sábado, 20 de agosto de 2016

UNS AOS OUTROS



UNS AOS OUTROS (J.F.de ASSIS)



Dentre as muitas e importantes palavras existentes na Bíblia, pelo menos três me chamaram a atenção pela insistência, ordem e frequência com que são mencionadas no Livro Sagrado: uns aos outros. É quase um imperativo, pois elas vêm sempre acompanhadas de outras que tornam a frase uma ordem, um pedido, um alerta de Deus para nós. Uns aos outros me fez refletir na necessidade de vivermos em completa unidade na igreja. O próprio Salmista Davi já nos diz “quão bom e quão suave é ver os irmãos unidos.” (Salmos 133:1) Ora, a unidade se reflete quando há paz, harmonia e integração de toda a igreja, vivendo um clima de perfeição mútua uns com os outros no corpo de Cristo.

Não se pode pensar em uma igreja sem que haja um experimentar de unidade e santificação, na unção do óleo precioso que desce sobre a cabeça e vai até à orla das vestes inundando a congregação em um envolver uniforme. É desta unidade que o óleo que desce se refere: uma perfeita sintonia uns com os outros no partir do pão e na comunhão. Uns com os outros nos faz refletir que precisamos estar conectados e bem ajustados em todas juntas do corpo. Não há lugar para desmembramento em uma unidade cristã. Ou somos um ou viveremos a di-visão, trilhando caminhos tortuosos e incertos. Uns aos outros nos remete à boa, perfeita e agradável vontade de Deus para o seu povo

SOMOS MEMBROS UNS DOS OUTROS (Romanos 12:5)

Embora sendo uma multiplicidade, somos uma unidade. Não vivemos separados uns dos outros. Somos membros do mesmo corpo. Cada membro precisa de todos os outros membros. Cada qual é indispensável para os demais. Pertencemo-nos uns aos outros. Não podemos funcionar nem crescer isolados uns dos outros. O apóstolo Paulo escreve: “Cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo; de quem todo corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.15,16). A obediência a este princípio nos torna parte deste corpo. É inadmissível que um cristão se julgue à parte do todo, agindo por conta própria, tomando suas próprias decisões, em dissonância com o que a liderança estabelece. Estar sujeito à autoridade de um líder corrobora o princípio que está na Bíblia que diz: “Sujeitai-vos uns aos outros em obediência. ”

Somos todos membros uns dos outros e, por conseguinte, não podemos agir de forma contrária aos outros membros, pois assim fazendo, estaremos incorrendo em insubmissão, em rebeldia e logo, somos comparados aos que praticam a feitiçaria e isto é abominação para Deus. Os abomináveis, os feiticeiros, os idólatras e tantos quantos praticam tais obras aos olhos do Senhor não herdarão a salvação eterna, ao contrário, para estes está reservado o lago de enxofre que arde eternamente, o qual está reservado para Satanás e seus anjos.
Ora, somos um só corpo em Cristo, embora sejamos muitos, mas individualmente somos membros uns dos outros. Isto significa que não podemos ficar individualizados na igreja, tendo cada um a sua própria doutrina, a sua própria direção. Estamos sob uma só autoridade, uma só direção que parte de uma só cabeça. O corpo obedece ao comando da cabeça e não ao contrário. Estar sujeito é estar em consonância, é fazer parte realmente.

AMAI-VOS CORDIALMENTE UNS AOS OUTROS (Rm 12.20; 13.8)

A comunhão exige o amor. Amor que vai além de palavra, além de emoção, amor que se historifica, que se sacrifica, que se envolve, amor que é prático. Amor que supera as diferenças e as indiferenças. Amor que constrói pontes em vez de construir muros.  A palavra Filostorgoi significa amar-nos uns aos outros como amamos os irmãos de sangue, com afeto profundo, de todo o coração. Este amor é a causa da comunhão e resultado da vida eterna: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos, aquele que não ama permanece na morte” (1Jo 3.14).

Como ser obedientes se não experimentamos a maravilha de amar o nosso irmão? Amar-nos uns aos outros é um princípio e se é um princípio, é uma lei não podemos ignorar, sob pena de estarmos incorrendo em pecado. Deus nos manda amar ao nosso próximo como a nós mesmos. Mas a rebeldia impede o cristão de amar verdadeiramente o seu irmão, e se não ama, não obedece, e se não obedece, as bênçãos jamais o alcançará. Estará fadado a uma vida de amargor e sofrimento.

UMA PALAVRA AMIGA

As palavras são a materialização de uma ideia por meio da voz. As emoções, os desejos, os sentimentos são gerados no coração, o centro de nossas emoções. O coração fabrica as nossas emoções sejam elas de bem ou de mal e as envia por via expressa, uma espécie de SEDEX do corpo humano, ao cérebro que processa a informação, checa a nossa vontade e a executa conforme o que fora ordenado. 

As palavras são então articuladas, verbalizadas e materializadas através da voz, um importante aliado, no processo da comunicação verbal articulada. O ser humano é o único ser vivo dotado dessa capacidade. Um dom de Deus que ao cria-lo o dotou de uma importante e necessária ferramenta para a adoração ao criador de todas as coisas, pois as palavras têm importante função na adoração ao Senhor Deus.

