NÃO BASTA
PEDIR, TEM QUE ACREDITAR (J.F.de ASSIS)
A palavra milagre vem
do Latim “miraculum” que quer dizer algo espantoso, extraordinário, algo fora
do comum, um acontecimento inexplicável para as leis naturais do homem. Em
acepção geralmente empregada, milagre ou miráculo (do latim miraculum, do verbo mirare,
"maravilhar-se") é um acontecimento dito extraordinário que, à luz
dos sentidos e conhecimentos até
então disponíveis, não possuindo explicação científica conhecida, dá-se de forma a
sugerir uma violação das leis naturais que regem os fenômenos ordinários,
de acordo com a interpretação do ponto de vista humano.
Para grande parte dos teístas, sua realização é
atribuída à onipotência divina, sendo considerado
como um ato de intervenção direta de Deus (ou deuses) no curso
normal dos acontecimentos. Geralmente os milagres têm, segundo esses,
propósitos definidos, sendo o mais comum o de beneficiar, por mérito moral e ou de fé, adeptos de determinada crença em detrimento dos não
adeptos, que permanecem sujeitos às leis regulares, ou por puro ceticismo.
Podemos perceber o
milagre de Deus desde a criação do mundo e de todas as coisas que nele há,
desde o Livro de Gênesis, que fala da criação do mundo quando lemos que no princípio
a terra era vazia e sem forma, e o Espírito de Deus pairava sobre o abismo. A
vontade de Deus se manifestou pela fala direta e objetiva: “Haja! ” A partir
daí tudo o que se sucedeu foi uma sequência de milagres. Tudo o que cerca o
homem dentro e fora deste planeta foi resultado do milagre da criação de Deus.
Quando Deus realiza um
milagre, este é feito de forma direta, sem interferências, pois a sua vontade é
soberana e não há nada, nem ninguém que o possa impedir. Pois diz a palavra de
Deus: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou, e ninguém há que possa fazer
escapar das minhas mãos: operando eu, quem impedirá? (Is 43:13) “Assim diz o
Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o
primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. ” (Is 44:6) “Eu fiz a
terra, e criei nela o homem; eu o fiz: as minhas mãos estenderam os céus, e a
todos os seus exércitos, dei as minhas ordens. ” (IS 45:12) “Eu sou o Senhor, e
não há outro: fora de mim não há Deus; Para que se saiba desde o nascente do
sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro: eu sou o Senhor, e não há
outro” (Is 45:5,6)
O Teísmo
é uma filosofia praticada por aquele que crê na existência de um ser supremo. É um conceito filosófico-religioso
desenvolvido para se compreender o Criador. Esta filosofia defende que este Ser
é a única entidade responsável pela criação do Universo; é onipotente, capaz de
realizar tudo sem a ajuda de ninguém; onisciente, ou seja, aquele que tudo
conhece; detém infinita liberdade e suprema generosidade. Esta expressão provém
do grego Théos, com o significado de ‘deus’. Neste sentido, o Teísmo se
contrapõe ao ateísmo, que não acredita na existência de uma divindade suprema.
O Teísmo pode ser classificado em Monoteísmo – fé em um único Deus -;
Politeísmo – devoção a diversas divindades – e Henoteísmo – quando se adora um
Deus Superior, mas não se rejeita a existência de outros deuses.
Milagre significa em
Latim: “Supra, praeter vei contra
naturam” É algo superior, diferente, contrário a natureza. Milagre é a realização concreta
da vida de Deus nos homens e na natureza. É a manifestação do amor do Criador,
milagre é Cristo em nós, esperança e fé de uma vida vitoriosa, de um espírito
renovado e cheio de paz em um mundo corrompido pelo mal. O mal é o esquecimento
do milagre é o avesso da fé, é o abandono de Deus é o desprezo pelo simples. O
mal é a ingratidão que endurece o coração.
