LER O LIVRO DE SALMOS PARA QUÊ? (J.F.de ASSIS)
ENTENDENDO O LIVRO DE SALMOS (J.F.de ASSIS)
O livro de Salmos é um cântico sagrado dos hebreus acompanhado de
instrumentos de cordas, como o Saltério (nebel). O saltério (como também é
conhecido o Livro de Salmos) é da família dos cordofones. Trazido pelos
árabes, é um dos instrumentos de cordas mais importantes durante a idade média
trovadoresca, aparecendo inúmeras vezes representado na iconografia e referido
em fontes escritas ele vai sendo desenvolvido e evoluindo até ao renascimento
acabando por dar origem aos instrumentos de teclas da família do cravo.
A sua origem é longínqua.
Remonta pelo menos a 300 a.C., quando era utilizado no domínio religioso para
acompanhar os salmos. No século XII este instrumento é composto por uma caixa
de ressonância triangular ou trapezoidal integrando de sete a dez cordas que se
beliscam - daí a sua denominação que designava, na Grécia Antiga, todos os
instrumentos tocados com os dedos e não com o plectro. Na caixa de ressonância
encontramos de sete a dez cordas fixas através de cavilhas.
A caixa de ressonância tem
normalmente a forma de um trapézio, dois ordenamentos de cordas em
correspondência dos lados oblíquos, cordas essas que se encontram distantes
umas das outras, de modo a poderem ser beliscadas com os dedos, ou então
percutidas com plectros ou com uma vara em metal ou madeira, criando ou uma
melodia ou um acompanhamento rítmico. Este instrumento musical tem
algumas variantes e o fato de ter um tamanho pequeno tornou-o funcional e fácil
de transportar e hoje ainda é usado, sobretudo no continente europeu, para
acompanhar o canto.
Enquanto que o saltério
de arco é
em geral em forma de triângulo e as cordas encontram-se mais próximas e sobre o
mesmo plano, no caso do saltério ibérico, as
cordas podiam ser pulsadas com os dedos ou percutidas com martelos. É também
acompanhado por outros instrumentos de cordas como a lira ou harpa. O Livro de
Salmos é uma composição de 150 textos poéticos de lamentação, súplica, louvor,
ação de graças, de tempos e lugares diferentes. Essa coleção chama-se em
hebraico, O Livro dos Salmos.
Em grego, Psalmos, isto é,
“Poemas adaptados à música”. É o primeiro e mais comprido dos livros do
Hagiógrafo, a terceira divisão da Bíblia hebraica.
O livro de Salmos é um dos mais
estimados e usados do Antigo Testamento e, ao mesmo tempo, um dos mais
problemáticos do cânon. Questões relativas à autoria, composição, teologia,
interpretação, aplicação e função contribuem para a complexidade do livro. O
fato de muitos cristãos, ao longo dos séculos, terem encontrado consolo em suas
páginas em tempos de necessidade, sem jamais considerar estas questões, serve
de testemunho do poder de Deus de ministrar por meio dos livros das Escrituras.
Os primeiros salmos a serem agrupados, e
que mais tarde dariam origem ao Saltério, foram denominados “Orações de Davi,
filho de Jessé”. Outros foram compostos durante o exílio. Contudo foi durante o
reinado de Salomão e o exercício do serviço litúrgico e religioso no primeiro
Templo, que os salmos definitivamente passaram a fazer parte da tradição
judaica. Assim, o livro dos Salmos é a compilação de várias
coletâneas da fina obra literária bíblico-canônica judaica (poemas, hinos e
cânticos espirituais) e representa a etapa final de um processo que demandou
séculos de história. Foram os mestres e servos pós-exílicos do Templo,
entretanto, que completaram e concluíram a coletânea final de 150 salmos, ao
final do século III a.C.
Os salmos refletem tanto o caráter
histórico como devocional. Muitos acontecimentos da história são apresentados:
a criação do homem (8.5), a aliança estabelecida com Abraão e seus descendentes
(105.9-11), o sacerdócio de Melquisedeque (110.4), Isaque, Jacó, Moisés e Arão
(105.9-45), a libertação do Egito e a herança Cananéia (78.13; 105.44). Muitos
outros exemplos poderiam ser citados.
DATA
Ao questionarmos a data da publicação
dos salmos, uma primeira pergunta se faz necessária: de qual salmo
especificamente estamos falando? Porquanto o Saltério é composto de salmos que
vão desde a época pré-exílica, passando por todo o tempo de cativeiro, até o
pós-exílico. II Sam.
15: 1-13 Absalão
filho do rei Davi, preparou um golpe para depor seu pai do gover-no de Israel.
Após uma campanha ilícita e fraudulenta conquistou o coração do povo. Absalão
se auto proclamou rei de Israel estando ele na cidade de Hebrom, distante 29
quilômetros de Jerusalém. A notícia chegou logo a Jerusalém causando um grande
alvoroço em todo o palácio real, e agora o que fazer? O rei Davi não reagiu
defensivamente convocando o exército para combater Absalão, não, ao contrário,
convocou seus homens seus ser-vos e disse; “fujamos porque não poderíamos
escapar diante de Absa-lão”. Ver II Sam. 15: 14. Que contraste. Parece-nos que
o rei Davi se aco-vardou diante da situação, parece, mas não foi covardia não.
Davi era ho-mem de Deus que só agia sob a direção explicita de Deus, o que no
mo-mento ele não tinha por isso tomou esta decisão até que o Senhor lhe
decla-rasse o que devia fazer.
Esta fuga do rei Davi
tem pelo menos cinco lições maravilhosas a nos ensinar; Primeira Lição: O REI DAVI
SE HUMILHOU; No Salmo: 41: 4; Davi faz a seguinte oração, “Senhor, tem piedade de mim; sara a minha
alma, porque pequei contra ti”. Deus permite algo não muito agradável
acontecer conosco, para nos ensinar, para aprimorar nosso caráter e isso não é
fácil, pois nos machuca, fere o nosso ego, mas no final somos abençoados e
crescemos espiritualmente. Esse acontecimento fez com que o rei Davi aprendesse
a lição da humildade, ele era o rei, mas nem por isso fez valer sua autoridade
de rei, porém humilhou-se. O Senhor Jesus disse “Porque qualquer que a si mesmo
se exalta será humilhado, mas qualquer que a si mesmo se humilhar será
exaltado”. Lucas: 18: 14. A humildade é uma qualidade que enobrece o ser humano
e tem a aprovação de Deus. É bom lembrar que a humildade não é um dom que
recebemos de Deus, mas uma virtude que desenvolvemos dentro de cada um de nós,
veja o que Jesus disse: “qualquer que a si mesmo se humilha”. O rei Davi foi
abençoado e vitorioso porque aprendeu a ser humilde.
