terça-feira, 30 de agosto de 2016

NÃO BASTA PEDIR, TEM QUE ACREDITAR

NÃO BASTA PEDIR, TEM QUE ACREDITAR  (J.F.de ASSIS)



A palavra milagre vem do Latim “miraculum” que quer dizer algo espantoso, extraordinário, algo fora do comum, um acontecimento inexplicável para as leis naturais do homem. Em acepção geralmente empregada, milagre ou miráculo (do latim miraculum, do verbo mirare, "maravilhar-se") é um acontecimento dito extraordinário que, à luz dos sentidos e conhecimentos até então disponíveis, não possuindo explicação científica conhecida, dá-se de forma a sugerir uma violação das leis naturais que regem os fenômenos ordinários, de acordo com a interpretação do ponto de vista humano.

Para grande parte dos teístas, sua realização é atribuída à onipotência divina, sendo considerado como um ato de intervenção direta de Deus (ou deuses) no curso normal dos acontecimentos. Geralmente os milagres têm, segundo esses, propósitos definidos, sendo o mais comum o de beneficiar, por mérito moral e ou de , adeptos de determinada crença em detrimento dos não adeptos, que permanecem sujeitos às leis regulares, ou por puro ceticismo.

Podemos perceber o milagre de Deus desde a criação do mundo e de todas as coisas que nele há, desde o Livro de Gênesis, que fala da criação do mundo quando lemos que no princípio a terra era vazia e sem forma, e o Espírito de Deus pairava sobre o abismo. A vontade de Deus se manifestou pela fala direta e objetiva: “Haja! ” A partir daí tudo o que se sucedeu foi uma sequência de milagres. Tudo o que cerca o homem dentro e fora deste planeta foi resultado do milagre da criação de Deus.

Quando Deus realiza um milagre, este é feito de forma direta, sem interferências, pois a sua vontade é soberana e não há nada, nem ninguém que o possa impedir. Pois diz a palavra de Deus: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou, e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos: operando eu, quem impedirá? (Is 43:13) “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. ” (Is 44:6) “Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz: as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos, dei as minhas ordens. ” (IS 45:12) “Eu sou o Senhor, e não há outro: fora de mim não há Deus; Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro: eu sou o Senhor, e não há outro” (Is 45:5,6)

O Teísmo é uma filosofia praticada por aquele que crê na existência de um ser supremo.  É um conceito filosófico-religioso desenvolvido para se compreender o Criador. Esta filosofia defende que este Ser é a única entidade responsável pela criação do Universo; é onipotente, capaz de realizar tudo sem a ajuda de ninguém; onisciente, ou seja, aquele que tudo conhece; detém infinita liberdade e suprema generosidade. Esta expressão provém do grego Théos, com o significado de ‘deus’. Neste sentido, o Teísmo se contrapõe ao ateísmo, que não acredita na existência de uma divindade suprema. O Teísmo pode ser classificado em Monoteísmo – fé em um único Deus -; Politeísmo – devoção a diversas divindades – e Henoteísmo – quando se adora um Deus Superior, mas não se rejeita a existência de outros deuses.

Milagre significa em Latim: “Supra, praeter vei contra naturam” É algo superior, diferente, contrário a natureza. Milagre é a realização concreta da vida de Deus nos homens e na natureza. É a manifestação do amor do Criador, milagre é Cristo em nós, esperança e fé de uma vida vitoriosa, de um espírito renovado e cheio de paz em um mundo corrompido pelo mal. O mal é o esquecimento do milagre é o avesso da fé, é o abandono de Deus é o desprezo pelo simples. O mal é a ingratidão que endurece o coração.

Entre o mundo grego e o contemporâneo, entre ciência e fé, Deus é sobre todos e porque seu amor dura eternamente, os milagres continuarão existindo entre o visível e o invisível, vida e morte, tudo renasce com a força do milagre.  "E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda terra e todas as árvores em que há fruto e dê semente; isso vos será por mantimento. E a todos os animais da terra, e a todas as aves do céu, e a todos os répteis, e a toda erva verde lhes será para mantimento" Gn 2:29-30 

Sendo assim, o milagre está em toda parte, ele nos rodeia e nos mantêm vivos. Imagine um mundo sem verde, sem campo, matas, selvas e cidades. Tudo é milagre!! O canto do pássaro anunciando o amanhecer, o desabrochar de uma rosa, as sementes que caem no solo e germinam... de milagre é feita a vida! A vida é a manifestação do próprio Deus, pois que mais podemos comparar para confirmarmos a grandeza e a majestade de Deus que nos criou a sua imagem e semelhança? Somos a prova viva de que milagres existem, Deus nos criou e a tudo o que existe à nossa volta para que testemunhássemos isto. Não fomos criados aleatoriamente e postos na terra, somente por um capricho divino. Fomos criados para não sermos somente testemunhas desse milagre, mas para que o desfrutássemos de forma plena. Pois o Senhor nos deu e nos dá vida e vida em abundância, para que todos os dias ao despertarmos pela manhã, saibamos que o seu milagre ainda permanece vivo.