Entre o mundo grego e o
contemporâneo, entre ciência e fé, Deus é sobre todos e porque seu amor dura
eternamente, os milagres continuarão existindo entre o visível e o invisível,
vida e morte, tudo renasce com a força do milagre. "E disse Deus ainda: Eis que vos tenho
dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda terra e
todas as árvores em que há fruto e dê semente; isso vos será por mantimento. E
a todos os animais da terra, e a todas as aves do céu, e a todos os répteis, e
a toda erva verde lhes será para mantimento" Gn 2:29-30
Sendo assim, o milagre está em
toda parte, ele nos rodeia e nos mantêm vivos. Imagine um mundo sem verde, sem
campo, matas, selvas e cidades. Tudo é milagre!! O canto do pássaro anunciando
o amanhecer, o desabrochar de uma rosa, as sementes que caem no solo e
germinam... de milagre é feita a vida! A vida é a manifestação do próprio Deus,
pois que mais podemos comparar para confirmarmos a grandeza e a majestade de
Deus que nos criou a sua imagem e semelhança? Somos a prova viva de que
milagres existem, Deus nos criou e a tudo o que existe à nossa volta para que
testemunhássemos isto. Não fomos criados aleatoriamente e postos na terra,
somente por um capricho divino. Fomos criados para não sermos somente
testemunhas desse milagre, mas para que o desfrutássemos de forma plena. Pois o
Senhor nos deu e nos dá vida e vida em abundância, para que todos os dias ao
despertarmos pela manhã, saibamos que o seu milagre ainda permanece vivo.
Se tem algo que satisfaz
plenamente a condição de insuficiência humana é olhar para Deus e confiar Nele.
Através do sacrifício de Jesus na cruz e da Sua ressurreição, Deus nos convida
a vivermos o mais feliz dos milagres que é a vida eterna com o Pai. Esse Pai
que se move em milagres para tornar possível a felicidade humana.
Quando Jesus foi procurado pela
irmã de Lázaro, informando-lhe que o seu amigo, estava doente e que precisava
da sua presença naquele momento de dor e de enfermidade, Jesus sabia do que ela
precisava e desejava naquele momento difícil. Mas ele também sabia que ainda
não era chegada a hora do filho de Deus manifestar o seu poder e glória, apesar
de Lázaro ser seu amigo. O
objetivo da vinda de Cristo à cidade de Betânia completou-se: muitos dos judeus
que viram o que Jesus fizera, creram nele! A obra ‘maior’ realizada por Cristo
não foi a ressurreição de Lázaro, foi fazer com que os judeus cressem n’Ele (
Jo 6:29 ). Naquele momento houve alegria nos céus em função dos pecadores
arrependidos ( Lc 15:10 ).
“E Jesus, ouvindo isto, disse:
Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de
Deus seja glorificado por ela” ( Jo 11:4 ) A passagem bíblica que narra a
ressurreição de Lázaro tem muito a ensinar acerca da Fé cristã. O evangelista
João destacou o motivo de ter narrado os milagres operados por
Cristo: "Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome" ( Jo 20:31 ). Sem perder de vista o objetivo do discípulo
Amado, analisemos a narrativa da ressurreição de Lázaro, irmão de Marta e
Maria.
Lázaro, irmão de Marta e Maria,
ficou enfermo. Marta e Maria (a que enxugou os pés de Cristo após ungi-Lo com
um unguento caríssimo) enviaram mensageiros a Cristo para avisá-Lo da condição
de Lázaro, dizendo: “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu
amas” ( Jo 11:3 ). O evangelista destaca que Jesus amava os três irmãos e,
ao ouvir acerca da enfermidade de Lázaro, disse: “Esta enfermidade não é para
morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por
ela” ( Jo 11:4 ). Mas, a despeito da enfermidade de Lázaro, Jesus
permaneceu com os discípulos onde estava por dois dias.