Segunda lição: CONFIAR SOMENTE NO SENHOR. “A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação. Só ele é a minha rocha e a minha defesa; não serei grandemente abalado”. Salmo: 62: 1,2. O rei Davi era um guerreiro, sabia usar as armas militar, tinha a seu dispor no mínimo seiscentos homens valentes e mui bem preparados para combater no campo de batalha, mas preferiu confiar no Senhor, tinha certeza que no momento certo Deus, lhe daria a vitória sem com tudo derramar uma gota de sangue. Confiar em Deus é uma grande qualidade dos servos de Deus, com tudo não é cruzarmos os braços e ficar esperando Deus fazer, mas confiar em Deus é fazer a nossa parte e acreditar que o impossível “ELE” com certeza faz. Quando tudo nos parece sombrio e temeroso podemos confiar no Senhor, e descansar, pois, ELE é refugio e sombra para descansar nossa alma abatida.
Terceira lição: NÃO SE IRAR
INUTILMENTE. “Irai-vos e não
pequeis; falai com o vosso coração sobre a vossa cama e calai-vos”. (Salmo: 4:
4). Quando tudo dá errado, quando somos privados de nossos direitos ficamos
nervosos, tentamos jogar a culpa em alguém, esbravejamos e até ficamos irados.
Quando isso acontece queremos fazer justiça com as nossas próprias mãos, mas
não é este o propósito de Deus para o homem. A ira é um pecado que leva o ser humano
a cometer outros pecados e assim ao invés de resolver o problema piora muito
mais. A bíblia sagrada relata-nos a história de Caim e Abel da seguinte forma; “irou-se Caim fortemente, contra seu irmão
Abel e descaiu-lhe o seu semblante”. (Gênesis 4: 5). Caim deixando-se
dominar pelo pecado da ira cometeu outro pecado, o assassinato, matando seu
irmão Abel. O rei Davi tinha tudo para ficar irado com seu filho Absalão, mas
preferiu manter a calma, pois sabia que a vingança pertence a Deus, e que o
Senhor cuida de seus servos que lhe são fiéis. “Minha é a vingança e a
recompensa ao tempo que se resvalar seu pé; porque o Senhor fará justiça ao seu
povo e terá compaixão de seus servos”. (Deuteronômio
32: 35,36).
O apóstolo Paulo nos adverte; “Irai-vos
e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”. (Efésios 4:26).
Quando tomamos a iniciativa de fazer justiça com as próprias mãos erramos
gravemente até porque somos pecadores tanto quanto nosso semelhante, talvez não
cometesse o mesmo erro, mas cometemos erros mais graves contra outras pessoas,
portanto nós seres humanos não temos competência para julgar quem quer que
seja, vejamos o que diz o apóstolo Paulo: “Portanto,
és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas
a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo”. (Romanos
2:1). Aprendamos com o rei Davi a deixar a vingança para o Senhor, pois ele
é o justo juiz que castiga todo aquele que precisa e isto faz com muito amor e
carinho não para destruir ou matar, mas
restaurar e salvar a todos.
Quarta lição: LOUVAR A DEUS EM
MEIO AOS SOFRIMENTOS. “Bendito seja o Senhor Deus de Israel, de século em
século, AMÉM, AMÉM”. Louvar a Deus em meio ao sofrimento, perseguições e,
traição não é nada fácil, no caso do rei Davi era pior, pois estava sendo
traído por seu próprio filho, porém o rei Davi ao invés de reclamar falar mal
de tudo e de todos louvava a Deus e adorava-o. O apóstolo Paulo nos ensina; “E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por
seu decreto”. (Romanos 8:28). Todo verdadeiro servo de Deus, deve estar
consciente disso, que tudo o que acontece com ele não é por acaso mesmo não
sendo algo bom e agradável, Deus tem um propósito, tem alguma coisa importante
a nos ensinar e nos aprimorar para podermos ensinar outros com quem convivemos
e que passa por situações semelhantes, portanto devemos louvar a Deus ainda que
seja com lagrimas de sofrimento.
Quinta lição: AMAR A CASA DE DEUS.
“Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei;
que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar
a formosura do Senhor e aprender no seu santo templo”. (Salmo: 27: 4). A
tranquilidade, a fartura nos faz acomodar e desprezar o que temos de melhor. “A alma farta pisa o favo de mel, mas para
alma faminta todo amargo é doce”. (Provérbios 27:7). Vivemos em um país
onde há liberdade total para professarmos nossa fé, apoio das autoridades e até
garantias constitucionais para realizarmos o culto, mas nem sempre essas
bênçãos são devidamente valorizadas. Por termos liberdade excessiva deixamos de
frequentar os cultos por qualquer motivo às vezes até banal, não valorizamos a
liberdade, a saúde e outras bênçãos que desfrutamos no momento, porque deixar para
quando a velhice chegar à visão se tornar um obstáculo? Amemos a casa do
Senhor, glorifiquemos a ELE, pois é digno de toda honra e Glória.
O processo de descobrimento,
seleção e formação da coletânea canônica dos salmos levou vários séculos, e foi
concluído somente no final do século III a.C. Considerando que metade de todo o
Saltério é de autoria de Davi (ou davídicos), e que quase todos foram
originados no período áureo de Israel e alguns até mais tarde, podemos datar as
primeiras publicações dos Salmos por volta do ano 1000 a.C.
AUTORES DOS SALMOS
Falamos de Salmos como sendo de Davi.
Ele é considerado o autor principal, dá a nota dominante, e a sua voz se
sobressai às outras no coro sagrado. Mas houve outros autores além dele.
