ACORDA,
TU QUE DORMES! (J.F.DE ASSIS)
O que leva uma
população a tomar a justiça em suas próprias mãos, tornando-se juiz e carrasco
contra os violadores dos bons costumes? Diariamente testemunhamos a mídia
veicular notícias sobre a escalada da violência em nosso país. Os números são
alarmantes e com uma tendência a crescer a cada dia que passa. As leis brandas
que regem as infrações penais podem estar contribuindo para esse crescimento da
violência? Estariam os cidadãos cansados de esperar por leis mais severas e
revisão do nosso caduco Código Penal? Pagar o mal com o mal seria a saída para
reduzir a criminalidade no Brasil? Que sentimento experimenta uma população que
tem que se sentir presa em sua própria casa e ver a bandidagem se proliferar e
caminhar impune todos os dias? Como reage um cidadão que vê seu patrimônio ser
destruído ou roubado e não poder contar com uma polícia eficiente?
O que resta é um
sentimento de abandono e de impotência, o que leva o cidadão a se embrutecer
para ver defendido o seu patrimônio e a própria vida, chegando ao limite da
violência nivelando-se com o infrator. Qual a saída para mudar esse quadro
negro em que encontra a segurança pública do Brasil? Uma das causas para a
proliferação de uma atmosfera de insegurança é a impunidade que graça na
justiça brasileira com relação à corrupção. Assistimos perplexos pelos meios de
comunicação uma sentença ser mudada beneficiando políticos que foram condenados
por corrupção, por roubo da coisa pública. A população interpreta essas
manobras como um desrespeito à lei e à ordem culminando com uma incredulidade
na justiça e na ordem. Em havendo esta incredulidade na punição, o cidadão
acredita que pode tomar a justiça por conta própria e o que é pior, o criminoso
estimula-se para cometer crimes contra a pessoa e ao patrimônio.
Resta ao cidadão
de bem questionar-se: Até quando irá experimentar um clima de insegurança e
desmandos? Constantemente o cidadão ouve propagandas de “Salvadores da Pátria”
que se levantam para mudar o status quo da sociedade caótica em que vive a
população. Indivíduos profissionais, treinados para impressionar com o discurso
com uma demagógica encenação. Personagens de um circo que se criou no seio da
sociedade. Certo ativista e anarquista político que conheci usava uma expressão
que bem caracteriza esses indivíduos, inclusive a si mesmo: “São tudo farinha
do mesmo saco!”, dizia ele. Eles são forja da mesma bigorna. São forjados com o
egoísmo, com a ganância, a mentira e toda sorte de mazelas. Contaminam tudo por
onde passam, arregimentando outros desavisados, engrossando suas fileiras.
Muitos se vendem por não vislumbrarem outra saída para melhorar de vida. Alguns
já nascem com esta índole de corrupção e gastam suas energias e tempo para
planejar sua escalda ao poder através do mal, em detrimento do povo.
Quando um político
se locupleta com o erário que deveria ser destinado ao bem da população, ele
causa danos irreparáveis a essa população. Esse prejuízo funciona como um
rastilho de pólvora que irá explodir adiante com problemas na educação, na
saúde, na segurança pública, no saneamento, etc. É inconcebível o cidadão viver
em uma sociedade que para ter seus direitos respeitados, ela precise lançar mão
do vandalismo e da anarquia, destruindo o patrimônio alheio. Está na hora de a
população dar um basta de vez nessa situação. Não basta ir às ruas e bater
latas, queimar e destruir o patrimônio público e privado, atirar paus e pedras.
O povo tem que fazer uma revolução pacífica e inteligente: usar o voto nas
urnas, caçar os corruptos e deixar de se vender por migalhas que o governo cria
para ludibriar a massa falida. O político corrupto sobrevive do poder que emana
do povo. Esse mesmo povo precisa acordar para retirar de circulação os
corruptores do país. O povo precisa realmente acordar e não somente mudar a
posição do travesseiro. Acorda, tu que dormes!
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