Se tem algo que satisfaz plenamente a condição de insuficiência humana é olhar para Deus e confiar Nele. Através do sacrifício de Jesus na cruz e da Sua ressurreição, Deus nos convida a vivermos o mais feliz dos milagres que é a vida eterna com o Pai. Esse Pai que se move em milagres para tornar possível a felicidade humana.

Quando Jesus foi procurado pela irmã de Lázaro, informando-lhe que o seu amigo, estava doente e que precisava da sua presença naquele momento de dor e de enfermidade, Jesus sabia do que ela precisava e desejava naquele momento difícil. Mas ele também sabia que ainda não era chegada a hora do filho de Deus manifestar o seu poder e glória, apesar de Lázaro ser seu amigo. O objetivo da vinda de Cristo à cidade de Betânia completou-se: muitos dos judeus que viram o que Jesus fizera, creram nele! A obra ‘maior’ realizada por Cristo não foi a ressurreição de Lázaro, foi fazer com que os judeus cressem n’Ele ( Jo 6:29 ). Naquele momento houve alegria nos céus em função dos pecadores arrependidos ( Lc 15:10 ).

“E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” ( Jo 11:4 ) A passagem bíblica que narra a ressurreição de Lázaro tem muito a ensinar acerca da Fé cristã. O evangelista João destacou o motivo de ter narrado os milagres operados por Cristo: "Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" ( Jo 20:31 ). Sem perder de vista o objetivo do discípulo Amado, analisemos a narrativa da ressurreição de Lázaro, irmão de Marta e Maria.

Lázaro, irmão de Marta e Maria, ficou enfermo. Marta e Maria (a que enxugou os pés de Cristo após ungi-Lo com um unguento caríssimo) enviaram mensageiros a Cristo para avisá-Lo da condição de Lázaro, dizendo: “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas” ( Jo 11:3 ). O evangelista destaca que Jesus amava os três irmãos e, ao ouvir acerca da enfermidade de Lázaro, disse: “Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” ( Jo 11:4 ). Mas, a despeito da enfermidade de Lázaro, Jesus permaneceu com os discípulos onde estava por dois dias.

No terceiro dia Jesus disse aos discípulos que retornariam para a Judeia ( Jo 11:7 ), ao que os discípulos objetaram:“Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá?” ( Jo 11:8 ). Jesus respondeu enigmaticamente: “Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz” ( Jo 11:9 -10 compare Jo 9:4 ). Ora, Jesus identificou-se como sendo a Luz que veio ao mundo "Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo" ( Jo 9:5 ); "Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas" ( Jo 12:46 ).

Em seguida Jesus disse aos discípulos que Lázaro dormia e que iria despertá-lo do sono, e os seus discípulos entenderam que Lázaro estivesse bem, ou seja, que somente estava repousando ( Jo 11:13 ). Foi quando Jesus disse claramente: “Lázaro está morto; E folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele” ( Jo 11:14 -15). Tomé, que nada compreendeu, arrematou: “Vamos nós também, para morrermos com ele” ( Jo 11:16 ).

A cidade de Betânia fica a uma distância de três quilômetros de Jerusalém onde Jesus estava ( Jo 10:22 ), e ao chegar na cidade de Betânia, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido sepultado ( Jo 11:17). A morte de Lázaro fez com que muitos Judeus fossem à Betânia prestar as suas condolências à Marta e Maria ( Jo 11:19 ). Quando Marta ouviu que Jesus se aproximava, saiu-lhe ao encontro fora da aldeia, enquanto Maria, a que escolheu ficar aos pés de Jesus ouvindo os seus ensinamentos, ficou assentada em casa ( Lc 10:42 ). Ao encontrar Jesus, Marta disse: - “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido!”. Embora o irmão de Marta estivesse morto, diante de Cristo a certeza de Marta era esta: Lázaro não teria morrido se o Senhor Jesus estivesse com eles. Ela não questionou o fato de Jesus não ter se adiantado para atender o seu irmão quando ainda vivo. Ela não questionou a bondade de Deus. Não atribui sua perda a Deus, antes demonstrou uma confiança inabalável, apesar da contingência: - “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido!” ( Jo 11:21 ).

Após expressar a sua confiança, Marta diz: - “Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá” ( Jo 11:22 ). Mesmo atingida pelas vicissitudes da vida, Marta continuou crendo que, tudo quanto Cristo pedisse a Deus, Deus havia de atendê-Lo. Mesmo estando enlutada, com os sentimentos fragilizados, não questionou o Mestre como os Judeus que ali estavam fizeram: “Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?” ( Jo 11:37 ).