De acordo com os títulos, Davi foi o
autor de 73 salmos, Asafe foi autor de 12, os filhos de Coré foram autores de
11, Salomão foi autor de 2, e Moisés e Etã foram autores de 1 salmo cada.
Nenhum autor é mencionado no caso de 50 dos salmos. A Septuaginta adiciona Ageu
e Zacarias como autores de 5 salmos. Salmos de Davi: 3 a 9, 11 a 32, 34 a 41, 51 a 65; 68 a 70, 86, 101, 108 a 110, 122,
124, 132, 133, 138 a 145. Salmos de
Salomão: 72 e 127. Salmos dos
filhos de Coré: 42, 44 a 49, 84,
85, 87 e 88. Os filhos de Coré formavam uma família de sacerdotes e poetas
no tempo de Davi. Salmos de Asafe:
50, 73 a 83. Asafe era um dos
principais músicos de Davi. A família de Asafe era encarregada da música de
geração em geração. Salmo de Etã:
89. Salmo de Moisés: 90. É
provável que em alguns casos, o nome atribuído ao autor de certos salmos possa
referir-se melhor ao compilador do que ao autor.
ORGANIZAÇÃO DOS SALMOS
Já sabemos que os salmos 1 e 2 servem
de introdução geral ao livro e que os salmos de ligação são uteis para
discernirmos o propósito do organizador. Que conclusões podem ser tiradas deles
quanto ao propósito e a mensagem do organizador? O Salmo 1 traça a distinção
nítida entre a conduta do justo e a do ímpio. Também fala de seus respectivos
destinos. Percebemos que o organizador apresenta com precisão um dos temas
principais dos salmos: o interesse pelo galardão dos justo e o castigo dos
ímpios.
O Salmo 2 apresenta a ideia de que
Deus escolheu o rei israelita e o defendeu das conspirações dos
reinos. Apresenta-se aqui o aspecto nacional em contraste com o
aspecto individual. Esses dois níveis de mensagem (individual e nacional)
unem-se em Davi. Ele representa o justo necessitado de apoio divino. Também é o
rei de Israel por excelência, que representa não só Israel, mas também todos os
reis sucessivos de sua linhagem. Seu amor a Deus levou o Senhor a escolhê-lo
como rei e estabelecer a aliança do Reino com ele.
PROPÓSITO E MENSAGEM
Cada autor possuía um propósito
especifico para compor um salmo. Os comentários mais antigos sugerem a situação
histórica por trás de cada salmo, mas essa prática era altamente especulativa e
não produziu resultados satisfatórios. É provável que muitas composições tenham
sido feitas para suprir necessidades litúrgicas.
Devemos estar dispostos a considerar toda
a gama de situações possíveis. Alguns salmos foram motivados possivelmente por
acontecimentos históricos específicos, por exemplo, treze deles citam
ocorrências históricas no título: 3, 7,
18, 34, 51, 52, 54, 56, 57, 59, 60, 63 e 142. Todos são da autoria de Davi.
Outros devem ter sido escritos para ocasiões litúrgicas distintas. Mas alguns
podem ter sido meditações pessoais. A questão é que não há propósito unificado
ou mensagem identificada como uma linha de pensamento unificada nos salmos.
DIVISÕES E TÍTULOS DOS SALMOS
Na sua edição final, o Saltério
continha 150 salmos. Quanto a isso, a Septuaginta e o texto hebraico concordam,
embora cheguem a essa cifra de modo diferente. A Septuaginta tem um
salmo a mais no fim (mas não com a numeração separada, como Salmo 151); além
disso, une os salmos 9 e 10 num só salmo, e faz o mesmo com os salmos 114 e
115, dividindo os salmos 116 e 147 em dois salmos cada um. É estranho que tanto
a Septuaginta quanto o texto hebraico numerem os salmos 42 e 43 como dois
salmos, embora fique evidente que originariamente eram um só.
O Saltério era dividido em cinco
livros (Salmos 1 a 41, 42 a 72, 73 a 89,
90 a 108, 109 a 150), cada um desses livros recebia uma doxologia final
apropriada. Os dois primeiros livros eram provavelmente pré-exílicos. A
despeito dessa divisão em cinco livros, o Saltério era claramente considerado
uma só obra global, com uma introdução (Salmos
1 e 2) e uma conclusão (Salmos 146 a
150).
Os salmos do primeiro livro são
atribuídos a Davi, exceto o primeiro, o segundo, o décimo e o 33º, que são
chamados de órfãos por não se conhecerem o nome de seus autores. Na
Septuaginta, os salmos que compõem o primeiro livro são atribuídos a Davi,
exceto o primeiro, que serve de introdução, e o segundo. O décimo está
incorporado ao nono e o 33º traz o título, “A Davi”. O nome divino de Jeová
aparece geralmente nos salmos que compõem esse livro.
O segundo livro contém 31 salmos. Os
primeiros oito fazem parte de uma coleção de cânticos atribuídos aos filhos de
Coré. O salmo 43, quer tenha sido escrito por eles, quer não, foi composto para
conclusão do salmo 42. Esse grupo é seguido de um salmo de Asafe. Vem depois de
um grupo de 20 salmos pertencentes a Davi, exceto dois, o 66 e o 67; este
último, porém, a Septuaginta o registra como sendo de Davi. O livro fecha com
um salmo anônimo e outro salomônico, 71 e 72. Nesse livro predomina a palavra Elohim para
designar a pessoa divina, e dois salmos são duplicados de outros dois do
primeiro livro, nos quais a palavra Deus é substituída pela de Jeová.
O terceiro livro contém 17 salmos. Os
primeiros 11 são atribuídos a Asafe, quatro aos filhos de Coré, um a Davi e
outro a Etã. Os salmos desse livro foram colecionados depois da destruição de
Jerusalém e do incêndio do templo (74.3,7,8; 79.1). O quarto livro contém
igualmente 17 salmos, o primeiro é atribuído a Moisés e dois a Davi; os 14
restantes pertencem a autores anônimos. A Septuaginta dá 11 a Davi, deixando
apenas cinco para autores anônimos, 92, 100, 102, 105 e 106. O quinto livro
contém 28 salmos anônimos, enquanto que 15 são atribuídos a Davi e um a
Salomão. As inscrições diferem muito na Septuaginta. A coleção dos salmos desse
livro foi feita tardiamente porque inclui odes que se referem ao exílio, 126 e
137. Observa-se, pois, que a composição dos salmos demandou grande período de
tempo.
