe hebreus da tribo de Levi. Foi escondido por sua mãe até o terceiro mês de nascido, pois Faraó ordenara que fossem mortos todos os primogênitos homens do povo de Israel. Depois colocado em um cesto de juncos em forma de baú, flutuando pelo rio até o lugar onde a filha de Faraó se banhava. Depois voltou a ser criado por sua mãe natural até ser menino já grande. Passando os seus cuidados à filha de Faraó, sua mãe adotiva, a qual chamou- o Moisés por ter sido tirado das águas (Êxodo 2: 1-10).

Na sua fase adulta, já instruído na escrita e ciências dos egípcios, foi ter com o seu povo. Deparando-se com a vida de escravidão e sofrimento que passava o povo hebreu. Viu como um egípcio feria um hebreu, foi ao encontro, o matou e o escondeu. Após esse fato, percebeu que o crime já havia sido descoberto e que Faraó o procurava para matá-lo; foge e vai ao deserto às terras de Midiã. Aonde casa-se e permanece por 40 anos. Onde também o Deus de seus pais, Abraão, Isaque e Jacó, O grande EU SOU; aparece-lhe e revela que seria o líder e o instrumento de Deus para livrar o seu povo do Egito. E manda regressar a Faraó para lhe ordenar a libertação do povo de Israel (Êxodo 2: 11-22; 3: 1-22).

Moisés e seu sogro se encontraram no deserto junto ao monte Sinai (o monte de Deus, Êx odo18: 5). Moisés após ter levado em frente o propósito de Deus para sua vida e do seu povo Israel, depois de ter vencido pela insistência e pelo poder de Deus a Faraó e todo Egito a não querer libertar Israel, através das pragas que houve (Êxodo 7 ao 12). Depois da maravilhosa e tremenda salvação que Deus realizou abrindo o Mar Vermelho e o seu povo à pés enxutos fez passar (Êxodo 14:15-26); A morte dos seus inimigos (Êxodo 14: 27-31); De ter experimentado a providência divina através das águas amargas que se tornaram doces (Êxodo 15:23-27); Do alimento que desceu dos céus (Êxodo 16:1-36); Da vitória contra Maleque e seu exército em Refidim (Êx17: 8-16). No terceiro mês da saída dos filhos de Israel (Êxodo 19: 1-2). Ele acampou-se no deserto do Sinai com todo o Israel.

Jetro sacerdote de Midiã após ter ouvido todas as coisas que o Senhor realizou ao seu povo tomou sua filha Zípora e seus netos Gerson e Eliezer, que haviam sidos enviados aos seus cuidados por Moisés; e veio ao encontro do seu genro (Êxodo 18:1-5). Depois de um caloroso e alegre reencontro, Jetro ouviu de Moisés todas as boas e maravilhosas notícias das que Deus realizara.  O qual como sacerdote adorou ao Senhor com holocaustos e sacrifícios, pelo qual Moisés convidou a Arão e a todos anciões de Israel a comerem pão com seu sogro diante de Deus (Êxodo 18:7-12).  No dia seguinte, começa a surgir o conselho de Jetro após o mesmo ter visto a maneira que Moisés julgava o povo:  

            Depois de uma noite de celebração e adoração (v.12), amanheceu no acampamento e com isso os trabalhos do dia-a-dia. Moisés como líder político e religioso estava na incumbência de cuidar dos problemas sócio-político e espirituais de Israel. Além de ser o porta-voz de Deus ao seu povo era também intermediador de Israel e o Senhor Jeová. Por isso cremos que os trabalhos começavam antes do sol raiar com a busca de Moisés à presença de Deus e logo com os primeiros raios do sol, os primeiros a consultarem a Deus por intermédio de Moisés (v.15). Haja vista que o povo que saiu do Egito havia se multiplicado grandemente lá (Êxodo 1: 7-12). 


Devido a esse fato as audiências se estendiam até o pôr- do- sol (v.13). Cansando aos que esperavam e também ao próprio Moisés. Observando este procedimento, pôde Jetro fazer as perguntas do versículo 14. Também já subentendendo suas razões e motivos que seu genro lhe declara nos versos 15 e 16, pois Jetro era líder espiritual em sua terra. Dessa maneira notamos que este conselho começou de uma boa observação da parte de alguém que não era leigo no assunto, e que já gozava de um bom tempo de experiência.   Uma das etapas, mas difíceis em todo aconselhamento é o de exortar, corrigir e retificar. Porque envolve muita prudência, sabedoria e o bom uso de atos e palavras. E acima de tudo para nós cristãos requer amor em nossos corações (Atos 20: 31; I Coríntios 4:14). Mas também de igual valor a humildade e sabedoria da parte de quem ouve (Provérbios 18: 8; Provérbios 11:22). É de suma importância para um bom e eficaz aconselhamento.