Palavras são poderosas para enternecer, confortar, dar alento, edificar e engalanar um ambiente. Mas as palavras também possuem uma capacidade malévola se forem criadas para fazer o mal para alguém. Uma palavra liberada tem muito poder para edificar ou destruir.  Na Bíblia encontramos inúmeros casos de palavras liberadas por Deus, como foi o caso de Abrãao que recebeu de Deus a promessa de uma terra que o próprio Deus mostraria para o servo. Abraão creu na palavra liberada pelo seu Senhor e saiu de sua terra, da sua parentela confiando na palavra liberada, apenas. Deus ainda acrescentou: ...”E tu serás uma bênção. ” “Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, abençoando te abençoarei, e multiplicando te multiplicarei. E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.

Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda. Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho, aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento; Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta. ” (Hebreus 6:13-19). O Apóstolo Paulo em uma de suas cartas aos Coríntios no cap. 2 e verso 4, diz: “E digo isto, para que ninguém vos engane com palavras persuasivas. ” Neste versículo o Apóstolo Paulo usa uma palavra de exortação para com o povo de Corinto, mas ela serve para nós também.

Devemos ter o discernimento suficiente para que saibamos nos defender de palavras enganadoras. A Bíblia diz que: “Se quiseres sabedoria, peça-a a Deus. ” Então temos de estar atentos para os ventos de doutrinas que nos rodeiam, querendo nos tragar e nos envolver. Em I Cor. 4:19 Paulo diz: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. ” Ora, temos uma palavra liberada com promessa da parte do nosso Deus, que nos afirma que Ele suprirá todas as nossas necessidades. Assim como Abraão, Moisés e Gideão temos de crer nesta palavra. O próprio Gideão foi encorajado por Deus através de um anjo, que o chamou de “Varão valoroso”. Aqui Deus confirma a Gideão que o Senhor estava com o seu servo, que lhe daria vitória. Mais uma vez temos uma palavra de edificação liberada para uma pessoa que acreditou. Assim como Sara que deu à luz já fora da idade, por uma palavra liberada esperou no Senhor. Noé acreditou na palavra liberada por Deus acerca do que viria e do que teria de fazer para salvar-se e à sua família.

Noé acreditou e obedeceu ao Senhor naquilo que lhe foi liberado, preparando a arca e foi herdeiro da justiça. Jesus liberou uma palavra de promessa para nós quando disse: “Vinde a mim todos vos que estais cansados e eu vos aliviarei”. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida ninguém vai ao Pai a não ser por mim. ” O mais importante em uma palavra liberada para nós com promessa de edificação, conforto ou alento é a fé que depositamos nessa palavra. “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus: porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que O buscam. ” (Hebreus 11:6).

Uma palavra que dirigimos a uma pessoa tem que ser liberada com a direção do Espírito Santo, pois ela muito poderá em seus efeitos. Não podemos liberar uma palavra de conforto para alguém se ela parte de um coração ferido, irritado, intolerante ou magoado. Quando alguém nos procura para ouvir uma palavra de fortalecimento, é por que aquela pessoa está abatida e fragilizada. Precisamos ser o instrumento de cura pelo Espírito de Deus. Temos de ser curados para curar e libertos para libertar, pois do contrário a nossa palavra não terá efeito positivo na vida de quem nos procurou para ouvir a palavra esperada. A fé nos ensina que devemos ter paciência e perseverança na promessa de uma palavra.

Porque a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. (Hebreus 11:1). A Bíblia nos mostra como ter a palavra certa no momento certo para quem precisa dela: “Procura apresentar-te a Deus como obreiro aprovado, que não tenha do que se envergonhar e que maneja bem a palavra da verdade. ” (II Tm 2:15). Com esta ferramenta estaremos aptos a proferir com segurança e determinação, para qualquer pessoa, uma palavra amiga.

PREFERINDO-VOS EM HONRA UNS AOS OUTROS (Rm 12.10)

Preferir em honra é não olhar o irmão com discriminação, com recriminação, com eliminação. É não se julgar mais importante que o outro. É não ver o outro com lentes de diminuição e a nós mesmos com lentes de aumento. É banir da nossa vida toda presunção, toda empáfia, toda mania de grandeza, toda vaidade. Diz Paulo: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual é que é dos outros”. Nossa alegria deve ser ver o outro feliz. A palavra PREFERINDO = “indo à frente como guia”. Que cada um de nós procure liderar o caminho no terreno das emoções honrosas, sendo alavanca, bênção, estímulo, bálsamo na vida do irmão, banindo tudo aquilo que não edifica. Quantos se vestem de arrogância na igreja achando que foram ungidos para destilar insubmissão e rebeldia.

Quantos querem ser o centro das atenções sem nunca sequer doar-se a si mesmo, com humildade e abnegação? Não contribuem com seu esforço e força de trabalho se não for para ser louvado e visto, como os fariseus, nas sinagogas e nas esquinas. São como a palha que o vento espalha, sendo levados por qualquer vento de doutrina, arrastados pela própria arrogância.

TENDE O MESMO SENTIMENTO UNS PARA COM OS OUTROS (Rm 12.16; 15.5)
Nada de nutrir inveja, amargura, ressentimento, ódio. Nada de agasalhar mágoas no coração. Nada de espaço para o azedume sentimental. Nada de nos atolarmos no pântano da auto piedade. Paulo quer destruir todas as setas agudas das acusações maldosas, das desavenças separatistas; ele quer banir todo espírito de isolamento. Somos uma só família, um só rebanho, um só corpo, um só pão, galhos da mesma videira. Temos um mesmo Pai, um mesmo salvador, um mesmo consolador. Temos uma só fé, um só Senhor, uma só esperança. Temos os mesmos propósitos, a mesma missão e vamos morar juntos no mesmo céu.