Dos 150 salmos, somente 34 não tem
título. Esses chamados salmos “órfãos” acham-se sobretudo do terceiro ao quinto
livro, em que tendem em ocorrer em grupos pequenos: Salmos 91, 93 a 97, 99, 104 a 107, 111 a 119, 135 a 137 e 146 a 150.
No primeiro e no segundo livro, somente os Salmos
1, 2, 10, 33, 43 e 71 não tem título e, na realidade, os salmos 10 e 43 são
continuações dos anteriores.
TERMOS QUE EXPRIMEM O CARÁTER DO SALMO
Masquil: poema didático, ou refletivo. Mictão: epigramático. Na literatura representa o gênero
poético criado na Grécia e popularizado em Roma, consistente em poesias curtas
(alguns poucos versos ou estrofes) de conteúdo concentrado e incisivo, de fácil
memorização e agradável leitura.
Mizmor: poema lírico. Selah (Pausa): Esse é o termo técnico que mais aparece nos
salmos. Aparece setenta e uma vez em trinta e nove salmos e três vezes em
Habacuque 3.
Visto que é impossível determinar
se a colocação da palavra é original ou foi introduzida por editores ou
copistas, seu objetivo preciso permanece incerto. Dentre as sugestões
para seu significado está "pausa" ou
"interlúdio", indicando um intervalo no texto ou na execução musical
do salmo. Também é possível que seja uma deixa para o coral repetir uma afirmação,
ou para um instrumento específico, possivelmente um tambor, fosse tocado para
marcar o ritmo ou enfatizar uma palavra.
CLASSIFICAÇÃO DOS SALMOS
A classificação detalhada dos salmos
é de difícil definição, visto que são altamente poéticos, e um salmo pode tocar
em diferentes temas. Porém podemos sugerir diversas categorias: Salmos teocráticos: 95 a 100.
Cânticos de degraus ou de romagem: 120 a 134.
Cantados provavelmente, pelos peregrinos subindo às festas anuais de Jerusalém.
Salmos de aleluia: 146 a 150. Salmos acrósticos: 9,10, 25, 34, 37, 111, 112, 119 e 145. No hebraico a primeira
letra de cada linha, ou de cada estrofe, em ordem, segue a ordem do alfabeto
hebraico. No Salmo 119, cada estrofe tem 8 linhas e cada linha começa com a
mesma letra hebraica da sua estrofe. Esse salmo tem 176 versículos e em todos esses
versículos, a não ser em 3, menciona-se a palavra Deus. Referem-se a Palavra de
Deus como: Lei, Prescrições, Caminhos, Mandamentos, Preceitos, Juízos, Decretos
e Testemunhos. Salmos messiânicos:
os hinos da vinda do Messias: 2, 8, 16,
22, 45, 72, 89, 110, 118, 132 e outros. Salmos penitenciais: 38,130,
e 143.
Salmos imprecatórios: 69, 101, 137 e porções dos salmos 35, 55 e 58. Nesses salmos, Davi pede a Deus,
vingança contra seus inimigos e os inimigos de Deus. Salmos históricos: 78,81, 105 e 106. Salmos de louvor: Os hinos são
facilmente reconhecidos pelo seu exuberante louvor ao Senhor. Deus é louvado
pelo que ele é e pelo seu poder e misericórdia. Salmos 8,24,29,33, 47 – 48. Lamentos: os
lamentos expressam uma emoção oposta àquela de louvor. No lamento, o salmista
abre seu coração honestamente a Deus, um coração muitas vezes cheio de
tristeza, medo ou mesmo ira. Salmos 25,
39, 51, 86, 102 e 120.
CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
O Saltério é poesia do começo ao fim,
embora contenha muitas orações. Os salmos são apaixonados, vívidos e concretos;
são ricos em figuras de linguagem, como por exemplo as símiles e metáforas. As
assonâncias, as alterações e os jogos de palavras também são abundantes no
texto hebraico. O uso eficaz de repetições é característico, bem como o acúmulo
de sinônimos e complementos para preencher o quadro. Palavras-chave muitas
vezes ressaltam temas de maior importância nas orações ou nos cânticos.
A poesia hebraica não tem rimas, nem métrica regular. Sua característica
mais diferenciada e comum é o paralelismo. O maior dos versos é composto de
dois (às vezes três) segmentos equilibrados entre si (muitas vezes, o
equilíbrio não é rigoroso, e o segundo segmento é em geral um pouco mais breve
que o primeiro). O segundo segmento ecoa, contrapõe ou complementa
estruturalmente o primeiro. Esses três tipos são generalizações e não são
totalmente satisfatórios para classificar a rica variedade que a criatividade
dos poetas conseguiu realizar dentro da estrutura básica dos dois versos. Podem
servir, no entanto, de distinções genéricas que ajudarão o leitor.
Saber onde os versos (ou segmentos do
verso original) em hebraico começam ou terminam é às vezes, questão incerta.
Até mesmo a Septuaginta divide os versos de maneira diferente dos textos
hebraicos hoje existentes. Não é de admirar, portanto que as traduções atuais
às vezes divirjam entre si.
TEOLOGIA DOS SALMOS
Assim como o Saltério foi composto
durante o período do Antigo Testamento, assim também a teologia dos salmos é
tão abrangente como a teologia do Antigo Testamento. Martinho Lutero denominou
o Livro dos Salmos de: “Uma Pequena Bíblia e o Restante do Antigo Testamento”.
Os leitores cristãos
dos Salmos dão atenção especial à relação entre estes cânticos antigos e Jesus
Cristo. Após sua ressurreição, Jesus falou a seus discípulos que “importava que se cumprisse tudo o que
sobre mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lucas
24:44). O Antigo Testamento, inclusive os Salmos, aguardavam a vinda de
Cristo, o seu sofrimento e a sua glória.