Notemos que a liderança, experiência tão elevados dadas por Deus a Moisés não o tornaram soberbo ao ponto de não ouvir ao seu sogro e sacerdote de Midiã. Houve atenção e respeito para receber o conselho de Jetro, começando pelo motivo que o levou a rejeitar a forma de trabalhar adotada pelo genro.   Com os avanços da tecnologia nesse mundo moderno que vivemos fazem com que as pessoas se isolem e já não tenham tempo de ouvir e falar umas às outras. As conversas nas esquinas das ruas ou praças são cada vez diminuídas pela conversa virtual na Internet e/ou violência. O amor nos corações se esfria. E muitos vão aos psiquiatras, psicólogos, videntes, “mães- de-santo”, etc. Pagando verdadeiras fortunas por um bom conselho. 

Nenhum conselho será dito como bom se não fizer com que haja uma eliminação do erro ou causa, para prevalecer o correto e verdadeiro. Se não beneficiar com a solução do problema e/ou aperfeiçoamento, satisfação do aconselhado. Ainda que com dor, renuncia, mudança, etc.

Por exemplo: Uma prescrição médica para a cura de uma doença que exige injeção ou cirurgia pode não ser agradável, mas é melhor que continuar doente! Por essa razão e pela graça de Deus ainda existem homens que se respaldam não em filosofias humanistas passíveis ao erro, mas na Palavra do Deus Vivo (Mateus 24: 35), a Bíblia Sagrada. Trazendo conselhos que são bons, corrigem aperfeiçoam para o viver e conviver aqui nesta Terra como na Eternidade. Pessoas que podem e tem autoridade para dizer após seus conselhos que “Deus será contigo”.

Por outro lado, também o Deus Trino e Uno que respalda o conselho segundo seus padrões também adverte a respeito dos falsos mestres e profetas que enganam a muitos (Mateus 24:11). Dessa forma para todos os filhos de Deus e os que serão mediante o sacrifício de Cristo, prossegue o conselho do profeta Oséias: “- Conheçamos e prossigamos a conhecer o Senhor...”. 

E a oração e a leitura bíblica como hábito já é um bom começo. Sem poder recorrer a Palavra escrita de Deus, Moisés sabia disso e por isso pôde avaliar o conselho do seu sogro e acatá-lo como de Deus. Ele viu que teve um bom começo, confirmando algo que Deus já incumbira a fazer, não desfazendo ou desmentindo o propósito e a palavra falada de Deus desde o seu chamado. Pois “Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para se arrepender. ” (Números 23:19a)

Nós, povo brasileiro, temos a mania de valorizar o que é dos outros e menosprezar o que é nosso. O que nos faz parar nesta frase é que o sacerdote Jetro poderia usar do seu prestígio e indicar alguém do seu povo ou até mesmo se “escalar para o serviço”, importando a mão-de-obra dos midianitas. Mas não, antes ele ressaltou “procura dentre todo o povo”. Ensinando e lembrando-nos da importância de valorizarmos a “prata da casa”. Por outro lado, deveriam ser tirados dentre todas as tribos de Israel para evitar descriminação e os problemas que poderiam acarretar.

O nome Jetro significa ‘superioridade'. Olhando pelo aspecto de liderança, ele possuía uma visão superior - estava numa posição de maior visibilidade. Jetro, sacerdote de Midiã (Êxodo 18.1), é o pai da descentralização administrativa. Ele observou como Moisés concentrava a sua liderança.  "No dia seguinte, assentou-se Moisés para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até ao pôr do sol. Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto que fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até ao pôr do sol? Respondeu Moisés ao seu sogro: Porque o povo me vem a mim para consultar a Deus; quando alguma questão, vem a mim, para que eu julgue entre um e outro e lhes declare os estatutos de Deus e as suas leis. O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o que fazes"(Êxodo 18.13-17)
 
          Ele percebeu Moisés pesado, atordoado e tenso diante de tanta gente para julgar. Como líderes, temos a tendência de concentrar e controlar as coisas. Somos, muitas vezes, egocêntricos e não damos oportunidade a outros para crescerem emocional e espiritualmente. A relação entre Moisés e Jetro era uma relação além de genro e sogro. Era uma relação orientada por Deus para o bem de Moisés e o povo da promessa, o povo chamado. O Senhor sempre usa pessoas das mais diversas matizes para cumprir o Seu propósito. Os princípios administrativos de Jetro continuam até hoje. Moisés entendeu o conselho e o colocou em prática.