Aqui não há lugar para as subcongregações que se levantam, regidas pela insubmissão. É preciso ter um mesmo sentimento de unidade e comungar com a mesma visão. Não há lugar para dissensões e contendas, nem para facções dentro da igreja. Ter o mesmo sentimento uns para com os outros é confirmar o único propósito de servir ao Senhor com responsabilidade e sinceridade.

NÃO NOS JULGUEMOS MAIS UNS AOS OUTROS (Rm 14.13)

Não somos constituídos juízes dos nossos irmãos. Nossa tarefa não é julgar, mas amar. Paulo nos exorta do perigo do julgamento (Rm 2.1-3). Cristo nos chama a atenção sobre os ricos do julgamento (Mt 7.1-5). Que coisa triste é vermos a igreja se tornando numa comunidade de julgamento, de comentários maldosos, de opiniões carnais, de discriminações descaridosas.

Vamos deixar de apontar o dedo, de tentar culpar no outro o erro que deveríamos punir em nós mesmos.  O Salmista Davi bem diz em seu Salmo 133, a respeito da união, da harmonia, da paz entre os irmãos. Uma igreja jamais irá experimentar a paz no Espírito Santo, se estiver envolta na névoa negra da desunião e da discórdia. Não devemos julgar os nossos irmãos, mas podemos estar alertas se quaisquer um dos sinais de rebeldia estiver acometendo a igreja. O óleo só irá descer da cabeça para a barba e para o resto das vestes e para toda a congregação, se houver unidade. É isso que o versículo quer dizer quando afirma: É como o óleo precioso que desce da cabeça e vai pela barba e vai até a orla dos seus vestidos... o óleo desce por causa da unidade, da harmonia, da obediência, da santidade, da verdade, da pureza que a igreja tem que ter.

SEGUIMOS AS COUSA DA PAZ E TAMBÉM AS DA EDIDFICAÇÃO DE UNS PARA COM OS OUTROS (Rm 14.19)

Em um mundo de conflitos, de relações partidas, de desentendimentos, de nações em guerra, de lares divididos, de vidas arrebentadas pelos conflitos interpessoais, a igreja deve ser a promotora da paz. Ela deve promover a paz. Seus filhos são pacificadores. Onde há interesse na discórdia, na divisão, na separação aí não há evidência do Reino nem da Igreja de Cristo. O projeto de vida da igreja é buscar o crescimento espiritual dos irmãos. É edificá-los. É levá-los à maturidade. Em vez de pedra de tropeço devemos ser uma alavanca. Em vez de ser um vinagre na ferida, devemos ser bálsamo.

Apesar de reconhecer irmãos que se desviam da obediência aos princípios de Jesus, apesar disto, devemos tentar reconduzi-los ao caminho. Devemos seguir a paz, a mesma paz que Jesus nos deixou, foi assim com a ovelha perdida. O pastor se importou exatamente com ela e não com as outras 99 que estavam sob sua proteção. Vez por outra iremos observar ovelhas se desgarrando e dando brechas para o lobo as tragar e destroçar. Ao mesmo tempo em que testemunhamos as feridas que o desgarro causou, mesmo assim as recolhemos e as tratamos, pois sabemos que a jornada é difícil, para qualquer um, até mesmo para as ovelhas desobedientes e insubmissas. Algumas não aprendem nem com as feridas abertas e sangrando, apesar dos insucessos, das derrotas, das amarguras da vida, dos arranhões, mesmo assim são obstinadas e precisam do empenho do pastor para reconduzi-las ao pasto.


ACOLHEI-VOS UNS AOS OUTROS, COMO TAMBÉM CRISTO NOS ACOLHEU (Rm 15.7)

Uma das nossas maiores necessidades é de aceitação. As pessoas têm necessidades vitais de serem acolhidas, aceitas, amadas. A igreja não é um clube, é uma família. A igreja deve ser a comunidade da aceitação. A comunidade acolhedora. Deve receber os inaceitáveis, amar os rejeitados. Cristo comeu com os pecadores, restaurou a vida das prostitutas, perdoou os ladrões. Amou e tocou os leprosos, curou os doentes, libertou os oprimidos. Deus nos acolheu quando estávamos sujos, perdidos e entregues ao nosso pecado; ele nos amou, nos perdoou, nos transformou e nos aceitou.

Assim, devemos fazer. Assim como o filho pródigo que foi perdoado e aceito novamente, apesar de todo o mal que fez, apesar da imprudência de querer somente para si as benesses da vida, Deus nos acolhe e nos dá uma nova roupagem e nos reveste do mesmo amor e proteção. Não somos juízes nem de nós mesmos, contudo, cabe a nós mesmos vigiarmos para não nos vermos caindo em tentação.

APTOS PARA VOS ADMOESTARDES UNS AOS OUTROS (Romanos 15:14)

Admoestar significa proferir uma palavra de estímulo para ajudar a corrigir outro irmão sem provocá-lo ou deixá-lo amargurado. Admoestar não é colocar o dedo em riste e desacatar ou proferir palavras de juízo a alguém que já está machucado. Não é esmagar a cana quebrada nem apagar a torcida que fumega. É ungir com o óleo da consolação. Devemos corrigir os mais fracos com espírito de brandura (Gálatas 6:1). A igreja deve ser a comunidade do aconselhamento mútuo. Deve ser uma comunidade terapêutica. Os evangélicos são o segundo maior grupo frequentador de um divã psicanalítico. É que tem faltado aconselhamento bíblico regado de amor.