Jesus e os escritores do Novo Testamento fazem extenso uso dos Salmos
para expressar seu sofrimento (Mateus
27:46) e a sua glorificação (Mateus
22:41 – 46). Além disso, Jesus foi revelado como objeto de culto dos
Salmos. Uma vez que Cristo é a Segunda Pessoa da Trindade, os hinos e os
lamentos dos Salmos são dirigidos a ele, assim como ao Pai e ao Espírito. Jesus
é ao mesmo tempo, cantor dos Salmos (Hebreus
2:12) e o seu principal tema.
Um dos nossos maiores benefícios no estudo dos
Salmos é que somos capazes de, através destes belos poemas, aprender quanto
Deus significava para Davi. Especialmente quando estudamos a vida de Davi
e então consultamos os Salmos para relacioná-los com suas experiências da vida,
os Salmos se tornam uma rica fonte cheia de verdades construtivas e
fortalecedoras sobre nosso Criador.
Por exemplo, Davi se
achou frequentemente em sofrimento. Por causa de seu próprio pecado, ou
como resultado de um malévolo inimigo, ele sofreu aflições repetidamente.
O modo como reagiu sob pressão se torna um bom estudo para nós. E o
testemunho de Salmos é que Davi estava predisposto a confiar em Deus quando
estava sob pressão. Esta é uma razão pela qual ele chamou Deus sua rocha,
sua cidadela, libertador e escudo (Salmos
18:2). Muitos dos Salmos entram nesta categoria. O Salmo 31 poderia
ser rotulado um salmo de libertação. A provação de Davi é descrita junto
com sua reação.
A provação de Davi. Ele foi apanhado "no laço", ou seja, na armadilha dos seus inimigos (31:4) e cercado pela idolatria (31:6). Ele estava sofrendo aflição e angústia da alma (31:7) nas mãos de seus inimigos (31:8). Ele estava sendo caluniado e conspiravam contra ele (31:13). Ele disse: "Compadece-te de mim, Senhor, porque me sinto atribulado; de tristeza os meus olhos se consomem, e a minha alma e o meu corpo. Gasta-se a minha vida na tristeza, e os meus anos, em gemidos; debilita-se a minha força, por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem. Tornei-me opróbrio para todos os meus adversários, espanto para os meus vizinhos e horror para os meus conhecidos; os que me veem na rua fogem de mim" (31:9-11).
A reação de Davi a
esta provação foi procurar refúgio no senhor. "Em ti, Senhor, me refugio; não
seja eu jamais envergonhado; livra-me por tua justiça. Inclina-me os
ouvidos, livra-me depressa; sê o meu castelo forte, cidadela fortíssima que me
salve. Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome,
tu me conduzirás e me guiarás. Tirar-me-ás do laço que, às ocultas, me armaram,
pois tu és a minha fortaleza. Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me
remiste, Senhor, Deus da verdade" (31:1-5).
Por causa de sua predisposição de confiança no Senhor, esta foi a reação
de Davi: pregar (31:23-24), louvar (31:19-21) e chorar ao Senhor seu Deus
(31:22). Quando nos encontramos no
meio de uma provação desagradável, qual é nossa reação? Voltamo-nos, quase impulsivamente,
para algum recurso mundano? Enganamo-nos pensando que temos dentro de nós
a capacidade para enfrentar e sermos corajosos (humanismo)? Ou nos
aproximamos de Deus e fazemos dele nosso refúgio? Quando em angústia, não
podemos fazer nada melhor do que confiar em Deus e olhar para seu semblante de
amor e misericórdia.
Precisamos cultivar a mesma predisposição de confiança que observamos em
Davi. Lutero disse que este Salmo "é falado na pessoa de Cristo e seus
santos, que são afligidos toda a sua vida, internamente pelo tremor e o alarme,
externamente pela perseguição, a calúnia e o desprezo, por amor da palavra de
Deus, e mesmo assim são livrados por Deus de todos eles e
confortados."
O Salmo 31 é um dos
muitos salmos de libertação, escritos para nos levar a uma união mais íntima
com nosso Deus, para que possamos procurá-lo para nos ajudar e nos
segurar. Paul Earnhart, uma vez, observou a respeito dos Salmos: "Muitos filhos de Deus têm repousado
seu coração nas orações daqueles antigos adoradores. Encontramos neles o eco de
algum modo confortante de nosso desespero angustiado e sabemos que não somos os
primeiros filhos de Deus a lutar a sós com temores. Nem os primeiros, nesse
assunto, a conhecer uma alegria toda absorvente".
1 Em ti,
SENHOR, me refugio; não seja eu jamais envergonhado; livra-me por tua justiça.
O cristão clama pela justiça de Deus com a certeza da segurança e da proteção
que o Senhor nos oferece, pois, o Senhor é o nosso socorro bem presente na hora
da angústia. O Senhor é o nosso refúgio e fortaleza, com Ele alcançamos
misericórdia e abrigo seguro. Se conhecemos ao Senhor que servimos, temos a
plena convicção de sua resposta e não seremos envergonhados pois, Deus não é
filho do homem para que minta.
2 Inclina-me
os ouvidos, livra-me depressa; sê o meu castelo forte, cidadela fortíssima que
me salve. Com Deus temos a certeza de sermos ouvidos, pois o Senhor inclina
os seus ouvidos para ouvir os justos e retos. O Senhor se mostra inabalável,
rocha indestrutível, e as portas do inferno não prevalecerão contra os que
confiam no Senhor, pois Ele é como a cidadela fortíssima, nosso castelo forte,
onde o inimigo não pode transpor, pois o crente forte, fecha as portas e
reforça os ferrolhos em Deus. E a sua oração é ouvida e atendida, pois o Senhor
ama os que O buscam pela madrugada.
O termo hebraico para
“fortificação” tem o sentido básico de uma praça inexpugnável, inacessível. (Zacarias 11:2).
As fortificações duma cidade eram caras e difíceis, e exigiam uma adequada
força de defesa, de modo que nem todas as cidades eram fortificadas. As cidades
maiores usualmente eram muradas; as localidades menores na mesma região,
conhecidas como aldeias dependentes, não tinham muros. (Josué
15:45, 47; 17:11)
Os habitantes destas localidades podiam fugir para a cidade murada no caso da
invasão por um inimigo. As cidades fortificadas serviam assim de refúgio para o
povo daquela região. As cidades também eram fortificadas quando se encontravam
num ponto estratégico, para proteger estradas, fontes de água, rotas para bases
de suprimentos e linhas de comunicação.