No terceiro dia Jesus disse aos
discípulos que retornariam para a Judeia ( Jo 11:7 ), ao que os discípulos
objetaram:“Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para
lá?” ( Jo 11:8 ). Jesus respondeu enigmaticamente: “Não há doze horas
no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; Mas,
se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz” ( Jo 11:9 -10 compare
Jo 9:4 ). Ora, Jesus identificou-se como sendo a Luz que veio ao
mundo "Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo" ( Jo
9:5 ); "Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê
em mim não permaneça nas trevas" ( Jo 12:46 ).
Em seguida Jesus disse aos
discípulos que Lázaro dormia e que iria despertá-lo do sono, e os seus
discípulos entenderam que Lázaro estivesse bem, ou seja, que somente estava repousando
( Jo 11:13 ). Foi quando Jesus disse claramente: “Lázaro está morto; E
folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas
vamos ter com ele” ( Jo 11:14 -15). Tomé, que nada compreendeu,
arrematou: “Vamos nós também, para morrermos com ele” ( Jo 11:16 ).
A cidade de Betânia fica a uma
distância de três quilômetros de Jerusalém onde Jesus estava ( Jo 10:22 ), e ao
chegar na cidade de Betânia, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido
sepultado ( Jo 11:17). A morte de Lázaro fez com que muitos Judeus fossem à
Betânia prestar as suas condolências à Marta e Maria ( Jo 11:19 ). Quando Marta
ouviu que Jesus se aproximava, saiu-lhe ao encontro fora da aldeia, enquanto
Maria, a que escolheu ficar aos pés de Jesus ouvindo os seus ensinamentos,
ficou assentada em casa ( Lc 10:42 ). Ao encontrar Jesus, Marta disse:
- “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria
morrido!”. Embora o irmão de Marta estivesse morto, diante de Cristo a
certeza de Marta era esta: Lázaro não teria morrido se o Senhor Jesus estivesse
com eles. Ela não questionou o fato de Jesus não ter se adiantado para atender
o seu irmão quando ainda vivo. Ela não questionou a bondade de Deus. Não
atribui sua perda a Deus, antes demonstrou uma confiança inabalável, apesar da
contingência: - “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não
teria morrido!” ( Jo 11:21 ).
Após expressar a sua confiança,
Marta diz: - “Mas também agora sei que tudo quanto pedires
a Deus, Deus to concederá” ( Jo 11:22 ). Mesmo atingida pelas vicissitudes
da vida, Marta continuou crendo que, tudo quanto Cristo pedisse a Deus, Deus
havia de atendê-Lo. Mesmo estando enlutada, com os sentimentos fragilizados,
não questionou o Mestre como os Judeus que ali estavam fizeram: “Não podia
ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não
morresse?” ( Jo 11:37 ).
Embora Lázaro estivesse no
sepulcro, Marta continuou certa de que Cristo continuava o mesmo (Senhor, se tu
estivesses aqui, meu irmão não teria morrido) e, que Deus era com Ele (Mas
também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá). Diante das
declarações de Marta, Jesus disse: “Teu irmão há de ressuscitar” ( Jo
11:23 ). Novamente Marta nos surpreende, pois faz uma nova confissão: “Eu
sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia” ( Jo 11:24 ).
Embora tivesse perdido um irmão recentemente e, apesar da amizade Jesus não ter
se adiantado para atendê-los, Marta continuava firme na doutrina que aprendera:
- Eu sei! Meu irmão há de ressuscitar na ressurreição do último dia!
Através da asserção: “Eu sei
que há de ressuscitar na ressurreição do último dia” ( Jo 11:24 ),
verifica-se que Marta era uma pessoa resignada, conhecia o ciclo natural da
natureza, mas que o seu irmão havia de ressuscitar no dia determinado. Apesar
de a adversidade ter se instalado no lar de Marta, ela estava cônscia de que
tudo tem o seu tempo próprio “TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo
para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer;
tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou” ( El 3:1 -2).