Somos capacitados com bondade e conhecimento para fazer esse trabalho. É indispensável o trabalho pastoral nessas situações e em toda a vida cristã. A consolidação de um membro da igreja tanto faz se é recém convertido ou velho na fé, o discipulado é parte integrante do fortalecimento daqueles que optaram em servir ao Senhor. A admoestação é para edificação e não para humilhação. Deus nos ama, mas nem por isso nos livra da sua disciplina, pois se somos filhos, devemos aceitar a disciplina, pois assim o negando, estaremos agindo como rebeldes e se não aceitamos a disciplina, não somos filhos, se não somos filhos, somos bastardos e bastardos não herdam coisa alguma, pois não são reconhecidos.

A Bíblia diz: “Ensina o menino o caminho em que deve andar, pois por mais que envelheça, dele nunca se desviará. ” (Provérbios 22:6) Exortar uns aos outros é mostra sabedoria e capacidade de apontar as falhas e orar para que elas sejam dissipadas e retiradas do altar de Satanás. Admoestar é mostra cuidado e preocupação para com o irmão. É verdadeiramente seguir ao princípio de orar uns pelos outros, levar as cargas uns dos outros, amar uns aos outros. Mas importar-se não é passar a mão na cabeça e fazer de conta que está ajudando o irmão. Exortar é ser firme, mas com amor, sabendo que precisa ajudar e não somente apontar os erros. Um aconselhamento deve antes de tudo ser pautado na palavra de Deus e sob a condução do Espírito Santo, para que não seja um aconselhamento carnal, pessoal, humano.

SAUDAI-VOS UNS AOS OUTROS COM ÓSCULO SANTO (Romanos 16:16)

O ósculo era uma maneira comum de saudar uns aos outros no Oriente. Era uma maneira de demonstrar afeto. Era também um sinal de homenagem e respeito. Era expressão de amizade. É como hoje você dar um aperto de mão. O que Paulo estabelece é o princípio: Devemos demonstrar afeto aos nossos irmãos. Devemos saudá-los. Devemos mostrar e evidenciar nossa amizade, nosso apreço uns aos outros. Nossas relações não devem ser frias e formais, mas cheias de respeito, afeto e amizade. Nós somos irmãos! Paulo despede-se dos presbíteros de Éfeso e eles se abraçam e se beijam em um lugar público. “Servi-vos uns aos outros pelo amor” (Gálatas 5:13). Essa frase bíblica pode dar muito no que pensar, especialmente se considerarmos que a palavra grega usada no texto original e aqui traduzida para “servir” é douleuo, cujo significado literal é “ser escravo de”. Portanto, servir um ao outro em amor, significa que devemos ser escravos uns dos outros por amor, isto é, submeter-nos, obedecer e fazer a vontade de outra pessoa por amor.

Sem dúvida, é uma ordem nada fácil de cumprir! De um modo geral, ninguém gosta de ser visto como servo, muito menos escravo! Talvez não se importem com a ideia de servirem algumas pessoas até certo ponto, como a um patrão, por exemplo, mas é um pouco mais difícil imaginar ter um “mestre e senhor”, especialmente se esse alguém for um irmão, ou o líder da sua igreja. O que você acha da ideia de ser escravo de alguém? Mesmo se, em contrapartida, esse alguém estiver disposto a ser seu servo, é provavelmente difícil imaginar-se privado de exercer sua vontade própria. Servir Deus é uma ideia mais facilmente aceita, por Ele ser tão elevado, poderoso e superior em todos os aspectos. É um pouco mais fácil dizer “Senhor, eu O sirvo” para um ser onividente, onisciente e onipotente, do que para alguém que consideramos estar no nosso nível, ou talvez, em alguns aspectos, em um inferior.

Outros bons versículos sobre nós servirmos uns aos outros são: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Filipenses 2:3), “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12:10), “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (Efésios 5:21), e “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gálatas 6:2). É mais fácil se for algo voluntário que tenha partido de nós, como, por exemplo, servir uma refeição para alguém, mas nesse servir “uns aos outros pelo amor" implica em fazermos o que a outra pessoa pede, o que exige de nós um pouquinho mais de graça, humildade e submissão.

E se aderirmos ao princípio de que devemos “servir uns aos outros pelo amor”, claro que não vamos pedir aos outros para fazerem nada que vá prejudicar ou causar dano. Tudo deverá ser feito em amor, quer estejamos servindo ou recebendo o serviço de outra pessoa, e todos sairemos ganhando. Às vezes, o que pedimos aos outros pode significar um sacrifício para eles, mas do mesmo modo vamos servi-los e, às vezes, nos sacrificar por eles. Uma mão lava a outra. Jesus disse que não viera para ser servido, mas para servir (Marcos 10:45). A que conclusão isso nos leva? Que Jesus foi um servo, que “a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo” (Filipenses 2:7).

Portanto, Jesus foi um servo e ainda é nosso servo. Ele está à espera para fazer o que pedimos. Ele diz: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mateus 7:7), ou seja, “Estou às ordens. O que vocês querem? Sou seu servo e vou fazer o que quiserem". Então, se Jesus nos ama tanto, ao ponto de estar disposto a ser nosso servo, quanto mais deveríamos nos servir uns aos outros no amor do Senhor e seguir o Seu exemplo?