A força e a altura das
fortificações de muitas cidades na Terra da Promessa eram tais, que os espias
infiéis, enviados por Moisés para espiar Canaã, relataram que “as cidades
fortificadas são muito grandes” e “fortificadas até os céus”. Do seu ponto de
vista sem fé, as cidades pareciam inexpugnáveis. (Números
13:28; Deuteronômio
1:28). As cidades nas terras
bíblicas, em geral, abrangiam uma área de apenas poucos hectares. Algumas,
porém, eram bem maiores. As capitais do Egito, da Assíria, da Babilônia, da
Pérsia e de Roma eram excepcionalmente grandes. Babilônia era uma das mais bem
defendidas cidades dos tempos bíblicos. Ela não só tinha muralhas
extraordinariamente fortes, mas estava situada junto a um rio que constituía um
excelente fosso defensivo, bem como um suprimento de água. Babilônia achava que
podia reter seus cativos para sempre. (Isaías 14:16, 17).
Mas a cidade foi tomada numa só noite pela estratégia de Ciro, o persa, que
desviou o Eufrates, para que as forças dele pudessem entrar na cidade através
dos portões na muralha ao longo do cais.
Três fatores essenciais
eram necessários para uma cidade fortificada: (1) muralhas para atuar como barreira para o inimigo,
(2) armas com que as forças defensoras pudessem retaliar para repelir os
atacantes, e (3) um adequado suprimento de água. Alimentos podiam ser
estocados em tempos de paz; mas um suprimento constante e acessível de água era
essencial para que a cidade pudesse suportar um sítio prolongado.
A cidadela costumava
ser construída no ponto mais alto duma cidade. Tinha uma torre fortificada e
suas próprias muralhas, menos maciças do que as muralhas em torno da cidade. A
cidadela era o último baluarte de refúgio e resistência. Quando os soldados do
inimigo faziam brechas nas muralhas da cidade, eles tinham de lutar pelas ruas
da cidade para chegar à torre. Em Tebes havia uma torre assim, que Abimeleque
atacou depois de capturar a cidade, e da qual uma mulher lhe quebrou o crânio
por jogar-lhe na cabeça uma mó superior. (Juízes 9:50-54).
3. Porque tu
és a minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e
me guiarás. É o Senhor quem nos guia com sua destra, somos conduzidos pelas
veredas da justiça, por um caminho seguro onde o inimigo não se aproxima nem
espreita, porque o Senhor é quem nos guarda e nos leva em segurança por onde
quer que andemos. Por mais que andemos em vale de sombras ou vale de morte, é
Ele quem nos guarda. Pois se é o Senhor por nós, quem será contra nós e não há
outro nome que nos faça confiar. O Deus que confiamos é rocha inabalável,
fortaleza intransponível com ferrolhos poderosos.
4 Tirar-me-ás
do laço que, às ocultas, me armaram, pois tu és a minha fortaleza. O Senhor
é quem nos livra do laço do passarinheiro, do inimigo das almas, dos que tentam
nos derrubar e nos destruir às sombras, espreitando, para nos atingir. O Senhor
nos livra de todo mal, é Ele quem peleja as nossas batalhas, é Ele quem nos dá
o livramento dos dardos inflamados do maligno. Nos coloca em local seguro onde
o diabo não pode nos tocar.
5 Nas
tuas mãos, entrego o meu espírito; tu me remiste, SENHOR, Deus da verdade. Entrega os teus caminhos nas mãos do Senhor, confia nele que o mais
Ele o fará, assim diz a palavra do Senhor. Entregamos nossa vida ao Senhor,
pois cremos que Ele cuida de nós e não nos deixará fraquejar, pois a sua destra
nos fortalece e nos conduz no caminho da salvação. O Senhor nos remiu com seu
sangue, nos livrou da morte eterna e nos deu o céu como herança.
6. Aborreces aos que adoram ídolos
vãos; eu, porém, confio no SENHOR. A nossa confiança está no Senhor que fez
o céu e a terra e tudo o que nela há. Uns confiam em carros, outros em cavalos,
mas eu confio no Senhor e sigo para o alvo que é Jesus. A nossa elação com Deus
deve ser sempre de confiança, pois é pela fé que cremos, pela fé servimos, pela
fé somos abençoados, e as bênçãos chegam aos que creem no Seu nome. A nossa fé
em Deus não é vã, pois não há outro Deus para os conhecem o seu nome.
7. Eu me alegrarei e regozijarei
na tua benignidade, pois tens visto a minha aflição, conheceste as angústias de
minha alma. Os que confiam no Senhor alegrar-se-ão, pois, a benignidade do
Senhor dura para sempre. O Senhor é conosco em nossas aflições e angústias,
pois os que esperam no Senhor alcançarão misericórdia, pois o Senhor está
atento aos que O buscam.
8 e não me entregaste nas mãos do inimigo;
firmaste os meus pés em lugar espaçoso. Deus é fiel para nos
garantir segurança e vitória. Basta que acreditemos que Ele nos sustém com sua
destra fiel e não nos entregará nas mãos dos nossos inimigos, pois é Ele quem
peleja as nossas batalhas. O Senhor é quem nos dá a certeza da vitória. Ele
quer que atravessemos as provações à pés secos, dando glórias ao Senhor. E Ele
nos fará pisar em terreno seguro e firme.
9 Compadece-te de mim, SENHOR, porque me sinto
atribulado; de tristeza os meus olhos se consomem, e a minha alma e o meu
corpo. Na minha angústia clamei ao Senhor e Ele me ouviu,
assim diz o Salmista Davi. O Senhor é quem nos ouve e nos dá o conforto e a
força que precisamos para nos reerguer na tribulação, seja ela qual for, o
Senhor promete compadecer-se de nós em qualquer situação de perigo ou de
tribulação.