Foi quando Jesus fez uma
declaração acerca de Si mesmo: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê
em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim,
nunca morrerá. Crês tu nisto? ” ( Jo 11:25 -26). Para que se veja o
milagre de Deus acontecer é preciso fé. A fé é a mola propulsora do milagre,
pois é preciso crer que ele pode acontecer. “Ora, a fé é o firme fundamento das
coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem. “ (Hb 11:1). Quando
Jesus disse: “Tirai a pedra! “ Lázaro, vem para fora! ” “Desligai-o e deixai-o
ir” o milagre aconteceu. Lázaro estava de volta ao mundo dos vivos, livre das
trevas da morte.
É preciso crer que Deus tem um
milagre para realizar em nossa vida. Deus é Deus dos vivos e não dos mortos,
diz a palavra de Deus. Servimos a um Deus vivo e não morto, portanto, tudo
aquilo que pedimos com fé que receberemos, Ele é file e justo para nos
conceder. Mas o milagre não tem apenas a função de realizar uma proeza, um
feito extraordinário, conceder uma graça a quem o clama. O milagre de Deus tem
a finalidade de fazer com que os corações endurecidos e incrédulos despertem
para o poder restaurador de Deus na vida do homem, principalmente daquele que
crê. Pois é pela fé que somos atendidos por Deus em nosso clamor do dia-a-dia,
nas tribulações e provações.
Há pelo menos mais e 150 citações
na Bíblia sobre a fé, esta mesma fé que moveu Josué a conquistar a cidade de
Jericó. A mesma fé que fez motivou Josué a clamar ao Senhor para que parasse o
sol por mais um dia para que obtivesse vitória. A mesma fé que levou a mulher
que sofria de uma hemorragia por toda a sua vida a tocar em Jesus para que
fosse curada definitivamente. Ela acreditava que se ao menos tocasse as vestes
de Jesus, se ao menos sentisse as vestes do filho de Deus, não precisava que
Jesus a ouvisse ou falasse com ela, não precisava que ele olhasse para ela,
apenas que ela tocasse em Jesus, a sua cura chegaria para ela e a libertaria da
sua impureza, da sua condição de impura e de doente.
Aquela mulher que estava estigmatizada, que
não poderia sequer cogitar estar perto de um homem, falar com ele, abraça-lo.
Quanto mais aproximar-se de Jesus! Mas ela resignou-se a tocar as vestes do
salvador do mundo e foi em busca de sua cura, através da fé incondicional. E
Jesus sentiu o seu toque em meio às investidas da multidão que se compactava
para ver o Messias. A fé daquela mulher a curou e a fez experimentar o poder de
um milagre. A mesma fé que levou o cego de Jericó clamar o nome de Jesus, filho
de Davi a restabelecer-lhe a visão, apesar dos protestos da multidão que se
incomodava com o seu clamor às escuras.
Muitas vezes o milagre não
acontece na vida de uma pessoa, porque ela se deixa impedir pela multidão de
dúvidas, de medo, de incredulidade, de murmurações. O milagre na vida de uma
pessoa só poderá ser efetivado, se houver fé e principalmente, se houver resignação
e um coração quebrantado. Deus quer agir hoje, como agiu no passado, mas Ele
precisa que o seu povo se aproxime verdadeiramente dele com fé e obediência. “E
se o meu povo que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar e buscar a minha
face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e
perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. ” (II Cr 7:14)
Deus que que o homem se ajoelhe e
dispa-se de sua arrogância, de seu orgulho, de seu ceticismo, de sua
religiosidade falsa, da sua humanidade e se entregue resignadamente aos seus
pés, suplicando-lhe para que se realize um milagre. Como fizeram aqueles homens
que desceram o doente pelo telhado de uma casa onde estava Jesus. Como o
centurião que creu que Jesus poderia curar o seu criado paralítico, sem que
Jesus precisasse ir até à sua casa, apenas com a palavra proferida. Jesus
maravilhou-se com tamanha fé e acrescentou que nem mesmo em Israel encontrara
alguém com tamanha fé no poder de Jesus. Naquele mesmo dia o servo foi curado. Deus
nos faz lembrar que para que o milagre aconteça NÃO BASTA PEDIR, TEM QUE ACREDITAR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário