terça-feira, 23 de agosto de 2016



EM VÃO VIGIA A SENTINELA... (J.F.DE ASSIS)



A palavra violência não pode ser definida somente como um ato físico contra um indivíduo, mas qualquer ato que fira a ordem estabelecida ou prevista na Lei vigente do país. Violência também é qualquer fato que interfira no direito individual. Ela pode ser moral ou emocional. O que leva uma população a tomar a justiça em suas próprias mãos, tornando-se juiz e carrasco contra os violadores dos bons costumes? Diariamente testemunhamos a mídia veicular notícias sobre a escalada da violência em nosso país. Os números são alarmantes e com uma tendência a crescer a cada dia que passa.

As leis brandas que regem as infrações penais podem estar contribuindo para esse crescimento da violência? Estariam os cidadãos cansados de esperar por leis mais severas e revisão do nosso caduco Código Penal? Pagar o mal com o mal seria a saída para reduzir a criminalidade no Brasil? Que sentimento experimenta uma população que tem que se sentir presa em sua própria casa e ver a bandidagem se proliferar e caminhar impune todos os dias? Como reage um cidadão que vê seu patrimônio ser destruído ou roubado e não poder contar com uma polícia eficiente?

O que resta é um sentimento de abandono e de impotência, o que leva o cidadão a se embrutecer para ver defendido o seu patrimônio e a própria vida, chegando ao limite da violência nivelando-se com o infrator. Qual a saída para mudar esse quadro negro em que se encontra a segurança pública do Brasil? Uma das causas para a proliferação de uma atmosfera de insegurança é a impunidade que graça na justiça brasileira com relação à corrupção. Assistimos perplexos pelos meios de comunicação uma sentença ser mudada beneficiando políticos que foram condenados por corrupção, por roubo da coisa pública.

A população interpreta essas manobras como um desrespeito à lei e à ordem culminando com uma anarquia generalizada com vandalismos e crimes contra a pessoa. Recursos são desviados por causa da corrupção ativa e passiva dos que possuem o poder. Quando uma pessoa tira a vida de outra pessoa, somente aquela vítima foi afetada. Quando um traficante vende a sua droga somente os viciados a consomem, mas quando um corrupto rouba o dinheiro que era para ser destinado à Saúde, milhares de pessoas são afetadas de uma única vez.

O mesmo acontece em qualquer área da esfera pública como educação, segurança, serviço social, etc. Um corrupto atinge um país inteiro quando este desvia um recurso público, ou faz contratações fraudulentas com empresas que também não executarão o que fora contratado ou na pior das hipóteses, farão o serviço de péssima qualidade a preços exorbitantes. Campanhas demagógicas e publicidade enganosa dos governos infestam os meios de comunicação, enganando a população para esta creia que as ditas “Políticas Públicas” estão sendo implantadas para o bem comum. Na prática não é o que a população testemunha, mas vê estarrecida a vida diária ser atropelada pelos problemas diários de uma cidade como o vandalismo, assaltos, assassinato falta de moradia digna, saneamento básico, água tratada, transporte etc. Não adianta dizer: “toda criança na escola”, pois a frase não passa de um mero slogan.

O que sabemos é que a cada dia a população cresce desordenadamente e os estados e os municípios não acompanham esse crescimento com novas escolas. As que existem estão abarrotadas e mais parece um depósito de alunos, em detrimento do professor que tem de arcar com uma turma de mais de quarenta alunos em cada sala de aula, pois a ordem é: “Toda criança na escola”, mas não é o que presenciamos na prática. O resultado é uma educação de má qualidade, sem falar na péssima remuneração e desvalorização do profissional da educação que tem nas mãos, a responsabilidade de educar e formar cidadãos. Os recursos são parcos ou inexistentes para que se cumpra o que é exigido. Não basta apenas ordenar que a lei seja cumprida, mas dar condições de se cumprir a contento o que é imposto.
As escolas também são assoladas pela violência deixando professores à mercê de uma situação insustentável. As gangues se proliferam e invadem os ambientes causando terror, assaltam comércios, destroem patrimônio e em muitos casos ceifam vidas inocentes. Não é raro o cidadão lançar mão de um número de emergência e fazer uma solicitação de ocorrência e não ser atendido. A ocorrência é feita e registrada, mas não há a tomada de providência. Em muitos casos por indiferença, falta de viaturas, falta de combustível ou de pessoal suficiente.

O cidadão se sente abandonado, enganado e entregue à própria sorte. Na falta de uma fiscalização eficiente, infrações no trânsito são uma constante nas grandes e pequenas cidades. Observamos motoristas dirigindo embriagados, motociclistas andando pelo calçamento ou fazendo malabarismos com a motocicleta, ciclistas andando placidamente na contramão, obrigando motoristas a fazer manobras perigosas para não atropelar o incauto infrator. A certeza da impunidade generalizada advém de um país onde a lei é apenas para os menos abastados e afortunados. A lei do cassetete é apenas para a massa falida. Para os abastados existem manobras legais, isto sem falar nas leis brandas e hipócritas que defendem os “di menor”, que se arvoram de inocência e falta de discernimento do que é certo ou errado, matando e esfolando em nome da inocência da idade.


Como exigir cumprimento da lei se o que vemos é algo contrário do que é pregado na escola e em casa. Na Bíblia encontramos o versículo em Provérbios: “Ensina a criança o caminho em deve andar, pois ainda que esteja velho nunca se desviará dele”(Provérbios 22:6). Não vislumbramos uma saída para esse caos social em que vivemos, a não ser com a interferência da misericórdia de Deus. No mundo em que vivemos somente o amor de Deus pode nos mostrar uma saída para contemplarmos um horizonte de esperança em meio ao turbilhão de problemas e tribulações. Não é utópico o que aqui esperamos, pois a palavra de Deus nos diz que “O Senhor é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou imaginamos”. Resta-nos confiar nas Suas promessas. A palavra do Senhor diz: “Em vão vigia a sentinela, se o Senhor não guardar a cidade”.

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