Jetro era um homem que temia Yaweh. Conhecia o caráter de Moisés. Ele se colocou numa posição de ajuda. Foi um consultor competente. Estava atento às coisas que aconteciam à sua volta. Era detentor de um olhar clinico. Sensível às necessidades do outro. Simpático e empático estava comprometido com a excelência do líder. Via a liderança como multiplicadora de líderes. Ele entendia de gestão. Suas qualidades eram bem definidas. Homem firme em suas convicções, personalidade madura e uma capacidade de entender as dificuldades do próximo. Disponível para servir. Um homem proativo, isto é, de iniciativa.

Moisés, por outro lado, estava absorto no atendimento ao povo. Ele não estava vendo além do povo que liderava. O foco do líder cristão deve ser sempre o Senhor. Não podemos tirar os olhos dEle porque fracassaremos. Somos chamados à liderança responsável que é caracterizada pelo treinamento e acompanhamento daqueles que lideramos. Jetro é o nosso modelo de servo que serve com amor àqueles que estão em dificuldade. Ele entendia o que é levar a carga do outro. Paulo nos faz caminhar nesta posição (Gálatas 6.2). O líder preciso treinar outros a partir da dependência do Senhor e de um caráter íntegro. Ele amadurece quando treina outros.  Jesus é a ponte entre Jetro e nós. Ele escolheu doze homens, treinou-os e deu-lhes uma missão (Mateus 28.18-20). Ele era o Servo-Sofredor que veio para servir e dar a Sua vida por nós (Mateus 20.28). O líder cristão autêntico tem as características de Moisés, Jetro e Jesus. Moisés porque era um homem trabalhador e obedeceu, colocando os ensinos de Jetro em pratica; Jetro porque entrou para ajudar no momento certo e Jesus porque veio para servir.

Na verdade, a síntese dos três é o serviço abnegado.
Como líderes, devemos estar sempre dispostos a ouvir conselhos dos mais experientes. Trabalharmos com espírito de servo. Submeter-nos àquele que pode todas as coisas. Moisés estava trabalhando errado, mas Deus levantou Jetro para fazê-lo trabalhar certo. Podemos errar, mas não devemos permanecer no erro.  Certamente aprendemos com os erros durante a nossa caminhada com o Senhor. Os erros revelam a nossa fragilidade, a nossa vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, nos leva à dependência do Pai. Jetro é um exemplo para todos nós - exemplo de amor, sensibilidade, disposição para servir e proatividade. Sejamos assim para a Glória do Pai

 

O homem não dá o valor que merecem os conselhos. Popularmente se diz que “se conselho fosse bom não eram dados, mas vendidos”. Mas se o homem não valoriza muito os conselhos de outras pessoas, Deus recomenda que muitas vezes devíamos dar ouvidos ao que os outros tem a dizer. Se Deus não desse tanto valor à importância dos conselhos, certamente não teria inspirado o homem para que escrevesse livros como Provérbios e Eclesiastes, formados quase que exclusivamente por conselhos e recomendações, nem tampouco teria feito com que o homem os colocasse na Sua Palavra.

Por isso que precisamos tanto da comunhão da igreja e do discipulado. Andando junto aos irmãos e compartilhando nossos problemas com eles, saberemos o que o outro pensa de nossos problemas, e o que ele vê de positivo ou negativo neles. Geralmente o outro, que está fora da nossa realidade, vê nos nossos problemas, aspectos que não percebemos, pois temos tendência de ser cegos quando nossos sentimentos e emoções são afetados.

