BÊNÇÃOS OU MALDIÇÃO? (J.F.de ASSIS)
Bênção, de uma maneira geral, é uma expressão proferida oralmente
constituindo de um desejo benigno para uma pessoa, grupo ou mesmo uma
instituição, que pressupõe um efeito no mundo
espiritual, de modo a afetar o mundo físico, fazendo com que
o desejo se cumpra. Existem variações e especificações conforme a religião.
No hebraico, a palavra bênção (berekhah)
vem de uma raiz (barakeh, beirakheh)
que significa ajoelhar, abençoar,
exaltar, agradecer, felicitar, saudar. Tanto no hebraico quanto no grego (eulogia) apresenta um sentido de
concessão de alguma coisa material. Todavia, a forma grega acrescenta ainda os
bens espirituais. Nos dicionários, consta como ação de benzer, favor divino, graça.
Ora, bênção é antônimo de maldição (Dt
11:26). Uma promessa de bons presságios para o povo de Deus (Gn 12:2, Lv 25:21), a poderosa mão
de Deus. Ou algo dado por Deus a nós (Dt
16:17) A bênção foi mencionada, na Bíblia, pela primeira vez em Gênesis 12:2, "Farei de ti uma grande nação;
abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; sê tu uma bênção." A bênção dada aqui a Abraão, foi que este seria uma grande nação, que o
nome deste seria engrandecido e que Abraão deveria abençoar assim como a ele
foi abençoado.
Outro exemplo claro
se encontra em Lv 25:21 - "Então eu
mandarei a minha bênção sobre vós no sexto ano, e a terra produzirá fruto
bastante para os três anos."
Há casos em que a bênção é mencionada como sendo algo dado por Deus
àqueles que são seus, Dt 16:17 -
"Cada qual oferecerá conforme puder, conforme a bênção que o Senhor teu
Deus lhe houver dado." Poderá ser alcançada mediante uma vida de
obediência aos mandamentos de Deus (Dt
28). Gênesis 1.28 é a primeira
citação Bíblica de Deus abençoando o homem: E Deus os abençoou, e Deus lhes
disse: Frutificai e multiplicai-vos, e
enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves
dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
Já a sua primeira citação de Deus abençoando algo é em Gênesis 1.22: E Deus os abençoou,
dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e
enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. A mais
bonita e significante citação Bíblica de Deus abençoando o homem está em Efésios 1.3 onde a o Apostolo Paulo nos
relata que não houve uma só benção que ele não houvesse proferido sobre o
cristão: “Bendito o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos
lugares celestiais em Cristo Jesus.”
O QUE É
BÊNÇÃO?
O termo bênção em hebraico é BARAK e no grego EULOGEO. Em hebraico, pelo menos seis palavras são utilizadas para
especificar tipos ou formas de maldição: ALAH,
QALAL, ‘ARAR, QABAB, NAQAB e ZA’AM. Em grego, aparecem quatro: ANATHEMA, KATARAOMAI, KAKOLOGEO e RHAKA.
Analisaremos
apenas algumas destas palavras.
No que concerne a bênção, descobri
que temos uma facilidade de falarmos de determinados temas, sem ao mesmo tempo
sabermos o sentido dos mesmos. Faça uma experiência. Se, por exemplo, em
qualquer culto, você se dirigi à sua igreja e pergunta, “quantos aqui nesta
noite querem a bênção? ”, terá rapidamente a resposta da igreja, “eu! Todos queremos!
”. Mas se imediatamente questiona uma vez mais o seu auditório, “mas queridos
irmãos, o que é bênção? Vocês sabem o que significa este princípio espiritual
nas Escrituras? ”, mui provavelmente a maioria não saberá responder. Buscam o
que não compreendem adequadamente.
Duas coisas importantes precisam
ser ressaltadas no sentido da palavra bênção. Primeiramente, ela provém do
hebraico BARAK, que tem na sua raiz
os seguintes significados: ajoelhar-se, submeter-se, honrar um superior. Assim
sendo, quem quer a bênção precisa manter uma relação de obediência com aquele
de onde ela provém: Deus! É impossível ter a bênção e ao mesmo tempo viver uma
vida fora dos padrões divinos. É uma grande incoerência. A palavra diz, “Se atentamente ouvirdes o Senhor teu
Deus…Bendito serás…”, ou seja: a obediência sempre precede a bênção.