A Bíblia diz que “Cristo padeceu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais as suas pisadas” (I Pedro 2:21). Ele também disse: "Como o Pai Me enviou, eu vos envio " (João 20:21). Seu Pai O enviou como servo. Jesus teve o amor e a humildade para fazer isso por nós, e Ele nos pede para seguirmos o Seu exemplo. Isso requer muita humildade, mas esses sacrifícios são altamente gratificantes.


IMPORTÂNCIA DE SUPORTARMOS UNS AOS OUTROS
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Já aconteceu com você de não conseguir suportar uma pessoa? Com todos nós, claro! Somos imperfeitos, mas aqueles que desfrutam da habitação do Pai, do Filho e do Espírito Santo em suas vidas, pois aceitaram a Jesus e foram transformados, naturalmente têm uma inclinação maior para suportar o próximo. O texto bíblico base para tal tema diz: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor. ” Com este texto em foco, o que envolve a expressão “suportando-vos” e como ela se relaciona com o contexto? E quais os benefícios, de acordo com a Bíblia, de se praticar o “suportando-vos”? Será que vale a pena mesmo?

SUPORTAR É PERDOAR SEMPRE

As atitudes do semelhante contrárias às expectativas de outrem podem perdurar. Em outras palavras, o ofensor nem sempre comete um ato isolado de ofensa, mas persiste em sua atitude pecaminosa, quer ciente ou não do seu erro. Nesse caso, pode-se diferenciar que o ato de suportar alguém envolve perdoar muitas vezes até que passe a provocação. No texto em que Jesus refere-se a perdoar setenta vezes sete, não se menciona o perdoar como se referindo ao mesmo pecado ou não, todavia a ideia do texto parece indicar uma contínua prática do perdoar, ao que se pode considerar como suportar. Portanto, não seria errôneo concluir que suportar envolve um conjunto de perdões por um período de tempo indeterminado.

Em Efésios 4:1, 2, o apóstolo Paulo usou o vocábulo grego avne,xomai (anéchomai) que significa “manter para cima, manter erguido no Novo Testamento, com o significado de “aguentar com, suportar”. Assim, “suportar” parece indicar o esforço que alguém faz para suportar algo que precisa tolerar, carregar, como se estivesse segurando algo para cima. A palavra “suportando-vos” uns aos outros com “tolerância mútua”. Isso implica em um suportar mútuo – todo cristão precisa tolerar, suportar o outro. No Novo Testamento, os usos de avne,xomai dão uma ideia do esforço que se deve fazer para praticar o “suportando-vos”. Por exemplo, Jesus usa este vocábulo em relação à geração incrédula e perversa quando pergunta: “Até quando vos sofrerei ou: suportarei? Paulo relaciona o suportar com a perseguição: “Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos. Paulo também usa avne,xomai ao referir-se aos cristãos sensatos tolerando os insensatos, aqueles que os escravizavam e até esbofeteavam lhes no rosto. Portanto, com mesma intensidade urge aos cristãos suportarem-se uns aos outros, até que passe a provação.

COMO E POR QUE “SUPORTAR UNS AOS OUTROS”

Em Efésios 4:1, 2, o apóstolo Paulo, descreve o amor como “paciente e benigno”. Visto ser o amor ao próximo que motiva o cristão a tolerar, torna-se impossível praticar o “suportando-vos” sem o exercício da paciência e da benignidade. Ao mesmo tempo em que o cristão mostra paciência, procura o bem de seu próximo que o ofende em palavras e ações, evitando revidar ou vingar-se, mas procurando usar de longanimidade, sempre esperando que a situação seja superada e resolvida. Mas a ordem para nos suportarmos uns aos outros dá a entender que haverá entre nós abusos reais, pelo que também teremos de perdoar ofensas reais e teremos de exercer grande paciência. Portanto, o sofrer os erros cometidos contra nós é algo equiparado com a paciência, ao mesmo tempo em que devemos manter a atitude apropriada de amor por aqueles que provocaram a situação de conflito.


No texto de Efésios 4:2, Paulo deixa claro que o “suportando-vos uns aos outros” deve ser “em amor”. Por que “em amor”? Pelo fato de o amor procurar o bem-estar dos outros e o bem-estar do corpo de Cristo. Isto apenas reitera a verdade: Quem ama perdoa, quem suporta pratica o perdão. Evidentemente, nunca é fácil suportar. Todavia, conforme se aprende com a Bíblia, a prática da humildade, qualidade esta que está inserida no contexto imediato de Efésios 4:2, ajuda o cristão a suportar uns aos outros, pois uma mente humilde provém de uma avaliação honesta de si mesmo da parte do cristão: ele reconhece seus erros e limitações, e que também necessita ser suportado. O apóstolo Paulo, inclusive, roga aos cristãos em Corinto para que o suportassem mais em sua loucura, referindo-se ao zelo que tinha por eles. 

Assim, admitir com humildade a imperfeição possibilita-o a suportar assim como deseja ser suportado. Mas por que, então, a necessidade de se suportar uns aos outros? O contexto de Efésios 4:1, 2 responde a esta pergunta com a expressão no versículo 1 “andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” e com a do versículo 3 “esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz”.