Embora Lázaro estivesse no sepulcro, Marta continuou certa de que Cristo continuava o mesmo (Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido) e, que Deus era com Ele (Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá). Diante das declarações de Marta, Jesus disse: “Teu irmão há de ressuscitar” ( Jo 11:23 ). Novamente Marta nos surpreende, pois faz uma nova confissão: “Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia” ( Jo 11:24 ). Embora tivesse perdido um irmão recentemente e, apesar da amizade Jesus não ter se adiantado para atendê-los, Marta continuava firme na doutrina que aprendera: - Eu sei! Meu irmão há de ressuscitar na ressurreição do último dia!

Através da asserção: “Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia” ( Jo 11:24 ), verifica-se que Marta era uma pessoa resignada, conhecia o ciclo natural da natureza, mas que o seu irmão havia de ressuscitar no dia determinado. Apesar de a adversidade ter se instalado no lar de Marta, ela estava cônscia de que tudo tem o seu tempo próprio “TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou” ( El 3:1 -2).

Foi quando Jesus fez uma declaração acerca de Si mesmo: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu nisto? ” ( Jo 11:25 -26). Para que se veja o milagre de Deus acontecer é preciso fé. A fé é a mola propulsora do milagre, pois é preciso crer que ele pode acontecer. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem. “ (Hb 11:1). Quando Jesus disse: “Tirai a pedra! “ Lázaro, vem para fora! ” “Desligai-o e deixai-o ir” o milagre aconteceu. Lázaro estava de volta ao mundo dos vivos, livre das trevas da morte.

É preciso crer que Deus tem um milagre para realizar em nossa vida. Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, diz a palavra de Deus. Servimos a um Deus vivo e não morto, portanto, tudo aquilo que pedimos com fé que receberemos, Ele é file e justo para nos conceder. Mas o milagre não tem apenas a função de realizar uma proeza, um feito extraordinário, conceder uma graça a quem o clama. O milagre de Deus tem a finalidade de fazer com que os corações endurecidos e incrédulos despertem para o poder restaurador de Deus na vida do homem, principalmente daquele que crê. Pois é pela fé que somos atendidos por Deus em nosso clamor do dia-a-dia, nas tribulações e provações.

Há pelo menos mais e 150 citações na Bíblia sobre a fé, esta mesma fé que moveu Josué a conquistar a cidade de Jericó. A mesma fé que fez motivou Josué a clamar ao Senhor para que parasse o sol por mais um dia para que obtivesse vitória. A mesma fé que levou a mulher que sofria de uma hemorragia por toda a sua vida a tocar em Jesus para que fosse curada definitivamente. Ela acreditava que se ao menos tocasse as vestes de Jesus, se ao menos sentisse as vestes do filho de Deus, não precisava que Jesus a ouvisse ou falasse com ela, não precisava que ele olhasse para ela, apenas que ela tocasse em Jesus, a sua cura chegaria para ela e a libertaria da sua impureza, da sua condição de impura e de doente.

 Aquela mulher que estava estigmatizada, que não poderia sequer cogitar estar perto de um homem, falar com ele, abraça-lo. Quanto mais aproximar-se de Jesus! Mas ela resignou-se a tocar as vestes do salvador do mundo e foi em busca de sua cura, através da fé incondicional. E Jesus sentiu o seu toque em meio às investidas da multidão que se compactava para ver o Messias. A fé daquela mulher a curou e a fez experimentar o poder de um milagre. A mesma fé que levou o cego de Jericó clamar o nome de Jesus, filho de Davi a restabelecer-lhe a visão, apesar dos protestos da multidão que se incomodava com o seu clamor às escuras.

Muitas vezes o milagre não acontece na vida de uma pessoa, porque ela se deixa impedir pela multidão de dúvidas, de medo, de incredulidade, de murmurações. O milagre na vida de uma pessoa só poderá ser efetivado, se houver fé e principalmente, se houver resignação e um coração quebrantado. Deus quer agir hoje, como agiu no passado, mas Ele precisa que o seu povo se aproxime verdadeiramente dele com fé e obediência. “E se o meu povo que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. ” (II Cr 7:14)

Deus que que o homem se ajoelhe e dispa-se de sua arrogância, de seu orgulho, de seu ceticismo, de sua religiosidade falsa, da sua humanidade e se entregue resignadamente aos seus pés, suplicando-lhe para que se realize um milagre. Como fizeram aqueles homens que desceram o doente pelo telhado de uma casa onde estava Jesus. Como o centurião que creu que Jesus poderia curar o seu criado paralítico, sem que Jesus precisasse ir até à sua casa, apenas com a palavra proferida. Jesus maravilhou-se com tamanha fé e acrescentou que nem mesmo em Israel encontrara alguém com tamanha fé no poder de Jesus. Naquele mesmo dia o servo foi curado. Deus nos faz lembrar que para que o milagre aconteça NÃO BASTA PEDIR, TEM QUE ACREDITAR.



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