Outra coisa também pode ser
mencionada. Vejo hoje muitos irmãos ou pessoas quaisquer, que estão
desesperados atrás da bênção. Perseguem a bênção a todo custo. Participam de
todas as campanhas possíveis. O problema é que alguns não conseguem alcança-la
a todo custo. Mas por quê? Veja o que diz a Palavra de Deus em Deuteronômio 28, “Se ouvirdes a voz do
Senhor teu Deus, então virão sobre ti e te ALCANÇARÃO todas estas bênçãos…”
(v.2). A bênção sempre vem por trás, ou seja, é ela que nos alcança! Não
adianta correr atrás dela como muitos fazem, pois ela possui esta
característica singular: nos alcança pelas costas.
O que aprendemos com este ensino
é que nosso dever é buscar ao Senhor, servi-lo e honra-lo de todas as maneiras
em nossa vida diária. Aí sim, a bênção automaticamente nos alcançará. Não vamos
então colocar o carro na frente dos bois, como querem muitos irmãos. Esta é uma
inversão que pode nos custar caro. O reino de Deus deve ser nossa prioridade. E
isto nos foi muito bem ensinado por Jesus, “buscai
pois em primeiro lugar o reino, e as demais coisas vos serão acrescentadas” (Mateus
6:33 ). A face do Pai, vem em primeiro lugar e as ‘coisas acrescentadas’,
que é a bênção, será uma sequência natural de nossa atitude de quebrantamento.
Agora: quando a bênção nos
alcança por trás, o que ela faz conosco? Veja como isto é tremendo. Os
estudiosos assim definem a palavra bênção. Há uma unanimidade na interpretação.
Bênção tem sido entendida como o poder espiritual que Deus concede a alguém,
para que alcance sucesso, prosperidade, fecundidade, multiplicação, em suma:
portas abertas! . Há então uma ligação íntima das palavras ‘bênção’ e
‘multiplicação’. Quando o Senhor diz, “Bendito
serás tu na cidade e bendito serás no campo. Bendito o fruto do teu ventre, e o
fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e as crias das tuas vacas e das
tuas ovelhas (…)’ (Dt 28:3,4)
Quer dizer que teremos êxito,
sucesso e prosperidade em todas estas áreas. Bênção então, é um princípio
espiritual multiplicador. Comecei a analisar outras passagens e descobri mesmo
que quase todas as vezes que o termo bênção aparece na Bíblia, ou antes ou
depois dele, vem algo falando de multiplicação e prosperidade. Em Gênesis 1: 28, está escrito, “e Deus os
abençoou, e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos…”. Ainda no capítulo 12 de Gênesis, Deus falou a
Abraão, “…Sê tu uma bênção”, mas nos
versos anteriores, declarou-lhe, “de ti farei uma grande nação, e te
abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção” (v.2).
Há um episódio relatado na
Bíblia, onde Jesus estava num lugar onde não havia comida e tinha perante si
uma multidão de mais de cinco mil pessoas famintas. Lembra-se deste
acontecimento? Alguém lhe trouxe apenas cinco pães e dois peixes, e a Bíblia
diz que Jesus “erguendo os olhos ao céu,
os abençoou. Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às
multidões. Todos comeram e se fartaram…” (Mateus 14:19). Eu poderia citar
muitas outras passagens para provar que bênção é um princípio divino que abre
portas, que prospera.
Em termos práticos, se alguém
atrai o princípio da bênção para áreas de sua vida, como: casamento,
ministério, igreja, finanças, vida profissional, etc., estará sob a influência
de um poder espiritual que o ‘empurrará’ para frente nestas áreas. É exatamente
isto que acontece. Mas a obediência é o princípio chave que chama a bênção para
as nossas vidas. Infelizmente muitos abdicaram desta condição espiritual e
ainda não se arrependeram disto.
O QUE É
MALDIÇÃO?
Como já disse, existem cerca de seis palavras
no hebraico para descrever tipos de maldições e quatro em grego. Mas aqui
apenas nos deteremos a três palavras. A primeira delas é ALAH. Este vocábulo aparece cerca de 35 vezes no Antigo Testamento
e sempre descreve uma maldição com origem na quebra da aliança com Deus. Veja
algumas passagens. No momento histórico de Deuteronômio
27 e 28, quando Deus realizou um pacto com o seu povo, ele adverte: “ninguém que, ouvindo as palavras desta
maldição [ALAH], se abençoe no íntimo, dizendo: Terei paz, ainda que ande na
perversidade do meu coração”; e, ainda diz mais: “O SENHOR o separará de todas as tribos de Israel para calamidade,
segundo todas as maldições [ALAH] da aliança escrita neste livro da lei.”