Suportar uns aos outros implica que o cristão anda, ou vive, de modo digno da vocação a que foi chamado. Sua conduta diária corresponde com o estado de redenção através de Cristo Jesus. Implica também no esforço contínuo da parte do cristão para evitar facções, disputas, “arrogância, falsidade, orgulho e atitudes egoístas”. Antes, o cristão se apressará em preservar a unidade do Espírito, no vínculo da paz, o que, transcende a mera harmonia doutrinária e de filiação eclesiástica. Significa o cristão deixar o Espírito Santo atuar em sua vida como inestimável ajuda para haver tolerância mútua. Essa paz advinda do Espírito Santo, pela qual o cristão se empenha através da tolerância mútua, contribui para que os novos na fé sintam os benefícios espirituais e até físicos de se conviver numa igreja que vive à altura do nome de Jesus Cristo.

Mas suportar uns aos outros implicaria em se fazer vista ao que é errado? De modo algum, segundo as Escrituras. A tolerância mútua não implica em cegueira para com o pecado, mas envolverá muitas vezes, principalmente àqueles cristãos espirituais, tomar a iniciativa de raciocinar com a pessoa em pecado, sempre com profundo respeito e brandura, conforme a Bíblia insta nas palavras: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. ”  

Se o amigo ou irmão em Cristo erra, devemos corrigi-lo? Muitos acham que não. Acham que cada um deve cuidar da sua vida, até porque todos erramos. Outros nem pensam duas vezes. Partem logo para a crítica, a correção. Mas o que fazem é mais uma “bronca”. O que diz a Bíblia? Vamos primeiro recordar uma distinção. Muitos confundem exortação com admoestação. Não está errado considerar como sinônimas essas palavras. Todavia, o sentido principal de exortação é encorajamento, e o de admoestação é correção. Os dicionários definem exortar como animar, incentivar, estimular; e admoestar como advertir de falta, repreender com brandura.

A NECESSIDADE DA ADMOESTAÇÃO

 

Havia na igreja de Roma “aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina… e enganam os corações dos incautos” (Romanos 16:17-18). Por isso, em sua epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo expressou este desejo e esperança: “E certo estou, meus irmãos… de que estais possuídos de bondade, cheios de todo conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros” (Romanos 15:14).

Os membros daquela igreja estavam expostos aos desvios doutrinários e de conduta. Necessitavam de admoestação: Primeiramente, no sentido de advertência, de aviso do perigo. Os cristãos de Éfeso também estiveram expostos ao mesmo perigo, razão porque foram admoestados pelo mesmo apóstolo “por três anos, noite e dia, com lágrimas” (Atos 20:31). Mas a admoestação não é apenas advertência de perigo iminente; é também repreensão por falta cometida, visando ao arrependimento e à correção. Os que se desviaram da sã doutrina e procederam mal, na igreja de Roma, tinham que ser admoestados, corrigidos e reconduzidos.

Em todas as igrejas havia e há esta necessidade. Daí a conhecida exortação aos cristãos Hebreus, de toda parte: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25). Na igreja de Tessalônica havia gente insubmissa e desobediente. Paulo lhes escreveu: “Exortamo-vos, irmãos, a que admoesteis os insubmissos (preguiçosos ou ociosos, )… Caso alguém não preste obediência à nossa palavra… adverti-o como irmão” (I Tessalonicenses 5:14; II Tessalonicenses 3:14-15). O ministério de Paulo em Éfeso, que durou três anos, não impediu o surgimento de falsos mestres, discussões e desvios. Quando partiu, ele deixou ali o jovem pastor Timóteo, recomendando-lhe: “Fique longe das discussões … elas sempre acabam em brigas. O servo do Senhor não deve andar brigando… Deve ser um mestre bom e paciente, que corrige com delicadeza aqueles que são contra ele…” (I Timóteo 1:3-6; II Timóteo 2:25-26).

APTIDÃO PARA ADMOESTAR

 “Certo estou… de que estás possuído de bondade, cheios de todo conhecimento; aptos para vos admoestardes…” A admoestação, assim como a instrução, a exortação e a consolação, exige aptidão. De acordo com esta passagem, a aptidão para admoestar consiste de bondade e todas aquelas outras virtudes mencionadas em Gálatas 5:22-23 e de conhecimento da Palavra. Quando deixou Timóteo em Éfeso, com a incumbência de admoestar os faltosos, o apóstolo Paulo disse-lhe mais: “Pregue a mensagem … repreenda… Pois vai chegar o tempo em que … não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento…”  “Prega a palavra…Corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina” (II Timóteo 4:2). Parece escrito exatamente para os nossos dias!



POR QUE HÁ POUCA ADMOESTAÇÃO?

Por que, então, nos escusamos de admoestar uns aos outros, quando incorremos em faltas? Não será por uma ou mais destas razões a seguir? Seria por cultivarmos sentimentos como:  Egoísmo? Não nos importamos com os outros. “Pior pra eles!” Respeito-humano? Será que a Bíblia recomendaria a admoestação se fosse um desrespeito? Culpa? É a “trave” em nosso olho que nos impede de ver claramente para tirar o “argueiro” no olho do irmão? (Mateus 7:4-5) Falta de conhecimento? Não sabemos o que a Bíblia diz a respeito; não temos opinião formada ( II Timóteo 2:15; 3:16-17). Por estas e outras razões, muitos têm se escusado de admoestar os irmãos faltosos, com sérios danos para os mesmos e para a igreja.


Mais grave ainda que esta omissão, é o pecado da maledicência. Ao invés de admoestarem os faltosos com brandura e com bases bíblicas, muitos ficam a comentar as faltas de seus irmãos. Tiago escreveu: “Não faleis mal uns dos outros” (4.11). Cristo indicou o caminho todo que devemos seguir ao lidarmos com os pecados dos irmãos: “Se teu irmão pecar, vai argüi-lo (admoestá-lo) entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas… E se não os atender, dize-o à igreja…” (Mateus 18:15-17.  Gálatas 6:1).

EXORTAI-VOS UNS AOS OUTROS “Pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”. Hebreus 3:12. Objetivo: Aprendermos a necessidade da exortação mútua na vida dos membros da igreja. O termo exortação, no grego “parakaleo”, dá a ideia de chamar, invocar, suplicar (Romanos 12:8), podendo ainda ser traduzida como “admoestar”, confortar, exortar. O Caráter da Exortação - A exortação na igreja tem que ser bíblica, doutrinária e em amor. Ela tem que ensinar princípios bíblicos aos membros de tal maneira que eles venham a aplica-los em suas vidas, desenvolvendo na comunidade cristã um verdadeiro e genuíno amor cristão. (Efésios 4:15).

 O Motivo da Exortação – A carta que Paulo escreveu aos Colossenses contém quatro capítulos que são doutrinários, mas que ao mesmo tempo são exortativos. Paulo exorta os crentes quanto ao perigo da preocupação com a religião e não com Cristo. Como nas igrejas da Galácia, em Colossos o legalismo tomava o lugar de uma simples fé em Cristo (Colossenses 2:16-23). Sendo assim, podemos afirmar que o motivo da exortação é exaltar o senhorio de Cristo sobre todas as coisas. Quando há exortação mútua na igreja:  Cristo é reconhecido como Senhor e Salvador (II Coríntios 5:17). Onde Ele rege, a vida será transformada (Filipenses 3:17-21). Os olhos espirituais não são mais ofuscados (Efésios 1:18). O precioso fruto do Espírito é visto na vida de cada um (Gálatas 5:22, 23).  O Propósito da Exortação – Quem exorta tem que ter como meta maior apresentar todo homem perfeito em Cristo (Colossenses 1:28). O resultado da exortação: A exortação encoraja uma franqueza que retira a máscara e permite que o ego real apareça. (Filipenses 4:2, 3).  A exortação abre o caminho para o crescimento espiritual da igreja. (I Coríntios 1:2 e 10). A exortação promove a santificação, que por sua vez traz submissão à vontade de Deus. (I Tessalonicenses 2:13).

CONFESSAI-VOS UNS AOS OUTROS.

A vida cristã é uma vida de relacionamentos. Por este motivo ela precisa ser vivida em comunhão e interdependência.  Esta é a razão porque o Novo Testamento nos ensina acerca dos mandamentos que chamamos de reciprocidade. Quando obedecemos a esses mandamentos nós criamos uma atmosfera onde o amor genuíno pode florescer. E onde existe este tipo de amor o testemunho da igreja cristã é forte.  Mas, muitas vezes, nós somos desobedientes a estes mandamentos e quando isto acontece, nós precisamos dar atenção especial e outro mandamento:  Na nossa caminhada como cristãos, em diversas ocasiões nós percebemos que: Ofendemos a um irmão ou irmã em Cristo e, com isto, acabamos por criar um distanciamento entre nós e eles. Estamos agindo duma maneira que nosso comportamento se torna prejudicial ao serviço da comunidade e ao testemunho que precisamos manter diante de um mundo que está nos observando.

Todas as vezes que tomamos consciência que nossas atitudes ofenderam a um irmão ou ofenderam a Igreja de Deus então, estamos diante de um dilema:  Ou iremos manter nosso pecado, oferecendo uma série de desculpas esfarrapadas visando justificar e manter a prática do mesmo. E, quando agimos desta maneira, nós destruímos a possibilidade da existência de um relacionamento de amor. Ou nós podemos reconhecer nosso pecado diante de Deus e daqueles a quem ofendemos, nos empenhando para nos reaproximar daqueles dos quais nos distanciamos e para restaurar o testemunho danificado Esta questão é tão séria que o Novo Testamento fala de modo direto acerca da       mesma.

A confissão de pecados é o reconhecimento diante de outro (s) cristão(s) que eu tenho cometido pecado(s).  Neste reconhecimento estão implícitas as seguintes condições: Tristeza pela ofensa cometida. Um propósito sincero de mudar. Um desejo de encontrar a reconciliação. Além disso, esta confissão pressupõe todas as condições acima com relação a Deus. Exemplos de obediência a este mandamento. Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras. Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários. Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente (Atos 19:18 – 20).