10 Gasta-se a minha vida na
tristeza, e os meus anos, em gemidos; debilita-se a minha força, por causa da
minha iniquidade, e os meus ossos se consomem. O Senhor contempla o nosso sofrer, Ele não está desapercebido do que
enfrentamos todos os dias, mas Ele nos diz: Tem bom ânimo, apenas. Tenha
coragem e prossiga para o alvo, para a soberana vocação em Cristo Jesus. Deus
conhece as nossas carências, ele sabe do que precisamos, mas Ele também sabe
que precisamos seguir com fé, crendo que não estamos sozinhos nesta jornada de
fé, que é servir ao Senhor. Mesmo que estejamos já desgastados, cansados, sem
forças ou desanimados, por causa de nossa consciência que nos acusa do pecado,
Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e o seu sangue nos purifica
de toda culpa.
11 Tornei-me opróbrio para
todos os meus adversários, espanto para os meus vizinhos e horror para os meus
conhecidos; os que me veem na rua fogem de mim. Por mais que todos nos abandonem, por mais que sejamos injustiçados por
causa de nossa vida de pecados, Deus jamais nos deixará abandonados, entregues
à própria sorte. Ele nos recebe como filhos, como o filho pródigo foi recebido
com um beijo, um anel e uma capa. Deus nos conforta e nos chama de filhinhos, e
Jesus nos chama de benditos de meu Pai. Não encontraremos o conforto e a
segurança em outros deuses tampouco no homem. Só a pessoa de Jesus pode nos libertar
de uma vida de vergonha e dor.
12 Estou esquecido no coração
deles, como morto; sou como vaso quebrado. Por mais que
sejamos ignorados ou esquecidos de quem fomos um dia, o Senhor nos diz quem
somos diante dele. Temos a identidade do povo de Deus, somos reconhecidos como
um povo escolhido, nação eleita, povo adquirido pelo sangue de Jesus. Não
importa o que os outros pensem ou digam a nosso respeito, o que importa é o que
Deus acha de nós. Somos filhos de Deus e herdeiros da sua promessa. Temos valor
para Deus, somos mais do que um simples vaso quebrado, pois Deus nos conserta e
nos usa novamente, o que estava quebrado e sem uso ou valor agora passa a ser
vaso de honra.
No Japão, por
exemplo, há uma técnica associada à arte da cerâmica, chamada king sug, que
restaura vasos que se quebraram e que estavam fadados ao esquecimento por
perder o seu valor de mercado e de arte por causa da quebra. Eles restauram o
vaso com ouro e a parte que estava quebrada tem as suas cicatrizes acentuadas
com o ouro misturado à cerâmica. O resultado é que o vaso passa a ser mais caro
que era antes quando estava perfeito. As marcas são acentuadas e dão à peça um
valor inestimável, pois é justamente as marcas que contarão a sua história. Um
vaso ming pode ultrapassar milênios e seu valor aumenta a cada século.
Assim somos para
Deus, pois, nossas cicatrizes do passado servirão como testemunho do amor de
Deus para conosco. Elas servirão para nos lembrar de que Deus nos valoriza por
tudo o que somos e não nos deprecia pelo que fomos. O pecado do passado serve
como referência do que éramos para o que hoje somos. O que era uma mancha serve
como orgulho do que Deus pode fazer por nós.
13 Pois tenho ouvido a
murmuração de muitos, terror por todos os lados; conspirando contra mim, tramam
tirar-me a vida. Deus jamais permitirá que o inimigo toque em nossa
vida. Muitas vezes Deus permite que a tribulação chegue até nós para que nos
fortaleçamos na fé que temos nele. O Senhor conhece as nossas capacidades. Pois
o que é impossível para o homem, é possível para Deus. Cabe a nós também nos
municiarmos das armas de Deus para combater os dardos inflamados do maligno
contra nós. A oração, o jejum e a leitura da palavra de Deus são armas eficazes
contra isto tudo.
14 Quanto a mim, confio em
ti, SENHOR. Eu disse: tu és o meu Deus. Os que confiam no
Senhor experimentam a maravilha da tranquilidade e da segurança que a paz do
Senhor nos dá. Os que esperam no Senhor descansam, confiam e esperam no Senhor
porque Ele está no controle de todas as coisas. Não temos de viver ansiosos
pelo dia de amanhã, pois como diz o Senhor, já basta o mal de cada dia.
15 Nas tuas mãos, estão os
meus dias; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos meus perseguidores. Entrega os teus caminhos nas mãos do Senhor, confia n’Ele que o mais Ele
o fará. Assim devemos seguir, crendo que nossa vida está nas mãos de Deus que
nos criou e nos dá o provimento na tribulação. É o Senhor que nos livra de todo
mal, pois para tal dará ordens ao seus anjos a nosso respeito, para que nos
segurem pelas mãos e não nos deixe tropeçar em nenhuma pedra.
16 Faze resplandecer o teu
rosto sobre o teu servo; salva-me por tua misericórdia. É o Senhor quem nos observa, seus olhos nos contemplam de dia e de
noite, onde quer que estejamos, no secreto de nossos dias, não importa, Ele
está a nos guardar, e nos dando o livramento contra as investidas de Satanás e
de seus dardos inflamados. A Sua misericórdia é para sempre e o seu amor por
nós é renovado a cada manhã, todos os dias experimentamos o milagre da vida, ao
despertarmos, temos a certeza do Seu cuidado e da Sua proteção.
17 Não seja eu envergonhado,
SENHOR, pois te invoquei; envergonhados sejam os perversos, emudecidos na
morte. O Senhor não nos deixará envergonhados diante do inimigo,
pois é Ele quem nos encoraja a prosseguir e a glorificar o Seu nome. Não
seremos nunca envergonhados por servir ao Senhor pois somente Ele tem a palavra
de Salvação e de vida eterna. Os que confiam no Senhor não serão envergonhados
pois o Senhor é a nossa força e o nosso refúgio, e sua palavra diz que os
inimigos serão exterminados da terra, e os aleivosos desarraigados. Basta
apenas que ouçamos a sua voz e sigamos confiantes e obedientes aos seus
mandamentos.