Também no livro de Daniel, quando ele se refere aos
castigos do descumprimento da lei: “Sim,
todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz;
por isso, a maldição [ALAH] e as imprecações que estão escritas na lei de
Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque temos pecado contra ti.”
Em outras passagens o termo também é sempre usado com este sentido (Isaías 24:6; Jeremias 23:10; 42:18; 44:12).
Podemos dizer , então, mais uma vez que ALAH é a expressão bíblica usada para
descrever a maldição advinda da quebra da nossa aliança com Deus.
A Segunda palavra é QALAL. Este
termo aparece cerca de 130 vezes no Antigo Testamento. O sentido básico de sua
raiz quer dizer “diminuir”, “lidar
desdenhosamente”, “ridicularizar”, “zombar”. Significa desejar a alguém uma
posição inferior ou rebaixá-la de seu estado. O veículo que canalizará este
tipo de maldição é a língua. Na antiguidade atribuía-se grande poder à palavra
falada, e cria-se que zombar ou proferir uma sentença verbal negativa a
qualquer pessoa podia realmente levantar ou provocar poderes destrutivos que
iriam diminuir sua felicidade.
Os pagãos achavam que podiam
manipular os deuses através de suas palavras. É devido a isso que vemos Golias
amaldiçoando a Davi (1Sm 17:43) e
Balaão sendo chamado para amaldiçoar Israel (Nm 22:6). O salmista diz também que os inimigos estão
constantemente proferindo maldições (Sl
62:4; 109:28). QALAL foi ainda usada para expressar o desprezo que Hagar
tinha por Sara (Gn 16:4-5). No
entanto, é bom que se frise o que está escrito em Provérbios: “Como o pássaro
que foge, como a andorinha no seu vôo, assim, a maldição [QALAL] sem causa não cumpre.
” Sendo assim, uma QALAL infundada
não tem valor algum. Em síntese, esta palavra sempre aparece associado à ideia
tradicional de “lançar uma praga”, “proferir
uma maldição”, “verbalizar algo ruim contra uma pessoa ou objeto”. Seus efeitos
podem ser trágicos e duradouros, do ponto de vista espiritual.
Em último lugar temos a palavra ‘ARAR. Neste exato momento, gostaria de chamar especialmente a sua atenção. Temos agora a palavra usada pelas Escrituras para descrever uma pessoa debaixo da maldição. Arar aparece cerca de 63 vezes no Antigo Testamento. Agora, preste atenção na análise da raiz deste termo, vista no Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, “Com base no acadiano ARÃRU, ‘capturar, prender’, e no substantivo IRRITU, ‘armadilha, funda’. No hebraico Arar significa prender (por encantamento), cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir.” É exatamente assim que a maldição atua sobre quem a possuiu: prende-a em uma área de sua vida
Basta
uma rápida olhada no significado de Arar
e notaremos que é exatamente o contrário de Barak (ou seja, bênção). Enquanto barak libera o indivíduo para “prosperar”,
uma Arar irá prendê-lo, cercá-lo, ou
seja, nada irá de fato “andar”. Bênção e maldição são princípios ativos
que, por intermédio de forças espirituais (divinas ou diabólicas), poderão
arruinar ou edificar as diversas áreas da vida humana. A obediência aos
princípios divinos atrai a bênção, mas a desobediência pode ser fatal,
subjugando a pessoa a uma maldição que poderá neutralizar muito os seus
potenciais.
Uma coisa é importante: as duas
maldições anteriormente analisadas, Alah
e Qalal, tão somente representam aspectos descritivos, ou seja, predizem o que
poderá acontecer. Mas Arar é a maldição já acontecida, ou seja,
concretizada. Arar é a condição a que se chegou depois que uma Qalal ou Alah foi movimentada contra
alguém. Arar é o estado de amaldiçoado com todas as suas implicações.
Por exemplo, vamos supor que no
passado uma mãe, contrária ao casamento da filha, tenha dito que tal
relacionamento não daria certo e que a filha iria chorar “lágrimas de sangue” com o esposo. O que essa mãe fez foi
lançar uma Qalal. Quando, após algum
tempo de casada, o marido de fato começar a dar um trabalho terrível e a filha
padecer terrivelmente em suas mãos, ela estará sofrendo os reflexos de uma
Arar, ou seja, a maldição cumprida.