Um cristão deve confessar seu (s) pecado(s) quando: Ele tiver ofendido um irmão em Cristo e esta ofensa resultar em quebra da comunhão e distanciamento entre ambos devido a ressentimentos (Mateus 5:23,24) onde a reconciliação com os irmão tem precedência sobre, até mesmo, a adoração. Quando tiver sido admoestado a proceder desta maneira pela liderança da comunidade à qual estiver sujeito (Hebreus 13:17).  Quando tiver cometido qualquer pecado que afete de modo negativo a paz e a unidade da Igreja ou o Testemunho da mesma diante da sociedade. Quando estiver desejando vencer alguma prática pecaminosa, particularmente difícil, e quiser obter ajuda de outro cristão com o qual mantenha um vínculo de amizade mútua. Não estamos falando aqui que existe uma obrigatoriedade de confissão mútua de cada e todos os pecados cometidos. Ninguém deve se sentir constrangido a agir desta maneira. Como todos os outros mandamentos recíprocos a adoção deste é também voluntária e dentro dos limites estabelecidos pelo cuidado que devemos ter de edificar uns aos outros e de não abusar uns dos outros.  Este mandamento possui as seguintes implicações.

A confissão de pecados é uma parte vital do processo de restauração espiritual e do processo de nos fazer mais e mais semelhantes ao Senhor Jesus.  É dever de cada cristão, individualmente, assumir a responsabilidade por tratar dos seus próprios pecados. Este dever inclui: Analisar a própria vida e seus relacionamentos com outros no corpo de Cristo de forma regular. Comparar seu comportamento com aquele ensinado pelas Escrituras Sagradas.  Uma vez que esteja convencido de que errou então, tomar a decisão de confessar o pecado I Coríntios 11:31 – Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. II Coríntios 13:5  Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados.

A confissão de um determinado pecado indica o desejo de esquecer o mesmo imediatamente ao mesmo tempo em que manifesta o desejo de fazer tudo o que estiver ao alcance para restaurar a comunhão perdida. A confissão de pecados, ao contrário do que muitos acreditam, não é uma marca de fraqueza espiritual. Pelo contrário, a confissão de pecados é um sinal de amadurecimento cristão. Aqueles que admitem seus pecados e os confessam demonstram um desejo inequívoco de obedecer ao mandamento divino e de alinhar a própria vida com as premissas da Palavra de Deus. Quem age assim garante a benção de Deus em sua vida.

Aqueles que ouvem a confissão de outro irmão devem orar pelo irmão ofensor e perdoar – Lucas 17:4. A prática da confissão mútua é o único elemento capaz de restaurar relações entre crentes que estejam prejudicadas por comportamento ou atitudes ofensivas. Como crentes devemos nos empenhar em não pecar uns contra os outros, mas quando falhamos, o recurso apropriado é buscar a reconciliação mediante a confissão do nosso pecado. Quando agimos desta maneira restauramos a paz na comunidade e o bom testemunho diante do mundo.  Que Deus nos conceda a humildade necessária para reconhecer nossos pecados e confessá-los o mais depressa possível. "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados" (Tiago 5:16).

"E, quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se não perdoardes, também vosso Pai celeste não vos perdoará as vossas ofensas" (Marcos 11:25-26) A justiça de Jesus não pode se tornar manifesta onde existem conflitos e onde não existe a disposição sincera de um perdoar ao outro. Há, por exemplo, brigas em uma família. Duas irmãs não se entendem. Talvez exista inveja entre elas. Ou é um casamento que não funciona direito, um cônjuge vive afastado do outro ao invés de viverem lado a lado e de viverem um para o outro.
Ou pensemos na situação dentro da igreja: simplesmente não conseguimos nos relacionar com um certo irmão ou com uma certa irmã. Em certos assuntos temos opiniões diferentes. E então foram ditas palavras não muito amáveis. Agora, tudo o que o outro faz é questionado e posto em dúvida. E como é rápido pecar com os lábios falando mal do próximo para que a gente pareça melhor. Mas o pior de tudo é quando não se consegue de jeito nenhum iniciar uma conversa franca e aberta, não consegue se aproximar do outro para confessar o próprio comportamento errado e quando não conseguimos nos humilhar pelos nossos erros. Se a gente fizesse isso, o outro poderia se sentir vitorioso, não é? Ou já temos uma desculpa pronta de antemão: "Com ele não adianta mesmo falar".
E é assim que o pecado continua existindo dentro da igreja. Talvez procuremos ignorar o fato, reprimindo a lembrança do mesmo quando vem à nossa mente ou argumentando que a coisa não é tão grave assim, mas o pecado continua sem ter sido perdoado. Mas onde não aconteceu perdão, o pecado continua a persistir, assim como a Bíblia o diz: "Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende" (João 9:31). Nós todos desejamos que nossas orações sejam atendidas e que sejam eficazes! Por isso, batalhemos com ardor para que isso possa se concretizar. E o que precisamos fazer? Passar por cima dos nossos próprios sentimentos, fazendo um grande esforço e indo falar com quem temos problemas, confessando os pecados uns aos outros. Quem não faz isso, mas continua frio e distanciado em relação ao outro, está no caminho completamente errado.
Amar uns aos outros, sujeitar-se uns aos outros, levar as cargas uns dos outros, admoestar-nos uns aos outros, orar uns pelos outros, importar-se uns com os outros, caminhar juntos uns com os outros, confortar-nos uns aos outros, ser tolerantes uns com os outros, chorar uns pelos outros, solidarizar-se uns com os outros são atitudes que nos edificam diante de Deus que nos deixou tais princípios para serem aplicados e seguidos. Jesus foi o nosso maior exemplo de obediência ao que foi estabelecido pelo Pai. Cabe a nós, membros de um só corpo, nos ajustarmos uns aos outros assim como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Para que nos vá bem na terra e para que possamos desfrutar das bênçãos na terra e no céu uns com os outros, em nome de Jesus.




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