Quem anda sozinho, erra mais fácil. Eu diria que quem anda só, é como o cavalo que anda com aquela viseira (ou “tapa”), que nele é colocada para puxar carroça. O cavalo, ao contrário do homem, não possui os olhos próximos entre si, mas um em cada lado da fronte. Portanto, apesar de ver de forma mais “desorganizada”, tem um campo de visão mais amplo. O dono coloca a viseira para que ele enxergue só o que lhe aparece na frente, o que dá ao animal mais foco na dianteira. Mas ao mesmo tempo que ele ganha em foco, ele perde em referência, pois com a viseira, o cavalo não terá mais a capacidade de ver as ameaças que vem dos lados. Assim é quem anda só, sem ouvir os conselhos. Tem a visão limitada e não consegue ver certos tipos de ameaças e problemas que o ser humano não vê sem ser alertado pelo outro. Como um cavalo com uma viseira colocada em seus olhos. Não interessa qual o homem, sua posição social, idade ou religião. Todos precisam de conselhos. Jesus Cristo dizia que até mesmo um rei precisava tomar conselho antes de tomar decisões difíceis (Lucas 14:31). A falta de um bom conselho faz muitos homens tropeçarem. E foi exatamente isso que aconteceu com Absalão. Através de parte de sua história, descrita em II Samuel 17, podemos tirar pelo menos 6 lições importantes a respeito do valor dos conselhos.

1. Devemos seguir o conselho correto. Absalão não seguiu o conselho correto. Apesar de Husai ser um homem sábio, ele não era um profeta de Deus. Por isso, por mais sábio que possa parecer um homem, não podemos sempre guiar nossa conduta pelo que ele fala se ele não for um profeta de Deus. O conselho correto geralmente vem sempre das mesmas pessoas. Pessoas que tem autoridade sobre nossas vidas e nos conhece, geralmente são as mais qualificadas para nos dar conselhos.

Nossos pastores e líderes na igreja e nossos pais (principalmente se forem cristãos) são bons exemplos. O problema é que muitas vezes ouvimos conselhos diferentes, cada um nos recomendando coisas opostas ao outro. Existem situações que são de difícil resolução, que dependem muitas vezes de oração, para se ter revelação da Vontade de Deus. Mas outras são resolvidas facilmente, bastando olhar a Bíblia. A Palavra de Deus nos recomenda, por exemplo, que não devemos andar sob o conselho de ímpios (Salmos 1:1; Provérbios 12:5). Se um ímpio nos diz para fazer algo, e as pessoas que nos acompanham na igreja recomendam algo diferente, quase sempre o melhor conselho vem da igreja.

Além dos que estão na igreja, pessoas próximas de nós podem ser usadas por Deus para nos dar um bom conselho. E geralmente essas pessoas são mais velhas, têm maior experiência de vida (às vezes até passaram por problemas semelhantes), e por isso podem nos aconselhar sabiamente. O próprio Moisés se deparou com uma situação de dúvida e acertou ao seguir o conselho de seu sogro (Êxodo 18:24).

2. Devemos pensar bem antes de seguir conselhos que nos agradam. Absalão se deparou com dois conselhos: o de Husai e o de Aitofel. Aitofel propôs uma ação imediata dos exércitos de Absalão contra Davi, enquanto Husai propôs que Absalão adiasse o combate, para que houvesse tempo de Absalão formar um exército mais numeroso, que lhe desse uma vitória mais expressiva, e promovesse sua imagem frente o povo. Como sabemos, Absalão, certamente por vaidade, seguiu o conselho de Husai.

Mas o erro de Absalão é cometido por muitos de nós. Muitas vezes seguimos o conselho que mais nos agrada ou que coloca nosso ego em evidência. A Bíblia nos diz que mesmo o caminho do insensato parece ser bom aos seus próprios olhos (Provérbios 12:15). Por isso, seguir o conselho que mais nos agrada nem sempre pode ser a melhor opção. É em situações como essas em que mais nos sentimos independentes para tomar decisões sozinhos. Contudo, mesmo que a boa escolha pareça lógica, precisamos de conselhos de pessoas usadas por Deus sempre que nos depararmos com escolhas que influenciarão significativamente o nosso futuro, para que não corramos o risco de sermos levados por nossas duvidosas impressões pessoais.

3. Precisamos de conselho em situações difíceis, por que há situações em que não sabemos tomar a melhor decisão. O desejo que Absalão tinha de abater o exército de Davi e alcançar o trono, o pôs em um dilema no qual ele não conseguiu pensar com sabedoria. Nós como seres humanos, somos constantemente movidos por emoções. Emoções que são aguçadas em situações de pressão, que fazem com que não consigamos pensar direito. Quando pressionado, o homem toma decisões que podem ir até mesmo contra os seus próprios valores morais. A ambição pelo poder, alimentada por Absalão, era tão grande que fez com que ele não se importasse sequer com a vida de seu próprio pai. Só importava a ele usurpar o poder, ainda que isso custasse a própria vida de Davi.