O termo ‘ARAR aparece em diversas passagens bíblicas, sempre com esse mesmo
sentido. Em Gênesis 3:14, Deus disse à serpente: “maldita és entre todos os animais domésticos”; e no versículo 17:
“maldita é a terra por tua causa”. No capítulo 4 de Gênesis Deus também diz a
Caim, “maldito por sobre a terra” (v. 11). No livro de Números, temos o relato
de Balaão sendo convocado por Balaque, para que diga algumas palavras ou recite
algum encantamento a fim de que Israel fique “imobilizado” [Arar], ou seja,
impedido de prosperar em sua campanha de conquista da terra de Canaã (Nm 22:6).
Mas talvez os textos que
descrevam com mais exatidão a realidade terrível de uma Arar encontrem-se em Deuteronômio 27 e 28. “E estes para
amaldiçoar [qalal], estarão sobre o monte Ebal” (v. 13), ou seja, estarão
proferindo as maldições; e do versículo 15 em diante encontramos: “Maldito [‘ARAR] o homem…”. O que infringir
os mandamentos da aliança divina deverá arcar com as consequências da maldição.
No capítulo 28, dos versículos 15 até 68, estão expostos em detalhes os
castigos da desobediência, ou seja, os reflexos de uma Arar. Talvez seja um dos
textos mais terríveis da Bíblia, no que concerne à descrição da severidade do
castigo divino. De fato, não compensa desobedecer.
A
IMPORTÂNCIA DA BÊNÇÃO DOS PAIS
Algumas famílias mais
tradicionais mantêm o antigo costume de abençoar os mais novos na chegada e na
saída, é uma espécie de saudação aos mais velhos. A frase certa é: “Sua bênção,
meu pai. ” Com o tempo, esta expressão virou: Bênça, pai!
Parece uma coisa fora de moda,
ainda mais na sociedade atual onde os filhos tratam os pais de “cara”, é tão
importante quanto necessário se abençoar e pedir a bênção, porque tem um
significado que excede a saudação corriqueira, é uma unidade espiritual e, como
tal, tem seu peso na vida da família.
A bênção é bíblica e tem sua
origem em Israel. Naquela época havia a bênção espiritual e o direito de
primogenitura, que eram coisas diferentes, embora muita gente boa misture
as bolas.O direito de primogenitura consistia nos direitos e expectativa de
direitos do filho mais velho e foi instituído por Deus através de Moisés, em
memória à saída dos hebreus do Egito, quando Deus mandou o anjo da morte
visitar todas as casas dos egípcios e matar todos os primogênitos, tanto de homens
como de animais.
A partir deste episódio todo
primogênito, tanto de homens como de animais, passou a ser do Senhor,
veja: “Santifica-me todo o
primogênito, o que abrir toda a madre entre os filhos de Israel, de homens e de
animais; porque meu é.” (Êxodo
13:2).
Havia uma série de direitos do
filho mais velho. O primogênito tinha direito a porção dobrada da herança do
pai e depois da morte dele, cabia ao primogênito exercer o sacerdócio sobre a
família. Era o filho mais velho quem ficava com o título e poder do pai e
exercia autoridade sobre os irmãos, era o principal membro da família, e no
caso da família de Abraão, a grande herança do primogênito era ficar na linha
genealógica do Messias. Um tremendo de um privilégio.
A Bênção era a invocação paterna
do favor divino sobre seu filho mais velho, era uma maneira de expressar sua
última vontade e não se tratava de uma convenção social, era uma obrigação
sacerdotal, não podia deixar de ser ministrada. A bênção era apenas espiritual,
enquanto que a primogenitura se referia a títulos e bens. O filho mais velho
podia perder o direito de primogenitura por má conduta, por desobediência ao
pai, ou podia até vendê-lo como aconteceu com Esaú.
Vamos começar do começo. Rebeca
estava grávida de gêmeos e os bebês lutavam em seu ventre e ela buscou ao
Senhor para saber a razão daquilo e o Senhor revelou a Rebeca: “Duas nações há no teu ventre, e dois povos
se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo,
e o maior servirá ao menor.”(Gênesis
25:23). Era uma profecia e Rebeca guardou estas palavras em seu coração,
dela haveria de nascer duas nações divididas e foi o que aconteceu.
Cumprido seus dias Rebeca deu à
luz os gêmeos. O primeiro a sair era ruivo e coberto de pelos e foi chamado Esaú,
que significa homem peludo. O segundo a sair da madre veio agarrado ao
calcanhar de seu irmão e lhe deram o nome de Jacó, que não significa usurpador,
mas, sim, suplantador, aquele que luta e vence.
Pois bem. Os garotos cresceram e
continuaram bem diferentes um do outro e não só na aparência, Esaú era caçador,
sabia manejar bem o arco e Jacó era caseiro, a Bíblia diz que Jacó era simples
e habitava em tendas. Isaque amava Esaú e não por que ele era o primogênito,
mas porque ele gostava de caça, porém Rebeca amava Jacó.
Neste ponto é possível imaginar
que Rebeca nunca tenha esquecido a profecia que recebeu, segundo a qual o maior
serviria o menor, só tinha um probleminha, o primogênito era Esaú e Rebeca não
conseguia entender como se cumpriria a palavra profética.
Um dia Jacó fez um guisado de
lentilhas e Esaú chegou do campo cansado e sem ter tido sorte na caça, nada
tinha para comer e ele pediu a seu irmão para comer o guisado de lentilhas.
Jacó, esperto todo, disse que não daria o guisado, mas o venderia pelo direito
de primogenitura dele. Esaú fez pouco caso de seu direito de primogenitura e a
vendeu a seu irmão Jacó, com direito a juramento e tudo. Se fosse hoje em dia
esta conversa teria acabado em cartório, com carimbos e firma reconhecida, mas
naquela época bastava o juramento.
O tempo passou, Isaque ficou
velho e quase cego. Achando que se aproximava o dia de sua morte ele chamou
Esaú mandou que ele fosse caçar e depois fizesse para ele um guisado do jeito
que ele gostava, porque era chegada a hora e ele daria a bênção da
primogenitura ao seu filho mais velho. Esaú era mais velho que Jacó só um
calcanharzinho, mas era dele o direito da primogenitura.
Esaú já tinha vendido sua
primogenitura a Jacó, mas não foi honesto e nada disse a seu pai Isaque. Apesar
do juramento feito e do direito vendido, Esaú queria ficar com a melhor parte:
a bênção da primogenitura.
Não ficou assim, porque Rebeca
ouviu a conversa dos dois e resolveu dar uma mãozinha para Deus e fazer de seu
filho predileto receber além dos direitos, a bênção da primogenitura. Este é o
problema de muita gente boa, achar que pode dar uma ajudinha para que a palavra
de Deus seja cumprida.
Rebeca teve uma ideia brilhante e
mandou Jacó tirar do rebanho dois cabritos e os preparou do jeitinho que Isaque
gostava, mandou Jacó vestir as roupas de gala de Esaú que estavam com ela, para
enganar o olfato de Isaque e cobriu as mãos e o pescoço de Jacó com as peles
dos cabritos, isso porque Jacó não tinha os pelos no corpo como Esaú e mandou
Jacó se apresentar a seu pai e pedir a bênção.
Jacó fez tudo o que sua mãe
mandou. Isaque estava velho, meio cego, mas não era bobo e estranhou a rapidez
da caça e a voz do filho e disse: “A
voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú.”(Gênesis 27:22). Depois de comer,
Isaque deu a bênção da primogenitura a Jacó, como se ele fosse Esaú e Jacó saiu
de sua presença.
Não demorou nadinha e Esaú chegou
todo feliz com o guisado da caça para seu pai e pediu sua bênção. Bem aí tem
uma coisa muito importante. Isaque soube que havia sido enganado por Jacó e
mesmo assim não pode abençoar Esaú, porque esta bênção é única e ela já havia
sido dada ao outro filho e Isaque nada podia fazer para reparar o erro e
abençoar seu filho, ainda que fosse o mais velho e seu favorito. Isso significa
que a bênção do Senhor é única para a vida de cada um de nós, Deus não abençoa
no atacado e nem repete bênção.
Pois é, Esaú desprezou seu
direito de primogenitura e perdeu também a bênção da primogenitura. Depois
disso Esaú quis matar Jacó, mas Rebeca fez Jacó sair de sua terra, da casa de
seu pai e procurar esposa entre suas primas na casa de Labão, seu irmão, que
ficava bem longe de Esaú. E aí começou a história de Jacó.
Não podemos desprezar as coisas
espirituais, as oportunidades de encontrar com Jesus e, principalmente, a
bênção de Deus em nossas vidas e a bênção de nossos pais sobre nós. Deus usou
Isaque para abençoar Jacó, assim como usa os pais para abençoar os filhos de
geração em geração. Portanto, pais abençoem seus filhos, filhos honrem seus
pais para que vos sejam acrescentados dias na terra. Irmãos amai-vos uns aos
outros, abençoai aos vossos irmãos, profetizai bênçãos sem medida, recalcada e
sacudida na vida de seus irmãos e não vos esqueçais de vosso Pai que está nos céus.
Amém!
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