18 Emudeçam os lábios
mentirosos, que falam insolentemente contra o justo, com arrogância e desdém. Há seis coisas que o Senhor detesta; sim, há sete que ele abomina: olhos
altivos, língua mentirosa e mãos que derramam sangue inocente. Os ímpios serão
apanhados nas ciladas que armaram contra o pobre, e com a sua arrogância serão
destruídos. Confiar no Senhor é ter a certeza da Sua reta justiça contra o
inimigo.
19 Como é grande a tua
bondade, que reservaste aos que te temem, da qual usas, perante os filhos dos
homens, para com os que em ti se refugiam! A bondade do
Senhor é a prova de ainda não termos sidos exterminado da face da terra. Ele
está sempre pronto a nos receber, mesmo quando nos desviamos do seu caminho,
mesmo quando nos desviamos do Seu olhar. É preciso ter o temor do Senhor para
que possa experimentar a Sua bondade e benignidade. Temos de ter em mente que
Ele é o nosso único refúgio seguro, nossa cidadela fortificada, nosso socorro
bem presente.
20 No recôndito da tua
presença, tu os esconderás das tramas dos homens, num esconderijo os ocultarás
da contenda de línguas. É o Senhor quem nos prepara um
lugar seguro, um esconderijo secreto onde o inimigo não pode nos tocar, somos
protegidos contra todas as armadilhas e todas as setas venenosas do diabo e
seus anjos. O Senhor é quem nos guarda, bendito seja o nome do Senhor que me
protege e me dá segurança e paz mesmo em meio às batalhas, o mal não me
alcançará, praga nenhuma chegará à minha casa.
21 Bendito seja o SENHOR, que
engrandeceu a sua misericórdia para comigo, numa cidade sitiada! Se confiarmos no Senhor, entregando o nosso caminho nas Suas mãos, a
misericórdia do Senhor nos dá um salvo-conduto para transitar por todos os
lugares em segurança, inclusive nos lugares celestiais, pois aqueles que têm
intimidade com Deus experimentam andar em suas dependências celestiais através
do Espírito Santo. Mesmo que estejamos em uma cidade sitiada pelos inimigos,
rodeados de malfeitores e demônios, o Senhor dá ordens para que não nos toquem.
O Senhor alarga a sua misericórdia aos que O amam e O adoram em espírito e em
verdade. Sob suas asas estaremos seguros.
22 Eu disse na minha pressa:
estou excluído da tua presença. Não obstante, ouviste a minha súplice voz,
quando clamei por teu socorro. Mesmo que na
angústia, na tribulação esqueçamos que o Senhor está conosco, mesmo naqueles
momentos de desespero quando tudo parece desmoronar e não vemos nenhuma luz no
fim do túnel, o Senhor nos diz que está conosco. No último instante o Senhor
diz que ouviu a nossa súplice voz, pedindo socorro, em meio às lágrimas, o
Senhor nos vê e nos conforta dizendo: “esforça-te e tenha coragem, eu sou o teu
Deus que estou contigo, eu te levantarei das cinzas e do pó, e te mostrarei a
minha glória, e tu será uma bênção. O salmista diz: na minha angústia clamei ao
Senhor e Ele me ouviu. Assim o Senhor continua nos ouvindo ainda hoje. Clamai e
Ele vos responderá, pois tudo o pedirmos com fé, crendo que receberemos, Ele
nos atenderá.
23 Amai o SENHOR, vós todos
os seus santos. O SENHOR preserva os fiéis, mas retribui com largueza ao
soberbo. O amor do Senhor por nós é imensurável e
incomparável, pois ele já nos mostrou o seu amor para conosco em que Cristo
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Ele deu o Seu filho unigênito para
morrer por nossos pecados e nos deu a vida eterna. Ele nos tem mantidos vivos
até que todos tenha experimentado a Sua salvação. O Senhor ama aos que O
buscam, mas abomina aos soberbos e rebeldes que com arrogância, desprezam o seu
amor. Os que se sentem autossuficientes, serão envergonhados e o Senhor trará
para tais pessoas a Sua reta justiça. E grande será a sua queda.
24 Sede fortes, e revigore-se
o vosso coração, vós todos que esperais no SENHOR. O Senhor manda que todos nos fortalecemos no Senhor e na força do Seu
poder. Crendo que só o Senhor é Deus e somente Ele pode nos dar o gozo dos
céus. Pois não existe nada melhor do que ser amigo de Deus, desfrutar do Seu
amor e da Sua paz. Bebendo da água da vida, ungindo-nos com o seu óleo santo,
iluminando-nos com a Sua luz, refrescando-nos com a suavidade do seu sopro,
embalando-nos com o som da Sua voz, alegrando o nosso coração com as Suas
palavras, renovando nossa mente com a Sua sabedoria, fortalecendo nosso coração
com a fé inabalável dos que creem em Seu nome.
Ler o Livro de Salmos é descobrir um bálsamo
para as nossas dores. É encontrar um tesouro de palavras e ensinamentos que
servirão para nos enriquecer sobremaneira, acerca da boa, perfeita e agradável
vontade de Deus para nós. Ler o Livro de Salmos e recitar os seus versos é
fazer a nossa poesia para o Senhor, que se regozija ao ouvir a nossa voz
entoando-os, como se fosse uma oração, um canto de adoração para glorificar o
Seu nome. Deus inspirou ao Salmista para que escrevesse suas poesias para que o
próprio Deus se deleitasse com as palavras ali escritas, pois elas provêm do
próprio coração de Deus. O salmista foi apenas um instrumento usado para apor
no papel, a maravilha poética que é o Senhor. Davi era inspirado pelo Espírito
Santo para que escrevesse as poesias e as declamassem usando seu saltério. A
musicalidade dos Salmos tornam-no uma obra sem igual, pois associa a poesia à
música, numa simbiose única e incomparavelmente linda. O resultado é uma obra
de incansável beleza audível e uma leitura edificante e reconfortante, pois os
Salmos retratam todo o amor de Deus e a sua provisão em todos os momentos da
nossa vida, seja na tribulação ou na alegria. Há sempre uma palavra de força e
de fé em suas linhas, perfeitamente escritas e preenchidas. O salmista os fez
de forma irretocável, como se não houvessem rascunhos, apenas uma criação
ininterrupta e sem rasuras, uma obra-prima digna de alguém que tinha o coração
segundo o coração de Deus.
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