4. Os conselhos de Deus nos livram de problemas futuros. Enquanto Absalão tentava escolher qual era o sábio que tinha o melhor conselho, Davi buscou o bom conselho. Orou a Deus, e pediu que Ele interviesse na questão, e fizesse com que Absalão não seguisse o melhor conselho, pois isso implicaria na morte de Davi. E Deus o atendeu, como atende todos aqueles que dependem do conselho d’Ele para suas vidas. Em 1 Samuel 25:33, Davi agradeceu a Deus por ter enviado a ele Abigail, que o impediu de derramar sangue inocente, vingando com suas próprias mãos.

5. Quem discerne o bom conselho, não tem do que se preocupar. Davi confiava em Deus. Apesar de sua tristeza, ele submeteu-se à Vontade de Deus, ao dizer "faça de mim como melhor lhe parecer". Não buscou sábios, como fez Absalão, mas entendeu que o melhor para sua vida era o cumprimento do propósito de Deus naquele momento. E foi exatamente por ter passado por essa situação, em que teve que fugir de Absalão, que ele pôde escrever o 3º capítulo de Salmos, em que ressaltou a confiança que tinha em Deus.

6. Não há conselho melhor que o de Deus. O meio que Deus usou para livrar a vida de Davi foi permitindo que Absalão seguisse o conselho errado. Todos nós seguimos conselhos errados sempre que não damos ouvidos ao conselho de Deus, pois como somos homens, temos dificuldade de reconhecer os caminhos que são inadequados para nós (Provérbios 16:2). Não há ninguém que nos conheça tão bem, nem que saiba exatamente o que o futuro nos reserva quanto Deus. Por isso é que não encontraremos, em lugar algum, conselhos melhores que o d’Ele. Devemos entregar nossos caminhos a Deus, para sermos guiados pelo melhor conselho e Ele faça acontecer o melhor d’Ele em nossas vidas, como está escrito no livro de Salmos: “Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará.”(Salmos 37:5)

Dizem que Deus trata com as pessoas de duas formas: pelo “amor” ou pela “dor”. Eu vejo isso de uma forma um pouco diferente. Existem pessoas que seguem a Deus e estão dispostas aceitar os conselhos e a Vontade de Deus para suas vidas. Outros querem andar pelas próprias pernas, não aceitam aquilo que Deus deseja delas, e por isso acabam pagando caro no futuro. Submeter-se à Deus é uma escolha, mas é inegável que os frutos colhidos por uma pessoa que segue as ordenanças de Deus para sua vida são muito melhores do que os que são colhidos por aquelas que querem seguir aquilo que acham que é certo. Com estes, Deus não trata senão pela forma dolorosa, através de dores, perdas e vergonhas.

O meu conselho é que você, que lê este texto, aprenda a conhecer a Vontade de Deus e aceitá-la, ainda que lhe seja exigido que tome decisões drásticas ou faça mudanças que você não planejava. A Bíblia nos ensina que é melhor obedecer do que sacrificar (1 Samuel 15:22) e, de fato, é melhor seguir os conselhos de Deus, do que acreditar na incerteza dos frutos de nossas próprias decisões. “Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança. ” (Provérbios 11:14) “Ouve o conselho, e recebe a correção, para que no fim sejas sábio. ” (Provérbios 19:20)

Todo aconselhamento digno de ser chamado cristão possui quatro características distintivas.

1. Aconselhamento centralizado em Cristo: Primeiramente, o aconselhamento cristão está consciente e abrangentemente centralizado em Cristo. O aconselhamento cristão atribui muito valor ao que Cristo é; ao que Ele fez por nós em sua vida, sua morte, sua ressurreição e seu envio do Espírito Santo; ao que Ele está fazendo por nós agora em sua intercessão, à direita do Pai, e ao que ainda fará por nós, no futuro. No aconselhamento cristão, o Cristo da Bíblia não é um acessório, um acréscimo com o qual podemos viver melhor. Pelo contrário, Ele está no centro, nos arredores e em todos os aspectos do aconselhamento. O aconselhamento centralizado em Cristo envolve o entendimento da natureza e das causas de nossas dificuldades humanas, bem como o entendimento das maneiras em que somos diferentes de Cristo em nossos valores, aspirações, desejos, pensamentos, escolhas, atitudes e reações. Resolver dificuldades relacionadas ao pecado inclui sermos pessoas redimidas e justificadas por Cristo, recebermos o perdão de Deus por meio de Cristo e obtermos dEle o poder que nos capacita a substituir padrões de vida pecaminosos e anticristãos por um modo de viver piedoso e semelhante ao de Cristo.

2. Aconselhamento centralizado na salvação: Um conselheiro cristão é um crente que expressa sua fé, de modo consciente e abrangente, em sua perspectiva a respeito da vida. O aconselhamento verdadeiramente cristão é realizado por indivíduos que experimentaram a obra regeneradora do Espírito Santo, que vieram a Cristo, através do arrependimento e da fé, que O reconheceram como Senhor e Salvador de suas vidas e que desejam viver em obediência a Ele; são pessoas cujo principal objetivo da vida é exaltar a Cristo e glorificar o nome dEle. Os conselheiros verdadeiramente cristãos são pessoas que creem no fato de que, se Deus não poupou seu próprio Filho (de ir à cruz e de morrer ali), mas O entregou (à cruz e à morte) por nós (em nosso favor e em nosso lugar, como nosso substituto), Ele nos dará graciosamente tudo que necessitamos para uma vida eficiente e produtiva (para nos transformar na própria imagem de seu Filho, na totalidade de nosso ser). O aconselhamento verdadeiramente cristão é realizado por aqueles cujas convicções teológicas influenciam, permeiam e controlam sua vida pessoal, bem como sua teoria e prática de aconselhamento.

3. Aconselhamento centralizado na Igreja: Outra característica distintiva do aconselhamento verdadeiramente cristão é que ele estará centralizado, de modo consciente e abrangente, na Igreja. As Escrituras deixam claro que a igreja local é o instrumento primário pelo qual Deus realiza sua obra no mundo. A igreja local é o instrumento designado por Ele para chamar o perdido a Si mesmo e o ambiente no qual Ele santifica e transforma seu povo na própria semelhança de Cristo. De acordo com as Escrituras, a Igreja é a casa de Deus, a coluna e o baluarte da verdade; é o instrumento que Ele utiliza para ajudar seu povo a despojar-se da velha maneira de viver (hábitos, estilo de vida, maneiras de pensar, sentimentos, escolhas e atitudes características da vida sem Cristo) e vestir-se do novo homem (uma nova maneira de viver com pensamentos, escolhas, sentimentos, atitudes, valores, reações, estilo de vida e hábitos semelhantes ao de Cristo (ver 1 Timóteo 3.15; Efésios 4.1-32).

4. Aconselhamento centralizado na Bíblia: Finalmente, o aconselhamento verdadeiramente cristão está fundamentado, de modo consciente e abrangente, na Bíblia, extraindo dela a sua compreensão a respeito de quem é o homem, da natureza de seus problemas, dos “porquês” destes problemas e de como resolvê-los. Em outras palavras, o conselheiro precisa estar comprometido, de modo consciente e envolvente, com a suficiência das Escrituras para resolver e compreender todas dificuldades não-físicas, relacionadas ao pecado, que afetam o próprio indivíduo e seu relacionamento com os outros. Muitos em nossos dias se declaram conselheiros cristãos, mas não afirmam a suficiência das Escrituras. Em vez disso, eles creem que precisamos de discernimento proveniente de teorias psicológicas e extra bíblicas para compreendermos e ajudarmos as pessoas, especialmente se elas têm problemas sérios.

Para tais conselheiros, a Bíblia possui autoridade apenas designadora (ou seja, como um instrumento que nomeia) e não funcional (atual, genuína e respeitada quanto à pratica) no aconselhamento. Estes conselheiros reconhecem que a Bíblia é a Palavra de Deus e, por isso, digna de respeito, mas, quando se refere a entender e resolver muitos dos problemas autênticos da vida, eles creem que a Bíblia possui valor limitado. Onde quer e por quem quer que seja realizado esse tipo de aconselhamento, somos convencidos de que, embora o conselheiro seja um crente, seu aconselhamento é sub-cristão, porque não está fundamentado, de modo consciente e abrangente, na Bíblia. Estas quatro características distintivas do aconselhamento não constituem assuntos que podemos deixar de lado. Também não são “uma tempestade num copo d’água”. Pelo contrário, elas são o âmago de qualquer aconselhamento digno do nome “cristão”.